O reencontro

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Hitoka Yachi comeu mais uma batatinha, tentando encher um pouco o estômago antes de beber: tática aprendida depois de alguns anos de faculdade; depois dos vários nomikais's aos quais era convidada. Era um cenário comum depois de um dia de muitas aulas na faculdade — várias pessoas, num bar, conversando e bebendo para relaxar. E apesar de que quem estava ali não eram seus colegas de classe, o contexto era o mesmo.

Entre os presentes ali, estavam Kageyama, Tsukishima e Yamaguchi: seus ex-colegas do clube de vôlei do qual era assistente. Anos se passaram, todos cresceram — com exceção dela, aparentemente — e mudaram. Mas o sorriso, que eles abriam de vez em quando, ainda era o mesmo daquela época.

Lembrando de como era bom ver um jogo de dentro da quadra, vibrando a cada ponto conquistado, ela também sorriu. Precisava confessar que às vezes sentia saudades.

— O Shoyo-kun...? — indagou, depois de terminar de mastigar a batatinha que tinha na boca.

— Ele falou lá no grupo que já tá chegando — respondeu Yamaguchi, enquanto estendia a mão na direção da tigela de karaage. — Mas isso faz uns quinze minutos... então agora que ele deve tá vindo mesmo.

Hitoka tirou o celular do bolso, checando rapidamente à barra de notificações. De fato, há mais de quinze minutos, Shoyo tinha mandado um "tô indo" e uma figurinha. E, do horário que tinham combinado, havia passado meia hora.

— Deve ser o mal dos gringos — começou Tsukishima —, de chegar sempre atrasado. Algumas pessoas adquirem péssimos hábitos depois de morar no exterior.

Kageyama, que estava sentado do outro lado de Yachi na poltrona em U, encarou Tsukishima, sentado na ponta. Kageyama terminou de comer um karaage, e olhando com as sobrancelhas erguidas para o loiro, disse:

— Isso é uma indireta pra mim? Só porque outro dia eu falei mal da sua pizza favorita do Saizeriya?

— Entenda como quiser. Também não vou discutir com alguém cuja comida favorita é curry...

— Falou a criancinha que prefere bolo de morango.

Ambos fizeram uma careta um pro outro, e a discussão se deu por encerrada depois de cada um tomar um gole de cerveja. Sem conseguir se conter, a garota riu baixinho do diálogo um tanto infantil, e Yamaguchi a acompanhou. Os outros dois fingiram não ser com eles.

Mal se passaram alguns segundos, e o som ambiente do local de pratos, copos e conversas paralelas foi cortado por um irasshai de algum atendente. Os olhos de Hitoka correram até a porta, e ela abriu um sorriso de orelha a orelha quando viu a cabeleira ruiva.

Levantou a mão, dando tchauzinho para que ele a notasse. Ele sorriu pra ela, e foi na direção da mesa onde estavam. Daí Hitoka notou que ele estava acompanhado.

Atrás dele, um rapaz de cabeça um pouco baixa, moreno, com as pontas descoloridas e um olhar alongado como de um felino, o seguia.

Kozume Kenma.

Havia só dois lugares vagos: um do lado de Hitoka, e outro do lado de Kageyama. Hinata, enquanto cumprimentava os amigos, sentou-se ao lado de Kageyama, e Kenma acabou por ficar do lado dela.

— Tava de passagem lá no Kenma, daí arrastei ele junto.

O rapaz concordou com a cabeça, e respondeu com um "oi".

E Hitoka sorriu, sem graça, lembrando da noite de alguns meses atrás.

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