A Ordem de Hermes

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Kadri fazia o caminho adentrando ainda mais na floresta, enquanto a noite ia alcançando cada vez mais seu auge. Sussurros de animais e pássaros faziam meus pelos eriçarem e meu corpo arrepiar. O aroma da floresta, o orvalho que tocavam as cascas e exalavam um cheiro, trazia um certo conforto.

— Você acha que é confiável sermos guiados por ele. – Perguntei aflita. – Não seria melhor leva-lo a pensão e amanhã interrogarmos, buscar as ervas necessárias e obriga-lo a falar a verdade?

Erikar parou por um instante, com a corda fez com que Kadri também parasse.

— Eu sei Flora que você está muito assustada, que possui muita fé nos seus métodos. E eu não sou contra eles, afinal, foi por isso que pedi sua ajuda. – Ele fez uma cara meiga. – Eu sei o que estou fazendo, o rapaz não está mentindo. Talvez nos leve para mais batalhas, mas você é incrível, eu tenho certeza que daremos conta.

De certa maneira eu fiquei mais tranquila escutando suas palavras, sua calmaria.

Caminhamos por mais umas duas horas, e em volta a várias Embondeiros, as arvores sagradas de Portugal, um templo fechado, sem janelas visíveis. Quadrangular, alto, com aspecto abandonado, e uma aura mística ao seu redor. Um "H" em cima da porta.

— Pare! – Exclamou Erikar. – Pode haver armadilhas.

Ele amarrou o Kadri, que me olhava assustado, como que pedindo ajuda. Com sua unha do polegar começou a rasgar a pele dele. Este gritava sentindo muita dor.

— Quem está aí dentro? – Ele perguntava, voraz, autoritário, arbitrário.

Ele chorando respondeu.

— Os Elders, muito provavelmente fazendo seus experimentos e alquimias.

— São idosos? – Perguntei traduzindo a palavra.

— Não Flora. – O jeito com que ele disse meu nome me soou tão familiar. – O título somente, por serem os membros remanescentes.

A última frase deixou Erikar ainda mais intrigado. Uma ordem antiga que ele nunca havia escutado falar, provavelmente tinha origem em outra, e ele estava disposto a descobrir, custando o que custar.

Eu peguei a rosa já um pouco murcha e a joguei contra a casa, caiu na metade do caminho entre nós e o templo. Juntei minhas mãos e passei a sentir a magia ao meu redor, o vento espectral.

Obice rosis.

As rosas se multiplicaram, um talo junto a outro arrodeando todo o local.

Defensiones! – E logo uma barreira transparente cobria todo o redor da casa. Erikar estava certo, haviam armadilhas. – Ad nihilum rediges!

Quando eu proferi as palavras para desativá-la, fora em vão. As minhas rosas permaneciam intactas.

— Tu! – Vociferou Erikar para Kadri. – Desarme tudo.

— Eu não posso. – Lágrimas vertiam de seus olhos em desespero. – Eu não tenho tanta magia, aceitei me transformar em Lican para obter esse poder, ainda estava em treinamento.

E Erikar não se sentia contente, o ódio lhe subia pelas entranhas, e eu passei a sentir tanta empatia por Kadri que não podia permitir que o lastimassem mais.

— Deixe comigo. – Olhei para Erikar. – Eu sei como extrair a verdade.

Me aproximei, toquei o seu rosto, seus cabelos negros, levemente encaracolados, seus olhos verdes, e a boca desenhada em lábios finos. Olhei fixamente em seu olhar, proferi um encanto quase inaudível. O problema é que Kadri estava terrivelmente amedrontado, nem uma sugestão ativaria seu subconsciente.

Flora - O DespertarOnde histórias criam vida. Descubra agora