A noite estava deslumbrante, estrelas brilhavam no céu enquanto eu corria pela estação abandonada e mal iluminada.
havia demorado 20 minutos da festa até a estação em que Suna estava, estava preocupada, ele sempre brigava com o pai, mas nunca havia me ligado tão desamparado.
Corri uns metros tentando o encontrar, até o avistar deitado no chão, quase dormindo, andei apressadamente até ele o tocando.
-Ei, meu amor, o que houve?- Perguntei tocando seu rosto, seus olhos encontraram os meus e só o que pude ver foi tristeza. Suna se levantou desengonçadamente e suspirou, sua bochecha estava roxa, como se tivesse levado um soco.
-Você está bem? Como foi o show?- Ele perguntou desviando o olhar para baixo, sua voz mais baixa do que nunca. Senti um cheiro de bebida vindo dele.
-Não mude de assunto Suna, quero te ajudar, você bebeu?- O examinei por completo, Suna não era de beber quando ia visitar sua mãe, gostava de estar o mais sóbrio possível por ela.
Suna abriu um pouco os lábios para responder, mas não conseguiu, seus olhos se encheram de lágrimas e ele me olhou negando com a cabeça. O abracei no mesmo instante e ele desabou, soluçando no meu ombro e me apertando forte. Tive que me segurar para não desabar com ele, odiava com todas as minhas forças o ver assim, a pessoa que me faz tão bem e que eu posso contar para tudo, estava rachada, isso me quebrou um pouco.
Ficamos abraçados por longos minutos, não sei ao certo quanto tempo passou, deixei Suna chorar o tanto que precisava até se sentir um pouco melhor. Percebi que o mesmo havia se acalmado, podia jurar que havia dormido se não o sentisse fungar no meu pescoço.
Toquei seus ombros e o afastei para olhar em seus olhos, que estavam vermelhos e inchados, nunca tinha visto Suna tão abalado dessa forma, a coisa realmente havia sido séria dessa vez.
-Vamos pra casa hm? Lá conversamos.- Dei a ele um sorriso acolhedor e estendi a mão, ele enxugou o rosto e segurou minha mão firmemente.
Caminhamos em silêncio sem soltarmos as mãos até o final da estação, Chamei novamente um Uber e fomos para minha casa. O caminho todo em silêncio, Suna olhava pela janela perdido em pensamentos, não soltei sua mão segundo sequer.
Chegando, paguei o Uber e o arrastei para dentro de casa, Suna parecia desolado, e cheirava a bebida, mas não parecia bêbado, mesmo assim o puxei para o banheiro e deixei a pequena banheira enchendo com água fria. Suna sentado na tampa da privada observava meus movimentos meio entorpecido. Me aproximei do mesmo tirando sua jaqueta, ele apenas aceitou quieto, depois, tirei seus coturnos que já foram meus.
-Ele bateu nela.- Suna soltou palavras depois de muito tempo. O encarei perplexa, sabendo muito bem o que ele quis dizer. -Ela tentou me defender e ele bateu nela.
Seus olhos voltaram a lacrimejar, me ajoelhei aos seus pés tocando seus joelhos, o encarando para que ele desabafasse.
-Estava indo tudo bem até eu comentar que minha carreira com a música estava indo bem.- Continuou dizendo, seus olhos baixos, mexendo em seus próprios dedos, apenas o barulho da água no cômodo. -Minha mãe me parabenizou, me abraçou dizendo que estava orgulhosa, meu pai pareceu ficar com mais raiva, acho que ele não queria que eu tivesse conseguido seguir feliz sem ele, e ficou ainda mais aborrecido por minha mãe também estar feliz por mim.- Sua voz era baixa, e o choro ameaçava se fazer presente novamente, esfreguei seus joelhos tentando o confortar. -Eles começaram a discutir, entrei no meio e a discussão ficou séria de mais, minha mãe ameaçou largar meu pai e ele explodiu, deu um tapa em seu rosto e lhe empurrou numa estante que havia taças de vidro, que obviamente se quebrou sobre ela. Nunca me imaginei batendo no meu pai, mas naquele momento fiquei tão possesso que nem pensei, bati nele o máximo que pude, tanto que a bebida dele se quebrou em mim, mas o desgraçado é o dobro do meu tamanho. -Riu sem emoção alguma, lágrimas escorriam por seu rosto mas seu olhar só refletia raiva, lentamente ele retirou sua camiseta, me mostrando todos os hematomas que havia em sua barriga. Meus olhos lacrimejaram, olhei para Suna e toquei seu rosto. -Ele me expulsou definitivamente de casa, fui à delegacia e contei o que ocorreu com minha mãe, mas fui embora antes de ver se eles realmente tinham ido até ela.
Lágrimas encharcaram o rosto de Suna, me levantei, pegando em sua mão e o arrastando para a banheira, o fiz entrar na água gelada e o acompanhei, o deixando entre minhas pernas, e o abracei enquanto chorava, a água da banheira se misturando com suas lágrimas.
-Eu não devia tê-la deixado lá.- Chorou, culpa tomando conta de si. -Não devia sequer ter ido até lá.
-Respire, meu bem, sua mãe vai ficar bem, ela é tão forte quanto você. Fez bem indo até a delegacia, eles vão dar um jeito. -Sussurrei em seu ouvido, passando a mão em seus cabelos. Ele negou com a cabeça.
-Duvido, aqueles merdas nunca fazem nada que preste, além de abusar da própria autoridade.- Suspirei, ele estava certo, também não gostava de polícia, mas não sabia o que dizer em uma situação dessas. Sabia que sua mãe iria ficar bem, ela era forte o suficiente para não ser submissa a um homem escroto, mas eu não sabia como o convencer disso.
-Fique calmo, sabe que sua mãe é resistente, conhece ela melhor que ninguém, e ela tem vários amigos pela vizinhança, se ela não estiver bem eles vão saber, se quiser, podemos voltar lá amanhã e conferir.-Disse calma, tentando passar a mesma calma para Suna. Me sentia triste por ele, Suna gostava muito de sua mãe, e tenho certeza que ela também ama muito seu filho.
Suna pareceu se convencer do que eu falei e tentou relaxar. Ficamos um bom tempo na água gelada, tanto que eu estava começando a tremer, Suna pareceu ter percebido pois se levantou da banheira e estendeu sua mão para mim, aceitei com um pequeno sorriso e fomos nos secar, Suna pegou uma das muitas roupas que havia esquecido aqui, e eu peguei outra. Nos deitamos na cama e Suna se virou de costas pra mim, ainda deprimido. O cobri com meu edredom preferido e o abracei entrelaçando minhas pernas sobre ele, dando um beijo em sua cabeça, tentando o confortar. Cantava baixinho para tentar amenizar o clima triste, mas o sono me pegou e eu percebi o quanto estava cansada, deixei o sono me levar e antes de apagar em completa escuridão, escutei:
-Obrigado por ser meu ponto de luz [nome], não sabe o quanto é importante para mim
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Eai galera, estão bem? gostaram do capítulo? Desculpa a demora viu, Sei que ficou meio pequeno mas foi oq consegui pra hj, qualquer opinião construtiva é bem vinda, bjss ;)
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DARK PARADISE; Kozume kenma
Romance[nome], uma simples artista vinda do Brooklyn em busca de reconhecimento e completamente apaixonada por música, é convidada para cantar em um dos bares mais famosos da cidade, onde se esbarra com certo guitarrista de olhos amarelos que irá transform...