Família e intriga

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Quando Caitlyn percebeu que ela parará de correr, parou também e virou, olhando para ela. A esta altura Violet já conseguira controlar seus impulsos libidinosos.

― Câimbra na perna ― explicou rapidamente, alcançando-a. Por algum tempo, correram lado a lado em silêncio. Então ela disse:

― Caitlyn, queria lhe pedir desculpas pelo meu tio. Depois que descarrega a raiva, ele esquece. Espero que você possa esquecer também.

― Já esqueci ― disse Caitlyn. ― Você parece se dar bem com seu tio ― acrescentou hesitante. Não queria parecer intrometida.

― Sempre me dei bem com o tio Silco, embora ele de vez em quando exploda comigo ― disse Violet encolhendo os ombros. ― Ele pode ser exigente e controlador, mas eu entendo seus motivos ― acrescentou com um sorriso sem graça. ― Acho que são os mesmos que os meus.

Aquele lampejo de autoconsciência surpreendeu Caitlyn. Ela tentou segurar o sorriso, mas não conseguiu. Violet percebeu.

― Então você concorda que Silco e eu somos feitos do mesmo material, ahn?

― Digamos que não seria totalmente inimaginável ouvir você usando o termo "bajuladora idiota" ― arriscou ela.

― Eu nunca usaria o termo para descrever você.

― Mas talvez servisse para uma das assistentes de Silco? ― sugeriu Caitlyn, lançando-lhe um olhar oblíquo.

― Sabe de uma coisa? Talvez servisse.

Ambas riram. Ela tinha uma risada gostosa, observou Violet. Não aquelas gargalhadas falsas e escandalosas. Sempre gostara da risada dela, embora não costumassem rir muito no escritório.

― Ô-ou! ― exclamou Caitlyn.

Ela e Violet viram o grupo de jovens que se aproximava. As garotas aparentavam ter entre dezoito e vinte e poucos anos e estavam bêbadas. Cantavam e riam alto, correndo pela calçada, quando de repente... avistaram Violet. Ela ficou tensa quando ouviu uma delas gritar:

― Ai, meu Deus, é ela! Uma das dez solteiras mais cobiçadas, a que mora bem aqui em Minneapolis!

As amigas começaram a gritar também. A cena lembrava as da chegada dos Beatles em Nova York, em 1964. Ela olhou rapidamente para Violet, que fitava suas fãs, aterrorizada.

Os instintos protetores de Caitlyn foram instantaneamente despertados. Talvez alguns instintos de autopreservação também. Não queria ficar presa no meio de uma multidão histérica.

Ela lera que pessoas altamente eficazes deviam ser proativas em vez de esperar para reagir. Bem, aqui estava uma chance de provar a sua eficiência. Caitlyn dirigiu-se às garotas:

― Você acha mesmo que ela parece com aquela moça da revista? ― perguntou à primeira garota a identificar Violet. Antes que ela pudesse responder, Caitlyn virou-se rapidamente para Violet e gritou: ― Jenny, elas acham que você parece com a Violet Miller. Você acredita?!

Violet fitou-a confusa.

― Esta é minha irmã Jenny ― continuou Caitlyn. ― Ela trabalha no setor de correspondência da Miller Corporation.

― Setor de correspondência? ― repetiu uma das garotas num claro tom de decepção.

― Ela não é a Violet Miller?

Caitlyn riu.

― Ela entrega a correspondência da Violet Miller. Serve?

― Acho que ela não parece nada com a Violet Miller ― declarou outra garota.

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