Desorientada...
Era essa a minha situação quando sai da casa daquele homem. Não sabia ao certo para onde eu iria ou nem ao menos lembrava realmente o que estava fazendo antes de parar naquela condição. Era a primeira vez em que me encontrava daquele jeito.
Irônico, esse dia estava muito propício à primeiras vezes...
Como irei retornar para a base e dizer para minha criadora que falhei miseravelmente na única missão na qual ela me confiou? Como irei encará-la? Se é que ela já não estava sendo notificada pelas agentes que ficavam monitorando cada passo meu e do procedimento de cada missão. Essa manhã não podia piorar, não é mesmo? Claro que não! Algo que já estava ruim nunca poderia piorar, não é mesmo?
Respirando fundo o ar nada limpo de NY, tento esclarecer meus pensamentos bagunçados por aqueles olhos verdes traiçoeiros e aquele sorriso ridiculamente atraente. Não deveria estar reagindo daquela maneira por um homem bonito, não mesmo, algo nele fazia com que toda a minha criação fosse reduzida a... Nada. Simplesmente, nada. Tantos alvos que possuíam belezas ainda mais surpreendentes que aquele moreno, não me deixaram daquela maneira tão patética, nenhum me deixou daquele jeito e era isso que estava me deixando um tanto quanto irritada. Parando meus passos, noto aquilo que estava sentindo. Irritação. Um sentimento.
Droga! Um sentimento! Não, não, não pode ser, eu não deveria sentir nada!
Apressando meus passos em direção a um dos becos escuros que levam até os caminhos em formato de labirinto da agência, finalmente chego nos corredores prateados e já conhecidos por mim. Anos vivendo como Agente naquelas acomodações, me fazem ser basicamente a veterana daquelas áreas. Corredores tão vazios quanto a minha própria existência, sem adornos e nem pinturas ou algo chamativo, apenas extensos vãos brilhantes de metal e sem graça. Não me recordo muito bem da época em que fui parar ali, era muito pequena para lembrar de qualquer coisa em relação a minha vida passada. Além disso, minha criadora havia me contado que minha família era a pior que se poderia ter, pessoas ruins e que me maltratavam a cada segundo de minha vida, pelo menos, era isso que ela me contou.
Perdida em meus pensamentos mais profundos, encosto-me em uma das paredes do corredor ao lado da porta de meu dormitório, tentando recolocar minha mente em ordem, fecho meus olhos e tento relembrar meu treinamento, mas tudo que aparece em meu horizonte, é o sorriso brilhante de Damon.
Saia da minha cabeça, praga! Era para eu ter te matado! Era...Era.
Distraída como nunca, abro meus olhos e noto Dara caminhando em minha direção. Na verdade, caminhar era um termo muito sutil para o que ela estava fazendo. A pequena mulher morena estava praticamente correndo em minha direção com uma expressão assombrada assolando seu rosto com traços delicados, o que de certa forma não era algo comum de se ver em sua faceta sempre carregada de um semblante alegre, apenas eu sabia o quanto ela sofria naquela instituição. Claire! Que porra você tem de errado? Você nunca foi empática! Aprisionando minha autoflagelação para o fundo de meu cérebro, me preparo psicologicamente para encarar seja lá o que fosse que aquela criatura minúscula estaria prestes a me dizer.
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Ouça Seu Coração
RomanceNÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 18 ANOS. LEIA POR SUA CONTA E RISCO. Claire Reed tinha apenas 2 anos quando foi sequestrada dos braços de sua mãe, ainda um bebê, a mesma foi levada pela agência do governo para se tornar uma verdadeira máquina de mat...