Capitulo 6

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- Não se preocupa, Camila, não é o nosso objetivo de vida.

Eu compreendo. E um hobby que pode ser melhor se deixando secreto. Assim como a minha paixão por cozinhar e por treinar maquiagem. Às vezes me tranco no banheiro por horas, testando combinações em meu rosto para depois simplesmente remover tudo.

Saímos de casa para o hospital uma hora depois. Ainda tenho a música dela na cabeça. Ela me tocou definitivamente. Chegando à recepção do hospital, todos a recebem com alegria. Lauren é figura conhecida por lá. Ela me apresenta como a nova voluntária por um dia, não quer me fazer pressão para continuar indo,
só no caso de eu gostar, e as enfermeiras me cumprimentam externando gratidão. Subimos algumas escadas e corredores e chegamos à ala infantil. As paredes brancas são decoradas com personagens e desenhos fofos, representando uma felicidade que praticamente não existe.

Entramos para dar "oi" a todos os pequenos nas camas, a maioria
com catéteres de soro penetrando suas veias, e imediatamente me sinto muito triste. Lauren toma o seu tempo com cada um deles e fico ao seu lado, sorrindo. Ela diz meu nome a todas as crianças, uma por vez, e apertando as suas mãozinhas tentando aparentar alto-astral.

Lauren é boa em fazê-las sorrir, posso ver, embora eu não entenda tudo o que ela fala. Acho que ela tem algumas piadas prontas ou simplesmente vê algo especial nas pequenas coisas. Ela reconhece praticamente todos, mas sente falta de alguns, e isso pode ser uma notícia boa ou ruim, interpreto pelo rosto de Chiara, a enfermeira que nos acompanha.

Quando Lauren vê que Fabrizio, um garotinho por quem ela era muito apegada, não está lá e a enfermeira lhe diz o que aconteceu, o sorriso dela desaba. Lauren fica em choque, arrasada. Para não aparentar às crianças, ela sai da sala e eu a acompanho. Fico na porta enquanto ela extravasa sua tristeza. Ela para recostada em uma parede e eu me aproximo. Ponho uma mão em seu ombro. Pergunto com gentileza, bem baixinho.

- Ele era especial? - sentindo um nó na garganta. Nunca é bom saber que um inocente foi vítima de uma doença tão cruel.

Lauren assente com a cabeça e puxo-a para um abraço, que ela aceita agradecida. Fungando e piscando os olhos rapidamente para afastar a tristeza, ela põe a mão em minhas costas para que possamos voltar à sala.

- Essa é a parte negativa desse trabalho. Se quiser continuar, precisa ter isso em mente. - Concordo, reflexiva, mas certa de que preciso continuar, mesmo quando Lauren não for.

Os meninos e as meninas são muito simpáticos e carentes. Conheço Giuliano, Cecilia, Bruno, Angelo e Dora. Quando nos dirigimos a uma área anexa, fico surpresa em ver que há ali uma brinquedoteca que, segundo Lauren, foi construída graças à ajuda financeira de seus pais.

Há algumas crianças sentadas lá, algumas em cadeiras de rodas ou nos tapetes emborrachados, brincando e lendo livrinhos. As enfermeiras sorriem para nós e dão um boa-tarde. Vou ajudar uma delas a dar comida a um menino de quatro anos que tem a cabeça raspada e Lauren se dirige para o piano que há ali. Presente do pai dela, anuncia a mim com orgulho.

Fico alimentando as crianças e brincando com elas enquanto Lauren toca uma seleção das mais belas canções em suas habilidosas mãos ao piano. O som que enche o ambiente é inspirador e sei que outras salas podem ouvi-la também.

Olho para ela, uma boneca pendendo da minha mão, e pareço hipnotizada. Lauren vira o pescoço para trás e me dá um sorriso, Meu coração derrete.

Um menininho bem pequeno corre para o piano junto dela, tão fascinado quanto eu. Lauren o pega no colo e continua tocando com ele, que observa atentamente cada tecla tocada. Olhando para Lauren ali, quase chego à conclusão de que eu estou apaixonada.

Amor em Roma - CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora