PROPOSTA

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POVS KYUNG


Eu imaginei que isso aconteceria hora ou outra, mas não imaginava que seria agora. A única preocupação que tenho em mente é achar meus filhos, mas eu sei que morta ou espancada, eu não conseguiria achar filho algum. 

Eu precisava urgente de alguém para me ajudar financeiramente ou de um meio para ganhar dinheiro, mas, operada após uma cesárea de trigêmeos, seria difícil conseguir me reerguer e fazer dinheiro rápido. Eu definitivamente me sinto no fundo do poço, se não nele, a um passo dele.

Meu subconsciente tóxico me permite pensar por uns instantes que talvez seja melhor assim, que talvez, meus filhos estejam melhores não estando comigo. Apesar de ser mãe deles, não tenho nada além de uma vida desconfortável, para não dizer miserável, para oferece-los. Afasto esse pensamento enquanto limpo as lágrimas teimosas que insistem em cair, chorar nunca me levou a lugar algum e nem melhorou minha vida. 

Sinto uma leve pontada na cirurgia, sei que meu estresse e esforço está prejudicando minha cicatrização e o que menos preciso agora, é uma inflamação. Resolvo me deixar levar pelo sono e descansar mesmo sentindo fome, acho que com tudo que aconteceu, a enfermeira até se esqueceu de me trazer algo, quando eu acordar, vou me alimentar e procurar falar com a policia. 

POVS HANUI

Entro no quarto de Kyung devagar, vejo a mulher de aparência cansada e mais velha do que a idade que consta em sua ficha médica, dormindo e com marca de lágrimas secas nas bochechas. 

Analiso rapidamente seu rosto enquanto deixo seu bolinho de arroz na mesinha ao lado, a paciente tem a pele branca, olheiras inchadas e uma aparência de mulher mais velha que sofreu muito na vida, algumas pessoas carregam consigo essas marcas que o tempo e decepções deixam, Kyung com certeza era uma delas.  

Normalmente não misturo profissional com pessoal, mas nessa situação não consigo não sentir pena da mulher que está em minha frente, não consigo imaginar a dor imensurável que ela está sentindo e o quão difícil sua vida deve ter sido e ainda está sendo, apesar de não querer estar no meio dessa confusão toda, algo me fez estar aqui e como qualquer ser humano que se zele, não consigo não ter empatia.

 Permaneço em pé na beira da cama, enquanto quebro a cabeça pensando no que eu poderia fazer para ajudar e estalo os dedos, sorrindo ao me lembrar da vaga para faxineira de meio período que está tendo no restaurante de frango frito do meu tio e do quarto liberado para funcionário poder passar a noite. Com minha indicação e dedicação dela, ela conseguirá se reerguer um pouco, decido que quando Kyung acordar, oferecerei a ela minha ajuda e farei minha proposta. O que estiver ao meu alcance, farei para ajudar! 

Basta saber se ela vai aceitar, ou se ela vai se entregar a vida de miséria e infelicidade.

MENTE MALIGNAOnde histórias criam vida. Descubra agora