Nascido e criado à sombra do impiedoso parâmetro moral e religioso do pai, Harry Styles aprendeu que todo ser humano estava fadado ao pecado, e que em determinado momento de suas vidas acabariam cometendo algum erro que os roubaria a ascensão ao céu...
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O sol recuou ao badalar das cinco e meia, irradiando um caminho brilhante e ensolarado pela janela, entonando e espalhando o alaranjado nas paredes do quarto. Renton esbanjava um pôr do sol invejável, mesmo que poucas vezes ao ano — devido às temperaturas instáveis e tempestades constantes. Não demorou para o cinza-azulado contrastar no céu nebuloso, intimando que a chuva não tardaria a chegar, trazendo âmbito frio e ventos uivantes.
Enquanto mantinha as costas pressionadas na cabeceira da cama, lutava contra o sono. Piscava os olhos devagar, quase em câmera lenta, certo que não faltava muito para apagar. Escondeu Zayn durante o dia inteiro no banheiro, tendo exímio cuidado quando o pai entrou para levar o almoço, saindo somente quando terminou toda a refeição. Não conseguia dormir sabendo da probabilidade de ser flagrado, colocando a vida de quem mais amava em risco.
— Você está pronto? — Zayn perguntou ao abrir a porta do banheiro.
Recompôs a postura e o encarou.
— Pronto para invadir a biblioteca onde meu pai trabalha? — ergueu as sobrancelhas, irônico. — Prontíssimo.
Viu o demônio deixar o banheiro, emanando o cheiro forte pelo cômodo. Harry torceu o nariz, respirando pela boca.
— Vamos ser rápidos — Zayn afirmou, encarando-o seriamente.
— Eu deveria estar descansando, sabia? Pode não parecer, mas eu sofri um acidente há dois dias!
Zayn enrijeceu os ombros, olhando-o de baixo para cima.
— Você me parece ótimo — o analisou por mais um tempo, sem piscar. — E caso tenha esquecido, eu meio que sofri um acidente também.
Harry franziu o cenho, demorando alguns momentos para juntar as peças. Lembrou das asas quebradas e os machucados, agora era óbvio em sua cabeça que o outro havia caído. Procurou pelos arranhões — que antes eram visíveis pelo rosto, pescoço e braços — e não encontrou nada. Os machucados não estavam mais lá, teve certeza quando repassou o corpo do outro na mente — que havia gravado meticulosamente quando ele estava sem camisa — e constatou que ele já estava sem as feridas desde aquele momento.
— O que aconteceu com seus machucados? — perguntou, levantando da cama.
Zayn levantou as sobrancelhas, olhando para os próprios braços.
— Eu disse que meu corpo reage diferente. Minhas feridas estão levando mais tempo para se curarem, mas pelos menos estão cicatrizando — virou de costas e puxou a camisa para cima. — Como está, hum?
Se aproximou com hesitação, levando dedos acanhados até os micropores. Puxou uma das pontas lentamente, livrando as feridas do curativo. Encarou perplexo como a cicatrização estava acelerada, os machucados não exalavam nenhum odor pútrido, nem coloração necrosada. A vermelhidão havia sumido, e uma crosta amarronzada protegia as lesões. Zayn não parecia que ainda sentia dor, sequer remexia os ombros em incômodo.