Há muito tempo, o contato entre humanos e bruxos foi terminantemente proibido e só podíamos nos comunicar com eles caso algo extremamente urgente acontecesse, como uma guerra mundial, por exemplo, pois não afetava apenas o mundo dos humanos, como também o nosso, incluindo toda magia pura existente na Terra, e, mesmo assim, nós sempre evitamos ao máximo qualquer tipo de aproximação entre bruxos e não-mágicos.
Os humanos eram seres sem qualquer apreço pela natureza e pelas suas virtudes, eles inventavam guerras por cima de guerras a todo o instante, o que acabou quase completamente com todo o encantamento existente no mundo. Havíamos parado de ajudá-los a partir da Segunda Guerra Mundial, quando milhares de nossas famílias e covens foram destruídos pela carnificina militar e os que restaram de nós, ficaram escondidos em tundras, florestas, desertos, taigas, savanas e em campos ao redor do mundo, mantendo contato apenas se fosse necessário.
Como eu sempre vivi recluso nos confins de uma floresta temperada, foi difícil principalmente ver outra pessoa na vida pela primeira vez em anos, logo mais um humano, então, de início, eu quis fingir um desmaio, um ataque de pânico, me jogar ladeira a baixo ou até mesmo acertar um feitiço contra ele, apenas para apagá-lo por umas horinhas e eu conseguir raciocinar o que estava acontecendo, mas eu estava sem a minha varinha e a única coisa que eu poderia fazer seria transformá-lo num sapo, e isso era horrível, não o faria a menos que fosse muito grave.
Observei paralisado o humano me olhar da mesma forma, nossos olhos se ocupavam em olhar para a face um do outro, perdidos na própria estranheza do momento. Ele tinha um cabelo azul intrigante, nunca havia visto alguém com o cabelo naquela cor, ele usava apenas uma blusa branca com uma jaqueta e calças jeans esquisitas, nos pés, tênis brancos com estrelas dos lados, não sabia ao certo o que era aquilo, mas ele carregava uma mochila azul marinho com aparência pesada, o que condizia com seu rosto cansado.
Mesmo assustado, acabei percebendo que talvez ele estivesse fugindo de algum lugar, constatei assim que vi as condições daquele humano; a face desesperada acabava por entregar, a respiração ofegante e a cara vermelha de tanto correr, além dos cabelos esvoaçados para todos os lados. Era perigoso ficar perto de alguém assim, principalmente alguém como ele.
— Quem é você? — Perguntou afobado e ofegante, olhando para os lados, parecia ansioso.
Arregalei levemente os olhos com a pergunta, em surpresa e um pouco de susto, não pensei que ele iria falar alguma coisa, porém o respondi mesmo assim, ignorando a vontade de simplesmente sair correndo e fingir que nada daquilo tinha acontecido.
— Só direi se eu souber quem você é primeiro e o porquê de estar vagando nas minhas terras. — Questionei o de pele dourada com seriedade, eu amava me fazer de durão às vezes, era divertido, contudo daquela vez era mais do que necessário.
Notei o estranho vacilar o olhar e acabar olhando para o chão, ele apenas se sentou lá com as pernas esticadas, respirando com dificuldade. Será que eu tinha exagerado na pergunta? Na verdade aquelas terras nem minhas eram, só queria colocar um pouco de medo nele e o fazer voltar de onde veio, era perigoso que eu mantivesse contato com ele.
— Você está fugindo, não é? — Perguntei dessa vez num tom mais ameno para não assustá-lo de uma vez.
O rapaz humano apenas me olhou com os olhos arregalados, decididamente assustado, eu me perguntava o que ele tinha feito para agir dessa forma.
— Eu… — Engoliu em seco, por segundos, ele pareceu pensar em alguma coisa, mas logo retomou sua fala. — É... Estou fugindo de casa, por favor, não conte para ninguém que me viu! Meus pais querem me mandar para os Estados Unidos para eu me formar em direito, mas eu não quero isso, então eu fugi! — Brandou desesperado enquanto segurava as alças da mochila com força.
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Encanto [jjk + kth]
Fiksi PenggemarJeon Jungkook era um bruxo solitário, que, há muito tempo, perdeu a única pessoa que amava no mundo, o fazendo esquecer como era o doce sentimento de ser amado. Então, recluso numa floresta, ele aproveitava sua vida como podia ao lado de sua gata e...