"Ele nunca se importou"

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Mesmo que ele já tenha ido embora eu ainda continuo aqui, pasmado a olhar para o horizonte com a sua imagem na minha cabeça. Como é que uma criatura daquelas pode realmente existir? E como é que ele pode ser tao belo?

Ele tem os olhos tao brilhantes quanto a lua. Os cabelos tao rosados que lhe caiem tao bem sobre a pele clara. E aqueles lábios tao cheios que me apetece morder. Ele parece um anjo. Um anjo sim, mas com cauda.

- Meu Deus! Como é possível?

Saio dos meus pensamentos com uma brisa suave a bater no meu cabelo e com o desconforto das calças e das sapatilhas molhadas, decido sair daqui e finalmente voltar a casa, mas antes de subir o muro, me viro na esperança de o ver mais uma vez.

- "Eu volto amanhã", eu também pequeno tritão, eu também.

(...)

Já no meu quarto, depois de me ter banhado e tentado perceber se o que eu vi era realmente verdade ou apenas uma ilusão, chego á conclusão que talvez eu esteja perdido e a convivência com o meu pai já me ande a afetar psicologicamente. Acabo as minhas higienes e me deito na cama pronto para dormir.

Mas quem disse que era fácil?

Ele não sai da minha cabeça, eu nem sei o nome dele. A única coisa em que penso é se realmente o voltarei a ver amanhã.

"Eu volto amanhã"

Por que raio eu não consigo dormir? Pego no meu celular e vejo que são as 2:47, eu preciso dormir, amanhã tenho aula e eu não me sinto fisicamente e muito menos psicologicamente preparado para enfrentar mais um dia. Mas vendo pelo lado positivo tenho a tarde livre, ou seja, surf.

Amo surfar, acho que é realmente a única coisa que me faz sentir bem, aonde posso ser eu mesmo. As ondas trazem-me a energia que eu preciso para sobrevir. Ás vezes penso que o mar é a minha casa, parece que dentro de água é tudo tao mais simples e pacífico. E então á noite, mais precisamente depois de uma discussão com o meu pai, eu sempre volto lá, mesmo dizendo frases em completa desconexão eu, por vezes, ainda me consigo encontrar, e quando dou por mim lá estou eu a olhar aquela água cristalina ou então a atirar pedrinhas para ver qual delas vai mais longe.

(...)

Dou um pulo assustado com o despertador me avisando para me preparar, pois mais um dia de luta está prestes a começar. Não sei bem em que momento eu adormeci ontem à noite mas quando vejo o horário, já estou atrasado, ainda por cima hoje irei ter que trabalhar na lanchonete.

Chegando á escola vou direto para a minha mesa, já me sentando e estendendo os braços como se estivesse preparado para tirar um cochilo, mas acabo encontrando lá a matilha a quem eu chamo amigos.

- Finalmente! Já estava na hora, o sinal está quase a bater. - o Nam me avisa, mas eu nem presto atenção. - Parece que viste um fantasma.

- Nem te conto, estou morto de sono.

No caminho para o colégio até pensei se deveria contar aos meus amigos sobre a divindade que vi na noite passada, mas o mais provável era eles me chamarem de doido e me avisarem para parar de ingerir tantas drogas. Então o que conclui foi que o melhor a fazer é mesmo manter em segredo. Até porque afinal seria para ser.

- O teu pai? - desta vez é o Yoongi que chama a minha atenção

- Não está óbvio? - respondo-lhe - Ele viu a minha nota de merda e se não fosse a minha mãe eu estaria todo cheio de hematomas.

Namjoon estava pronto para dizer algo, mas não deu tempo, o sinal tocou, nos levantamos e fomos em direção à sala. Nos sentamos na fila do fundo, eu estava preparado para tirar uma boa soneca com a aula de biologia, até que ouço o Nam.

- Ignora-o, talvez assim ele se deixe de importar e não te chateie mais. - ele se vira para a frente, já que a aula tinha começado.

- Ele nunca se importou. - sussurro para mim mesmo ao mesmo tempo que coloco os braços na mesa e a cabeça neles pronto para dormir.

My little mermaid  - jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora