Capitulo 2

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Erick - Rei para sempre, o que reina como uma águia.

Meu pai apresentava uma expressão passiva, porém preocupada. Em silêncio, vou ao seu encontro e faço uma reverência formal.

Diante de tantos desconhecidos eu precisava observar meus comportamentos, era a herdeira do trono, não poderia agir de forma impropria. Deveria impor respeito e poder para ser aceita como futura rainha, mesmo que meu pai me desse todo apoio, uma fêmea no poder não era bem vista em Prythian.
Ele me observa com superioridade, não parece o Grão Rei que conheço, entendo seu lado, uma guerra acabou de acontecer.

Entramos na cabana maior, realmente era enorme por dentro, uma mesa enorme estava instalada em seu centro, diferente da anterior, lá tinha espaço para mais de 40 pessoas. Meu pai sentou-se na ponta, eu e Ed ao seu lado, eu na direita, ele na esquerda.

—Kaira, como estão seus ferimentos?

— Estão bem, pai. Só preciso de mais um tempo para me recuperar. — digo com um sorriso amarelo e um aceno de cabeça.

— Entendo — ele alivia o olhar— E você Edgar? Já encontrou com Diana?

— Estou bem, pai. Logo irei vê-la.

Diana era parceira de Edgar, minha melhor amiga e nossa general. Foi muita sorte ele encontrar sua parceira tão jovem assim. Ela era uma fêmea com sangue nos olhos, excelente para matar. Mas fora da batalha, tinha um coração doce de super companheiro. Edgar conseguiu conquistá-la apanhando muito, literalmente. Todos os dias ia com ela para o treinamento de luta corporal e sempre perdia. Hoje eles são um casal que eu me inspiro

—Kaira, minha filha, como foram suas baixas?

Claro que ele iria me perguntar sobre isso. Estava responsável pela linha de frente do exército mesmo não tendo tanta experiência em liderar nossos guerreiros. Graças a Mãe, nossas baixas não tinham sido muitas, entretanto, eram muitos feridos. Haviam Serafins espalhados para todos os lados. Alguns dos Celestiais, a nossa elite, estavam com leves machucados, mas todos vivos.

—As minhas foram poucas, porém foram vários feridos. — Falo com certo sorriso orgulhoso.

— Entendo... Mas, mesmo que tenham sido poucas, ainda eram vidas, esposas ficarão sem seus maridos e crianças podem ter ficado sem suas mães.— Sinto meu rosto corar, meu pai tinha um jeito mais ríspido de ensinar mas sempre. Vejo Edgar se encolher na cadeira e colocar a mão em seu rosto, surpreso. —  Além disso, nós tivemos o desastre das Valquírias. Aquelas fêmeas lutaram como se não houvessem outro objetivo em suas vidas. Vão fazer uma extrema falta no nosso exército, e eu não acho que vamos ter fêmeas tão fortes e tão bem treinadas quanto elas no futuro para criar outro grupo no mesmo nível.

Não queria mais falar sobre o desastre das Valquírias. Eu era uma delas, fui treinada com excelência e graciosidade desde pequena. Além do treinamento dos serafins. Elas também eram minha família, cada uma delas e agora não tinha ninguém. Eu não gostaria de treinar outro grupo de fêmeas. Isso só me traria mais dor e saudades.

— Como foi a reunião com os Grãos Senhores? — Mudo de assunto rapidamente.

Ele solta um suspiro cansado.

— Vocês sabem como eles são, gananciosos e egoístas, sempre querem tudo para si. Disseram que não querem mais minha influência, acham melhor a independência de Prythian e a construção da muralha para a separação das terras humanas e feéricas. Não sei se seria uma boa ideia, eles agem por impulso, não vai demorar muito para entrarem em conflito, eles se odeiam e daqui 500 anos eu tenho a certeza de que vão procurar outra guerra e precisarão de nossa ajuda mais uma vez. — Ele revira os olhos. — Mas, o que eu poderia fazer, não acredito na história do "melhor ser temido do que amado", a confiança é a base de tudo. Se eles querem a independência, eles terão, mesmo amando tudo isto, estas terras já estão me dando mais trabalho do que deveriam.

