Capítulo 37

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Aranha

Merda! 

Devia ter tido mais cuidado para que o chamuças não me visse, mas agora já não há nada a fazer. Eu sei que ele se lembra de mim, das poucas vezes que nos vimos o seu olhar dizia tudo sem precisar de usar palavras. E de certeza absoluta que ele tinha contado á namoradinha o que aconteceu naquela noite, daí aquele olhar de ódio das ultimas duas vezes que nos encontramos.

"E se ele for á policia? E se ele disser algo a alguém? " - a minha mente questiona vezes e vezes sem conta.

Há anos que fui expulso da polícia, mas aqueles porcos não perdem uma oportunidade de me tentarem atirar para trás das grades, mas como sou mais inteligente, jamais me deixei apanhar. Mas se aquele árabe de merda abre a boca eu estou acabado. Ele pode até estar ilegal neste país mas graças ás malditas leis de integração de imigrantes esta corja humana pode toda entrar pela porta da frente e fazer o que lhes dá na gana, isso inclui apresentar queixas á policia. E mesmo que ele fique calado tenho a certeza absoluta de que a loira não teria problemas em apresentar queixa contra mim, maldita hora em que deixei que ela me visse.

"Tens de acabar com ele! Tens de acabar com ela! Tens de acabar com os dois!" - grita a voz da razão na minha cabeça.

Um sorriso espalha-se no meu rosto. Talvez tenha sido a melhor ideia que tive nos últimos tempos. Acabo com eles, acabo com o problema.  Hoje. Será hoje, esta mesma noite. Eles vão ter a maior e última surpresa das suas vidas, e o melhor de tudo vão ter direito a entrega ao domicílio. Tiro a minha 9 mm do cinto e verifico se está carregado, após a confirmação guardo de novo no cinto e inicio a minha caminhada. 

- Nem vão saber o que os atingiu. - sussurro para mim mesmo, mas sem conter a pequena risada.

Zayn

Finalmente terminei de contar a minha história, várias foram as vezes que precisei de parar por alguns segundos para me concentrar. A dor tomava conta de mim sempre que me lembro daquela maldita noite, mas ter falado com uma figura de autoridade sobre o assunto deu-me uma sensação de estar a fazer o correto, de estar finalmente a fazer as pazes com o meu passado.

Após terminar de contar a tragédia daquele fatídico dia ficamos em silencio. Louis levantou-se da cadeira dizendo que ia apanhar um pouco de ar seguindo para o beco, a Gigi chorava em silêncio tal como eu, que apenas sentia vontade de gritar o mais alto que consigo, enquanto o detetive apenas encarava as suas próprias mãos em silêncio.

- Então detetive...podemos pô-lo na prisão? - pergunta Gigi limpando as lágrimas com a palma da mão.

- Depois de tudo isto, posso dizer que vou prender aquele filho da mãe e montar um caso juntamente com as outras queixas que tenho contra ele. - disse alcançando o gravador. 

Antes que pudesse parar a gravação o Louis regressou, mas algo estava errado. A sua expressão estava pálida, quase apática. 

- Eu vi aquele homem lá fora, ele estava do outro lado da rua a olhar fixamente para aqui. - disse apontando na direção da porta.

- Ele ainda está lá? - pergunto vendo-o negar.

- Não ele foi embora mas foi para a direção do nosso prédio. E há mais, ele estava armado, com a arma carregada e saiu daqui a rir. - disse puxando a cadeira para se sentar. 

- Ele vêm atrás de mim. Aquela arma é para mim. - digo levando as mãos ao rosto em sinal de nervosismo.

- Mas não vai conseguir. Não deixes que aquele monstro te assuste...meu amor, tu vais prende-lo e fazer justiça sem sujar as mãos.  - disse acariciando o meu rosto.

Homeless || (Zigi) ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora