Calor

3K 491 42
                                    

Jimin não estava no seu melhor humor. Ele sequer conseguia prestar a devida atenção na própria taça de vinho, sentado no sofá de sua casa. Passava um filme na televisão, mas ele nem mesmo conseguia dizer o assunto do mesmo uma vez que seus pensamentos estavam totalmente voltados a um certo ômega.

Um lindo ômega moreno que, infelizmente, era filho do seu chefe. Ah, iria enlouquecer rapidamente, disso tinha certeza.

Não é como se tivesse sido esperto ao tentar explicar ao Jeon as razões pelas quais não poderiam ficar juntos nem se quisessem. Talvez o mais sábio fosse garantir que não sentia um pingo sequer de desejo por ele, de alguma forma machucar seu ego ou seu coração, pois assim ele talvez desistisse. No entanto, óbvio que não optou pelo mais fácil.

"Eu sei que também quer. Não vou desistir de você, hyung." Jimin quase tinha passado dessa para melhor ao ouvir tais palavras sendo proferidas mais cedo por Jungkook. Ele não tinha noção do perigo. Não tinha noção de que seus desejos e seu jeito mimado de ser poderiam acarretar na demissão de Jimin ou algo ainda mais grave. Não era só por trabalhar para o pai dele, mas sim por saber que para o Jeon mais velho Jungkook era uma jóia preciosa e única.

— Eu estou ferrado. — Murmurou consigo mesmo, em seu apartamento solitário sem uma alma sequer além da própria para lhe julgar.

Jungkook gostava de se envolver com alfas, ele gostava de se divertir. Jimin jamais viu problema nisso ou o julgou, principalmente quando o Jeon lhe dizia que as pessoas na faculdade o olhavam estranho e até com nojo por conta disso. Mas, primeiro de tudo era o fato de que Jungkook não ia para cama com sequer dois por cento dos alfas que beijava. Porque a diversão dele era beijar, até tocar, mas ir até o final ele tinha a política de que somente namorando. Isso porque era o que ele queria, afinal podia fazer tudo o que bem entendesse. E o segundo ponto é que o corpo é de Jungkook e ele é livre para fazer tudo o que quiser e se sentir confortável.

Mas Jungkook só namorou sério quatro vezes e Jimin se lembra bem de seus relacionamentos terem se findado porque os alfas gostavam de lhe usar, justamente pelos comentários que ouviam de terceiros sobre as regras de Jungkook: beijar todo mundo que quiser, transar somente com quem namora. E foi por isso que o Jeon chorou tantas vezes na sala de Jimin.

Então era até um pouco estranho o ômega propor que queria Jimin, pois o alfa se questionava de que forma e até que ponto, mas não tinha coragem o suficiente de indagar ao mais novo. Se fosse só um beijo... era totalmente diferente, ele podia se dar ao luxo de fazer algo teoricamente errado ao menos uma vez na vida, não podia?

Ele acreditava que sim.

Nem mesmo percebeu quando terminou sua taça de vinho, somente notando quando tentou tomar mais um gole e nenhuma gota restava. É, pensar em Jungkook poderia ser considerado sua ruína, de qualquer forma.

Na manhã seguinte, acordou com uma tremenda dor de cabeça. O alfa nem mesmo poderia colocar a culpa no álcool visto que havia bebido somente uma taça. Também não era por conta do seu cio uma vez que o mesmo só ocorreria dali cinco meses — pois havia sido no mês anterior e só acontecia duas vezes ao ano,por sorte do alfa.

Diferente dos ômegas, aliás, que tinham cios maiores e aconteciam a cada três ou quatro meses.

Apesar de parecer incrível passar três dias apenas tocando outro corpo em busca de prazer, Jimin detestava. Porque, não, não era bom como parecia. Como não havia marcado ninguém ainda, a chance de machucar o ômega que estivesse junto a si era enorme e ele odiava essa sensação. Por isso, geralmente se enchia de medicamentos na tentativa de estar dopado o bastante para não sentir o desejo insuportável.

— Bom dia, Sr. Park! — A secretária o cumprimentou como sempre, quase babando no alfa como todos os dias. — Sr. Jeon está na sua sala.

— Pai ou filho? — Questionou já preocupado.

— Filho.

Me ferrei, pensou o mais velho, agradecendo a mulher e adentrando sua sala após respirar fundo algumas vezes seguidas.

Assim que adentrou o cômodo sentiu o cheiro entorpecente de jasmim invadir suas narinas e atiçar todos os seus instintos. Que Jungkook era lindo, cheiroso e atraente Jimin jamais negou. Mas quando o olhava e sabia que aquele ali era o filho do seu chefe, simplesmente se tornava errado. Muito errado, aliás.

— Bom dia, Jiminnie. — Aquilo era baixaria, jogar com um ponto fraco seu daquela forma era injusto demais. Jungkook sabia que aquele apelido era como um carinho para Jimin. — Você dormiu bem?

— O que está fazendo aqui? — Indagou enquanto a sanidade ainda estava presente em sua mente. — Pensei ter sido claro ontem.

— A única coisa clara é o quanto você me deseja, hyung. — O alfa quase sufocou com a própria gravata que pareceu ainda mais apertada ao redor de seu pescoço. — Mas você me vê como um bebê. Só que... nenhum bebê é capaz de fazer o que eu faço, sabia?

Jimin respirou fundo e sentou-se sobre sua cadeira, já que Jungkook estava sentado do outro lado da mesa, de frente para si. Não é como se visse o ômega como um bebê, longe disso. Mas sua parte consciente o fazia entender que era simplesmente errado e não podia rolar daquela forma. Nem de forma alguma, na verdade.

— O problema não é como eu o vejo. — Resolveu explicar. — Em algum momento você largou seu egoísmo para entender o meu lado? Você é filho do meu chefe! Uma demissão é o mais leve que vou receber e, sinceramente, não estou disposto a entender o que pode vir após isso. Sei que seu pai não é dos mais presentes, mas eu já ouvi inúmeras ameaças do que ele faria com qualquer alfa que se aproximasse do filho.

— Ele não fez nada nem com os quatro babacas que eu namorei, por que faria com o funcionário de ouro dele? — Jungkook acaba rindo. — Meu pai só fala, mas não é capaz de fazer. Ele respeita os meus desejos.

— A resposta permanece sendo não.

Jimin estava irredutível e isso era fato, mas ele sentiu seu corpo inteiro tremer quando Jungkook levantou e se aproximou mais de si, arrastando a cadeira para o seu lado e sentando-se ali, bem pertinho.

— Eu tenho uma reunião agora, se puder me dar licença. — Ele não queria afastar Jungkook, não de verdade.

Sabia que se verdadeiramente quisesse, o faria. Mas aquele moreno ultrapassava todas as suas barreiras sem sequer notar. Ele era uma verdadeira peste.

— Sei disso, Jiminnie. — Praticamente sussurrou, desmoronando ainda mais com o que o Park tentava colocar de armadura ao seu redor. — Meu pai pediu que eu ficasse aqui.

Jimin não sabia se era verdade ou não e sequer sabia se queria de fato descobrir. A única coisa que tinha total certeza, era do calor que dominava seu corpo inteiro.

Donghyun não demorou a adentrar sua sala e depositar um beijo na testa do filho, em seguida sentando-se do outro lado da mesa, de frente para Jimin. Ambos abriram seus computadores e separaram a papelada sobre a qual discutiriam. Era o fechamento do mês, um assunto que significava o mais puro e chato tédio para Jungkook.

O moreno achou divertido, então, colocar a mão na perna de Jimin. Óbvio que não queria um escândalo nem nada, por isso retiraria a palma dali caso o Park pedisse ou o olhasse torto ou qualquer coisa do tipo. Mas, surpreendeu-se ao ver que Jimin sequer se moveu.

E ele não estava em pânico nem nada, ele tinha na verdade sentido algo muito gostoso de ter aquela mão sobre sua perna, apesar de os dígitos de Jungkook estarem um pouco gelados.

Era fato que o moreno estava sempre com frio.

— Sr. Jeon, só um minuto. — Pediu Jimin antes de começar a falar a sua pauta da reunião, pegando o controle do ar-condicionado e diminuindo a intensidade do frio. — Agora sim, continuando.

E Jungkook sentiu-se muito bem cuidado por Jimin, ainda mais quando uma das mãos dele vieram parar sobre a sua própria, acariciando-a de forma que facilmente poderia aquecê-la.

Mas o que mais sentia calor, nesse momento, era o coração de Jungkook.

~#~

Gente, eu apaguei a história sem querer, sou uma otária kkkkkkkkkkkkkkkk rindo de desespero. Enfim, vou repostar os capítulos aqui, perdoem a tia ♥

Look At Me And Say Yes | jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora