Nascido e criado à sombra do impiedoso parâmetro moral e religioso do pai, Harry Styles aprendeu que todo ser humano estava fadado ao pecado, e que em determinado momento de suas vidas acabariam cometendo algum erro que os roubaria a ascensão ao céu...
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De maneira tenebrosa, foi abatido pelas palavras como uma pessoa atingida por um raio em meio a uma tempestade catastrófica. Os músculos e nervos cerebrais deixaram de corresponder o corpo quando a descarga se espalhou, paralisando-o por completo. A cabeça bombeou sangue mais rápido que o prudente, tonteando-o à medida que cada palavra tomava sentido em seu cérebro.
— Do que está falando? — as palavras deixaram seus lábios sem comoção.
— No dia vinte e quatro de maio, você sofreu um acidente de ônibus fatal, todos no veículo morreram — Zayn revelou, erguendo os olhos para encará-lo. — Inclusive você.
— Não! Isso não é verdade! — gritou, chacoalhando a cabeça em negação.
— O motorista do ônibus sofreu um infarto, morreu antes de colidir contra o poste e capotar em uma ribanceira. Lux Upton e Imogene Nichols morreram imprensadas entre duas fileiras de bancos. Philip Russell e Alex Vance voaram pelas janelas, morreram com o impacto contra o asfalto — prosseguiu, ignorando os bramidos de Harry. — Ian Reid e Gale Underwood morreram por politraumatismo.
— Não, não, não! — gritou, o rosto atingindo a coloração vermelho-sangue. — Por que está dizendo isso, Zayn? Não é verdade!
— Você voou do seu assento e foi lançado contra o teto, quando a gravidade o ricocheteou, bateu a cabeça contra a lataria do ônibus — alterou o tom de voz, garantindo que seria ouvido. — Você foi o único a ser resgatado com vida, chegou inconsciente ao hospital, e acordou algumas vezes enquanto era entubado.
Flashbacks dolorosos do momento que viu o pai gritando de maneira histérica com os enfermeiros invadiram sua mente, movendo as mãos agressivamente perto dos rostos deles. Agarrou a cabeça com agressividade, convicto que conseguiria se livrar das falsas memórias.
— O impacto gerou um hematoma epidural entre seu crânio e a camada externa do tecido que cobre o cérebro, fazendo com que sangrasse sem parar. Os médicos não conseguiram conter o sangramento... — Zayn vacilou com a dicção, proferindo o resto da fala com menos prudência. — Você morreu por traumatismo craniano, uma hora após a colisão.
O mundo desabou sobre seus pés, amargando o paladar e despertando sentimentos nunca experimentados. Com ódio de toda mentira, limpou as lágrimas e perguntou:
— Então o que é isso? — gritou, fechando as mãos em punhos. — Um teste?
Zayn sentiu a amargura em sua voz.
— Estamos no que chamamos de antessala — proclamou, insípido de expressões. — É um lugar de dúvida.
Permaneceu em silêncio, aguardando que ele prosseguisse.
— É para onde as almas indecisas vão, aqui são testadas para sabermos se pendem mais para o céu ou para o inferno — Zayn detalhou, endurecendo o maxilar. — Como você disse, é um teste.