Capítulo 35

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Alguns dias se passaram desde a noite no restaurante, após essa noite Zayn nunca mais viu Aranha, isso deu-lhe alguma tranquilidade e paz de espirito. Mas havia algo que ainda o preocupava, ele não sabia o que era, talvez fosse apenas uma sensação de preocupação ou desconforto. 

Gigi, como sempre, havia percebido alguns dos seus comportamentos e atitudes de desconforto, quando o questionou o mesmo recusou-se a responder com a intenção de não a preocupar, mas isso não durou muito. Já cansada que ele lhe escondesse os seus medos e preocupações, havia o encostado á parede á duas noites atrás exigindo que ele lhe disse

Zayn não queria, mas para o seu azar Gigi sabia como fazer manipulação emocional, ameaçando que não o deixaria dormir consigo na cama e nem mesmo no sofá, dizendo-lhe que ele iria dormir na varanda e sem direito a um mero cobertor, quando o ameaçou tentou a sua melhor cara de fúria mas para seu azar o moreno adorava vê-la irritada, para ele só a deixava ainda mais linda. Quando parou de rir, pensou por alguns minutos e por fim contou a Gigi como se estava a sentir. Depois de ouvir o moreno também se sentiu preocupada, mas garantiu a Zayn que tudo iria correr bem e que estaria lá para ele sempre que o mesmo precisasse.

Mas naquela manhã a loira acordou, e sem entender o porquê,  com uma sensação estranha, um sentimento de que algo ia acontecer. Mas o facto de nos últimos dias não se andar a sentir muito bem preferiu não comentar nada com Zayn, para não o preocupar mais. Os dois tomaram o pequeno almoço juntos num clima relaxado e amoroso, os dois mantinham os olhos um no outro e de segundos em segundos trocavam caricias.

Quando terminaram deram uma rápida arrumação na cozinha, quando acharam que estava bom saíram do apartamento, ambos pensavam que já estavam atrasados mas ao olharam para a tela do telemóvel de Gigi entenderam que na verdade estavam bastante adiantados e que faltava mais de uma hora para que o seu turno começasse.

Os dois olharam um para o outro e riram, nem sabiam ao certo porque se riam. Quando tomam o pequeno almoço, normalmente, os dois perdem toda e qualquer noção do tempo, pelo simples facto de estarem juntos. Eles verdadeiramente amam-se, apesar de parecer ou soar  como algo cliché, como num roteiro de filme ou livro de romance adolescente, os dois apaixonaram-se á primeira vista.

Mal abrem a porta do prédio os altos, repetidos e contínuos barulhos da cidade preenchem os seus ouvidos. Mas para duas pessoas tão apaixonadas os barulhos ficavam distorcidos e pareciam uma espécie de melodia, não tão calma e romântica, mas uma melodia.

Os dois cumprimentaram alguns dos seus vizinhos, uns entravam, outros saiam...mas de novo aquela maldita sensação de incomodo voltou. Além da maldita sensação de desconforto, havia também uma sensação de que alguém a observava, de inicio pensou em simplesmente ignorar, mas como se houvesse uma força maior que a desafiasse, quase obrigasse, a procurar a origem do desconforto, a mesma não hesitou em olhar ao seu redor.

E lá estava...a sensação de desconforto, ou melhor dizendo o causador da sensação de desconforto. Ele! Era ele...Aranha! Aquele maldito filho da puta! Estava ali parado a encará-los fixamente, como se pudesse ver dentro das suas almas.

Antes que Zayn se apercebesse de algo, deu as costas para o cretino. Mal terminou de falar com a vizinha, voltou o seu olhar intenso para Gigi, a mesma sorriu enquanto o puxava para um beijo. Aquilo durou alguns minutos. Após se separarem iniciaram o percurso até ao café. 

Apesar de sentir uma certa urgência, talvez até vontade...nem mesmo se deu ao trabalho de olhar para trás ou para os lados, em busca daquele homem.

(...)

Algumas horas depois:

Mais um dia de trabalho terminado. Não houve uma única hora do dia em que o café esteve vazio. De certa forma isso foi bom, pelo menos para o moreno. Zayn não sabia dizer o motivo, mas sentia que algo não estava bem. Ele não sabia dizer o que era, apenas sentia.

Algo lhe dizia que tinha a ver com aquele homem. Ele quis contar a Gigi, mas não queria preocupá-la, visto que nos últimos dias ela andava um pouco estranha, com pequenas mudanças de humor e por vezes ficava maldisposta. De certeza que deveria ser pelo stresse dos últimos dias.

- Vou despejar o lixo. - disse agarrando nos sacos e dirigindo-se para a porta dos fundos.

O beco estava escuro, sendo iluminado apenas pela luz amarelada que saia dos candeeiros da rua. Quando terminou de despejar o lixo, ouviu um estrondo, virando-se para trás viu a porta da cozinha fechada. 

- Merda... - sussurrou.

A maldita porta só se abria pelo lado de dentro. - Maldita hora que inventaram essas fechaduras. - sussurrou.

Limpando as suas mãos no pano húmido que tinha no bolso, dirigiu-se para a rua principal. Após se despedir dos últimos clientes que saiam naquele preciso momento, os seus olhos dirigiram-se para um dos bancos do outro lado da rua.

Certeza. A certeza de que era ELE quem estava ali sentado. Os seus olhos estavam focados um no outro, manteve-se assim por alguns segundos. Logo o moreno quebrou o contacto visual, virando-lhe costas e voltando para dentro do café.

- Ele está lá fora! Aquele filho da puta, está lá fora. - disse mal entrou no café.

Gigi e Louis entreolharam-se por segundos. 

- Eu já estou farta daquele filho da mãe, vou ligar á policia e fazer queixa por assédio. - disse tirando o telemóvel do seu bolso.

- NÃO! Não faças isso, eu não tenho todos os papéis, e se chamam a imigração!? - disse num tom preocupado e com uma expressão de medo. Gigi encarou-o por alguns segundos e parecendo compreender o seu receio, guardou de novo o seu telemóvel. 

Depois de uns segundos em silêncio, apenas a observar, uma ideia passou pela mente de Louis. Talvez ele tivesse a solução. - Na verdade eu acho que sei de alguém que nos pode ajudar a resolver o problema. - disse tirando o seu telemóvel do bolso traseiro das calças.

- Conheces um assassino por contrato? - perguntou irónica.

- Que engraçadinha. Não se preocupem com aquele filho da puta, os dias dele vão chegar ao fim. - disse mexendo na tela do telemóvel. - Fechem todas as persianas e esperem uns minutos. - disse saindo dali indo em direção do balneário. Os dois entreolharam-se mas sem trocar uma única palavra, apenas fizeram o que Louis havia dito.

Homeless || (Zigi) ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora