Eu te vejo

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Após dois anos de terapia aqui estou eu fazendo um diário seguindo a recomendação da minha psicológa como se eu tivesse algo de especial para por nestas páginas, mas como eu sempre sigo os exercícios da terapia...

Me chamo Lilian e tenho 21 anos embora tenha crescido até os 15 em uma favela no Rio de janeiro hoje moro em um condomínio onde vivem os velhos ricaços e seus herdeiros.

Depois que meu pai faleceu em um acidente de trabalho minha mãe decidiu que teria um objetivo bem claro: arranjar um velho rico que pudesse nos tirar da vida miserável na favela e assim foi feito.
Enquanto ela viajava para as mais belas cidades turísticas ao redor do mundo com meu padrasto Tom.
Eu vivia numa mansão com diversos empregados que ficavam encarregados de me levar para a escola e garantir que eu não ficasse insatisfeita ao ponto de chamar minha mãe.

Embora tenha sido difícil crescer sozinha durante a adolecência só o fato de não sentir fome e frio como na infância já era mais que o suficiente para mim.

Coloco a caneta na mesa quando ouço uma voz familiar no andar de baixo desço as longas escadas brancas que ligam meu quarto a sala e logo vejo uma morena mais bronzeada que o normal com diversas malas ao seu redor.

Mãe! - digo andando com pressa.

Olá querida - ela me comprimenta deixando de lado a sua coversa anterior com a empregada que recolhia suas malas.

Senti tanto sua falta! Podia ter ligado avisando que estava voltando - falo soltando seu corpo ainda com cheiro de praia.

Eu também senti saudades meu amor, mas se você me der licença eu preciso descansar um pouco - ela curva as costas como se sentisse um desconforto na região devido a viagem - podemos jantar juntas, esteja pronta as 7:30 - ela concluí indo em direção as escadas rumo ao seu quarto.

Fico na sala olhando Tom entrar furioso e passar por mim gritando algo no telefone sem nem perceber minha presença. Subo de volta para meu quarto em busca do meu celular e ligo para Felipe.

Chamada/on

Oi amor! - ele diz ao atender.

Oi amorzinho, te liguei para avisar que minha mãe chegou de viagem e vamos jantar juntas - digo receosa.

Mas hoje iríamos ver a exposição de arte do Léo!- ele retruca decepcionado.

Eu sei, eu sei mas ela nunca está aqui você sabe não posso perder as poucas oportunidades de estar com ela amor.

Tá bem eu entendo - ele suspira - espero que o Léo entenda também preciso desligar beijo.

Chamada-off

Me jogo na cama me sentindo mal por ter cancelado nosso encontro, mas ele vai superar temos a vida toda para sairmos juntos. Pego meu celular novamente e me distraio enquanto rolo o feed do instagram vendo pessoas mostrarem suas vidas perfeitas. Abro novamente o e-mail da proposta de emprego como jornalista na Colombia. Depois da faculdade fiz alguns trabalhos em colunas de revistas nacionais e em algumas emissoras locais do Rio, mas nunca cheguei a imaginar que receberia uma proposta como está só de me imaginar morando fora e fazendo o trabalho que amo minhas pernas ficam bambas após um tempo pensando sobre o assunto acabo pegando no sono.
Acordo no susto com batidas fortes na porta e escuto minha mãe dizendo algo sobre nosso jantar olho o celular e percebo que ja são 7:00 saio correndo em direção ao banheiro para tomar um banho rápido, após sair escolho um vestido justo preto acima do joelho com amarração nas costas e um coturno preto amarro meu cabelo em um rabo de cavalo e vou para a maquiagem que costumo usar sempre aplico hidratante em todo o rosto em seguida a base e
corretivo espalho o produto com um pincel em seguida passo pó,rímel e um batom nude.
Pego minha bolsa, meu celular e desço para encontrar minha mãe olho a hora e são exatamente 7:32.