Como sempre, as ruas da cidade de Tokyo estavam cheias. Era por volta das cinco da tarde, e Yachi Hitoka acabara de sair das aulas da faculdade: andando com uma mochilinha nas costas, sentia sua respiração quente bater na máscara e voltar. Assim como nas outras tardes de dezembro, escurecia cedo. E para Hitoka, o pôr do sol avermelhado configurava um dos momentos mais poéticos do dia. E sua mente, que deveria estar voltada para o seu trabalho da faculdade de publicidade, vagava em outro rumo.
Kozume Kenma. O nome do rapaz com quem tinha ficado, numa noite em que ambos estavam bêbados. E, como Yachi Hitoka era uma tremenda trouxa iludida, também era o rapaz por quem ela tinha um crush, desde o beijo no karaokê.
E que, por coincidência, também foi o nome escrito no seu papelzinho do amigo secreto de fim de ano.
No nomikai em que Hinata levou Kenma, depois de alguns goles e conversas extensas, decidiram por fazer algum tipo de confraternização; numa data depois do natal, mas antes do ano novo — para não atrapalhar os planos de ninguém. Acertaram no dia 28. Sorteou os nomes ali mesmo, escrevendo em pedaços de guardanapo rasgados. O papel de Hitoka tinha sido o último a sobrar depois de todos escolherem; então, sem sombra de dúvidas, tirar Kenma tinha sido um golpe de sorte.
Mas, e agora? O que daria de presente? Algum tempo depois do goukon, ela descobriu que ele era YouTuber e pro player de alguns jogos famosos: ou seja. tinha dinheiro. Duvidava que houvesse algo que ele quisesse e não tivesse comprado ainda.
Quando perguntou a opinião de Shimizu Kiyoko — ainda se falavam e eram muito amigas, Hitoka até que superou rápido o fora estrondoso que levou dela no primeiro ano —, ela disse que Hitoka deveria dar algo feito à mão. Esse tipo de coisa não se compra, e é bem mais valioso.
Não tinha muita confiança nessa ideia. Afinal, a única coisa que sabia fazer minimamente bem eram biscoitos: tinha masterizado a arte dos cookies no ensino médio. Ela dava biscoitos com frequência para as pessoas que gostava. E fez fornadas suficientes até seus biscoitos serem os mais gostosos que já tinha comido.
Mas será que ela deveria? Cookies não eram algo muito... Cafona? Infantil?
Enquanto divagava, olhava despretensiosamente para as vitrines das lojas onde passava. Curiosa, parou na frente de uma loja de presentes, que tinha embrulhos, caixas e latas decoradas numa parte do mostruário.
Uma das latinhas era pequena — quadrada, da altura de uns cinco dedos seus e lado do tamanho da sua palma —, dourada e com gatinhos em alto relevo na tampa. Talvez aquele fosse um sinal divino para tentar.
Era o empurrãozinho que ela precisava.
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Surpresas
FanfictionAlguns anos depois de terminar o colégio, Yachi Hitoka encontra seus amigos do clube de vôlei. De início, era pra ser só cinco pessoas - ela, Yamaguchi, Tsukishima, Kageyama e Hinata. Mas, esse último chega com outro rapaz que era conhecido de todos...