Qual o significado de felicidade para você? Para mim, um título de poder, um olhar de medo, alguém que se curve aos meus pés… tudo bem que, para conquistar isso, eu tive que matar meu pai. Calma, não se espante! Você vai entender, e até mesmo me apoiar. Aliás, me chamo Atena — gravem esse nome, você pode gostar dele, ou não! Para entender a história, vamos voltar na pior fase da minha vida.O ano era 2003. Às 16h, uma mãe ia buscar sua filha na escola quando, por um deslize, após um carro ultrapassá-la na estrada, perdeu o controle do seu carro, havia um animal atravessando a pista, fazendo-a sair da pista e capotar violentamente. Em poucas horas após o acidente, sua morte foi confirmada.
Essa foi a morte da minha mãe. Aconteceu quando eu tinha 10 anos. Ela estava no caminho para me buscar no colégio, estranhei a demora, ela era sempre pontual, horas depois minha avó, que morava longe foi me buscar. Não havia ninguém em casa, então liguei para meu pai. Que não atendendo, eu estava confusa, minha avó então fez chocolate quente, e leu uma história, o que me fez dormir. Só no outro dia eu descobrir, que mamãe tinha virado "anjo".
Ela se chamava Jade. Seu nome significa “pedra preciosa”. Ela era minha pedra preciosa. Tinha um sorriso que me deixava fascinada, me colocava para dormir e sempre cantava uma música, sua voz parecia canto da sereia, aquelas que encanta os peixes nos filmes, achava engraçado que nas reuniões dos pais, minha pedra preciosa era a mais linda, fazendo as outras mãe olhar para ela meio atravessado, e ela se achava. O mais me deixava encantada era sua simpatia e empatia com às pessoas, ela ficava ainda mais linda, por dentro e por fora.
Não se espante com meu vocabulário, fui alfabetizada muito cedo, hoje com 15 anos tenho ainda mais ânsia por livros, se for dicionário então, perco horas lendo, mas voltando a história. Mas vamos voltar para meus 9 anos.
Tenho em memória uma lembrança na casa da vovó. Era Natal, meia-noite, trocas de presentes, aquela coisa “besta” de sempre, mas era engraçado ver a falsidade entre minha vó e a tia Irene. Passavam o ano todo falando mal uma da outra, chegava o Natal e até “eu te amo” tinha. Vão se lascar, vovó e tia Irene.
Tio Nelson também, com aquela piada de velho “o pavê, é pra ver ou pra comer?” Que vontade de falar “é pra enfiar no seu cu”. Na verdade, eu nem sabia o que significava isso na época, só aprendi mesmo, porque uma vez eu lembro que minha mãe falou isso para o meu pai quando eles estavam brigando. Acreditava que era algo ruim, porém soa engraçado.
Mas não é essa a lembrança que quero passar. No último Natal, ela me deu uma caixa, parecia caixa de filmes, aquelas antigas, de madeira, com um desenho retrô de flores. Ela me olhava com aqueles olhos brilhantes, que entregavam mistério, e disse:
— Estamos condenados ao fim, Atena. Quando fizer 16 anos, abra esta caixa e entenderá o real sentido da vida, tenha sempre em seu coração a certeza de que eu te amo. Nunca desconfie das suas vontades e certezas, só faça! Se arrependa só do que não fez. Tenha cuidado com quem diz que te ama, é espere o pior das pessoas, assim. Nunca será decpcinada.
Então ela chega perto de mim, me fazendo, assim, sentir seu cheiro fresco de flor no outono, e me deu um abraço tão apertado que me fez ter emoções diferentes, parecia uma despedida.
Mas suas palavras foram como uma aprovação para o que eu estava prestes a fazer. Peguei uma cadeira, coloquei no meio da sala e falei:
— Atenção, querida família.
Todos pararam, esperando que eu falasse alguma coisa superfofa.— Tio Nelson, enfia o pavê no cu. Tia Irene e vovó, vocês são falsas! Prima Bianca, ninguém quer saber que você viajou para 20 países, Karina, cala sua boca, você é chata.
Desço da cadeira e todos começam a me aplaudir — povo estranho… eu, hein.
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Mystery / ThrillerAbuso. Essa palavra pode ser repulsante para nossos ouvidos, afinal nenhum ser humano quer passar por uma situação que traz medo e dor. Para Atena, essa vivência doentia que percorreu muito na sua vida. Sua mãe que está morta às vezes tenta lhe ajud...