Concordo com ele, quando a independência acontecer Prythian deixará de ser um local pacífico, cada grão senhor agirá por conta própria. Nem posso imaginar quantas guerras internas terão.

— Você ajudará na construção da muralha amanhã Kaira, com seu poder ela só será quebrada caso utilizem o Caldeirão. Depois, retornaremos para Álfheim imediatamente.

Afirmo com a cabeça, mas em silêncio enquanto ele se retirava do local. O silêncio permaneceu na sala após o monólogo de meu pai. Não sabia que retornaríamos tão cedo. Uma pontada de tristeza me atinge, não queria deixar Prythian. A Corte Noturna nos acolheu durante esse período, temos uma aliança de muitos anos, e desde pequena fui inserida nela para saber dos seus valores e criar vínculos com o filho do Grão Senhor.

Rhysand era praticamente meu irmão, nós crescemos juntos durante um tempo, até ele ser jogado naquele acampamento imundo. Ficamos alguns anos sem nos ver, até que, com 15 anos, meu pai, com total apoio de seu amigo, o Grão-Senhor da Corte Noturba, resolveu que seria bom testar minhas habilidades e o treinamento seráfico, junto de meu irmão, em um dos acampamentos mais brutais e sem noção que já existiu.

Alguns diriam que ele era louco, mas sabiamos muito bem o que ele estava fazendo, queria exibir a excelência do nosso treinamento, ele sabia que nós éramos mais fortes e poderosos do que os guerreiros Illyrianos de nossa idade.

Sua hipótese se confirmou quando Cassian duvidou de mim, uma princesa estrangeira e armadura limpíssima para os padrões do acampamento, e levou uma surra minha. A partir daí, nós viramos amigos. Az nunca teve coragem de me enfrentar em uma luta por medo, e deixava isso explícito.

Solto uma risada baixa por me lembrar das idiotices que fazíamos.

— Pensando no seu namoradinho? — Edgar solta uma gargalhada. Ele estava calado até demais. Já estava demorando para ele soltar alguma provocação.

Reviro meus olhos, meu irmão conseguia irritar até os meus fios de cabelo. Eu e Az nunca tivemos nada, ele me considera como amiga e companheira, mas por sempre andamos grudados, então Cassian e Edgar tiveram a brilhante ideia de criar uma teoria de que éramos um casal. Para ser bem sincera, eu até que gostava. Depois que eu o conheci nós nos aproximamos. Treinávamos ao anoitecer quando eu ia para o acampamento enquanto meu pai resolvia as burocracias. Depois dos treinos conversávamos a madrugada toda. Ele me contou sua história, e eu contei a minha. Então acabei me apaixonando

— Por que você não vai irritar sua parceira, seu idiota. — retruco de volta.

—  Porque eu amo ver minha irmãzinha puta da vida, e se eu provocar Diana ela pode cortar fora minha parte favorita. 

Dou uma gargalhada, Edgar sabia como provocar qualquer um, ele tinha esse dom de irmão mais novo.

Respiro fundo

— O que você acha disso? Da ideia da muralha, da independência... — ele pergunta sério.

— Eu nem sei mais o que dizer Ed, esses machos são tão impulsivos, não sei se realmente seria uma boa ideia. Pode parecer uma provocação para as terras humanas. E se eles querem a independência, que fiquem com ela. Só sei que daqui um tempo estarão com inúmeras intrigas políticas.

— Concordo com você. Eles não estão pensando no bem de suas cortes, eles querem território é apenas isso. Mas nosso pai está cansado, essa guerra acabou com ele. . Não é vantajoso pra ele ficar preocupando-se com esses idiotas.

Sorrio e olho para ele com ternura.

— Eu sei, vamos passar por uma fase difícil, mas acho que conseguimos superar. Vamos ficar observando por enquanto — afirmo — Hybern que me preocupa. Eu não sei por quanto tempo eles vão ficar retraídos. O rei com certeza vai procurar alguma forma vingança.

— Realmente. Nós precisávamos de alguém infiltrado naquele lugar. Mas nossos espiões não conseguiram adentrar.

Aceno com a cabeça. Uma semente de ideia foi implantada. Saio da cabana pensativa.

Corte de Sol e NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora