DARK PARADISE; Kozume kenma

00.1

 Ser uma artista nesse mundo não é tão fácil, principalmente quando se sai de casa com 17 anos porque seus pais não aceitam seu sonho. [nome] sempre foi uma ótima filha, fazia de tudo pros  seus pais se orgulharem de dela, estudava, tirava notas boas, não se metia em encrencas, era educada, tentava fazer tudo corretamente para evitar brigas com os pais. Mas nada parecia adiantar, não que os pais não sentiam orgulho dela, pelo contrário, eles viviam se gabando da filha prodígio deles, mas parecia que quanto mais ela se esforçava pra agradar eles, mais eles sobrecarregavam ela para ser perfeita, o que era pra ser apenas vontade de deixar os pais orgulhosos virou uma obsessão, de ambos os lados, era como se [nome] fosse uma bonequinha e os pais brincavam com ela fazendo suas próprias vontades, até se esqueceu como era fazer uma coisa pra ela própria e não para os pais. Até conhecer a música e se aprofundar mais no assunto, decidiu que seria aquilo que queria fazer, cantar, apenas cantar, pra ela, não para os pais. Era ariscado, poderia não dar em nada, ela não ser reconhecida e voltar a ser submissa dos pais, mas ela iria tentar.

E é claro que ela sabia que os pais não iam aceitar tão facilmente, mas não imaginou que teria que sair de casa porque não aguentava mais as provocações dos mesmos dizendo que ela não ia conseguir, que era perda de tempo, que não ia dar em nada e ela só iria cair em esquecimento. 

Claro que ela não deu ouvidos, estava pela primeira vez fazendo uma coisa que ela queria, e não seria eles, as pessoas que a controlaram a vida inteira, que a faria desistir. 

E seis anos depois lembrando desse seu passado ela cantava em um bar movimentado, sorrindo com a atenção que ganhava. Suna, seu melhor amigo, tocava o violão enquanto [nome] se concentrava em não errar nenhuma letra, era fácil, cantar era como respirar para ela, nunca se cansava, sempre que cantava um misto de emoções boas se acumulava em si, a entorpecendo e fazendo ela se esquecer dos problemas sem nem mesmo usar nenhuma droga. Amava aquilo, as borboletas no estomago sempre que olhava para a plateia e eles estavam a admirando, reconhecendo seu trabalho. 

Quando a música acabou sorriu de orelha a orelha, fazendo uma leve reverencia em agradecimento e saindo do palco com seus equipamentos, você e Suna haviam se conhecido a três anos, quando passava na rua voltando para casa e o encontrou tocando violão para as pessoas da rua, a conexão foi quase imediata, não se separaram mais e começaram a até fazer apresentações juntos, era uma amizade rara. 

-Mais um dia de trabalho concluído.- disse Suna se espreguiçando quando saíam do palco e você guardava os esquipamentos.

Quase todo dia faziam shows ao vivo em bares diferentes, era meio cansativo mas ganhavam uma boa quantia e estavam fazendo aquilo que gostavam, então tudo bem.

-To morrendo de fome, quer pagar um sanduíche pra mim não?- perguntei enquanto colocava a mochila com o computador e microfone nas costas. 

-Saí fora, eu paguei ontem, hoje é a sua vez.- respondeu suna revirando os olhos, colocando o violão na capa e depois nas costas. Não teve nem tempo de responder quando um homem alto com cabelos descoloridos e um cigarro na boca se aproximou. 

-Olá, me chamo Ukai, vocês devem ser Suna e [nome] né?- perguntou o homem, concordei sorrindo enquanto suna já acendia um baseado. -Vocês são uma ótima dupla, a música de vocês combina com o estilo do meu bar, o que acham de tocar lá amanhã? 

Não era a primeira vez que uma pessoa desconhecida chegava em vocês com a mesma proposta, isso era mais que normal, anormal seria as pessoas não perguntarem. 

-Amanhã não vou poder, mas acho que [nome] pode ir sem mim.- suna disse calmo enquanto me olhava esperando uma resposta, ele iria visitar os pais amanhã. Não sei se queria ir, a semana havia sido cheia, tocamos em uns cinco lugares, precisava descansar.