"Ele não veio"

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Depois de finamente acabar o meu dia cheio de estudos para quando poder governar o meu reino, me encontro finalmente no meu quarto, empanturrado de casquinhas de siri, o que realmente abre o apetite a todos os habitantes de Oceania e á espera de ser a meia noite para ver aquele que não sai da minha cabeça.

Jungkook.

Eu estou realmente nervoso. Não sei se ele é uma pessoa confiável ou se espalhou para toda a gente a notícia de que nós, sereias e tritões, existimos.

Será que ele vai vir sozinho?

Será que ele vai vir?

Olho inconscientemente para o relógio pendurado na parede e reparo que já são quase horas, então me preparo para escapar tendo o máximo de cuidado para não ser visto por ninguém.

(...)

Assim que chego á superfície, desta vez por um lado diferente, um pouco assustado, já que eu não sei o que vou encontrar, eu não o encontro. Nada. Ninguém.

- Ele não veio.

Me senti um pouco desiludido, embora assustado, eu ainda tinha esperança de o ver assim tao perto de novo. Eu tinha a esperança de o poder tocar.

Saí dos meus pensamentos com o som de algo entrando na água, me virei e o vi.

- Ele veio. - desvio o meu olhar rapidamente para trás de si no caso de ter alguém o acompanhando. Mas não, era só ele.

- Oi. - ele diz assim que chega á rocha - Me desculpe, me atrasei.

- Oi. Não faz mal. Você veio. - o encarei sorrindo e hipnotizado com o seu olhar, o recebendo de volta.

- Você ainda não me disse seu nome.

- Jimin. Park Jimin. - nos encaramos novamente com um sorriso envergonhado em ambos os rostos.

Fez-se um silêncio confortável, mas Jungkook logo o quebrou.

- Então Jimin... você vem sempre aqui? - ele pergunta tentando arranjar um tema de conversa, ao mesmo tempo que se senta ao meu lado.

- Quase todas as noites. Quando me sinto sozinho eu venho para aqui e desabafo com ela - aponto com a cabeça para a lua - conto o meu dia e aquilo que me incomoda, ou então eu apenas me sento e observo aqueles pontinhos brilhantes.

- Estrelas. - olho para ele com uma cara de quem não entendeu o que falou e ele ri, mas logo me responde - Os pontinhos brilhantes se chamam estrelas.

- Ah - assenti - E você? Vem sempre aqui? - pergunto me fazendo de desentendido, já sabendo que nas maiores partes das noites ele sempre aparece.

- Sim. Quer dizer, na maioria das noites. - sorrio convencido e olho para ele de forma interessada, lhe pedindo para continuar - Quando eu e o meu pai temos alguma discussão ou por puro aborrecimento.

- Você não tem uma boa relação com o seu pai?

- Eu costumo dizer que nós não temos nenhuma relação, parece que apenas partilhamos a mesma casa, ele nunca se mostrou realmente preocupado comigo. - ele diz com um semblante triste - se não fosse pela minha mãe eu provavelmente estaria mais tempo em hospitais do que aqui - me entristeço ao pensar que a relação dele com o seu pai é realmente dessa maneira.

- Você tem muita sorte em ter alguém assim ao seu lado. - faço referência a sua mãe - O meu pai quer que eu seja exatamente igual a ele, eu tento mas eu não me consigo ver assim. Eu não quero ser rei! - falo com raiva e um pouco mais alto a última parte sem pensar muito no que disse.

- Rei!? - ele me olha com uma expressão confusa e ao mesmo tempo chocada.

Eu penso se realmente lhe devo contar o que se passa na minha vida ou se devo continuar como um mísero tritão nada a ver com a realeza, mas assim que me vejo a encarar aqueles olhos negros percebo que eles transmitem confiança e conforto para contar algo assim. Não sei como, eu apenas sinto.

- É. - me viro de novo para o horizonte - Eu sou príncipe de Oceania e eu deveria ser rei, mas eu tenho outros planos em mente.

- Puta que pariu! Você é um príncipe!? - começo a rir assim que vejo a expressão de espanto que carrega no rosto - Digo - limpa a garganta -, entendo, eu acho, você deve se sentir preso todo o dia, por isso que foge não é? Não existe ninguém lá embaixo a quem possa confiar. - ele me entende?

- Exato, quer dizer, eu confiava na minha mãe, mas depois... - me calo assim que sinto a primeira lágrima a correr pelo meu rosto e quando dou por mim estou entre os braços de Jungkook. Me sinto bem. Quente. Confortável.

- Não precisa de me contar nada. - Sim, ele me entende.

My little mermaid  - jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora