Prólogo

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Ao abrir os olhos, Ana olhou em sua volta e não acreditou que o seu dia chegou, está tão animada e ao mesmo tempo com tanto medo que mal sabia como levantar da cama. Desligou o despertador e logo, foi tomar um banho longo que a vez emergir no passado.Não apenas por escrever o livro, não apenas por ser o dia de sua estreia na Bienal, mas pelo medo de tudo que escreveu, de todos os sentimentos que transbordou dentro de 200 páginas, mesmo sem a  sinceridade de tudo que viveram.

Lembra que sempre falou a ele, um dia ainda escrevo a nossa história mesmo que não fosse para ninguém ler, apenas para ficar marcada, pois para ela era muito linda para ser esquecida.Assim afundada aos pensamentos acabou sendo despertada para a realidade e seu atraso em sua estreia, (já que para quem vive em São Paulo sabe muito bem que chegar na zona norte saindo da zona leste tem que ter pelo menos  uma hora e meia de antecedência).

Chegando ao metrô, colocou seu fone de ouvido, tomando seu leite com nescau e sua bolacha trakinas, algo bem incomum para uma mulher beirando a casa dos trinta.Já na estação sentiu como se o seu coração fosse sair pela boca, com medo e receio de todas as pessoas que um dia leram sua breve história e irão se  identificar, mesmo acreditando que aquela seria apenas mais um clichê de romance juvenil que como sabemos logo seria esquecido.Ao entrar na Bienal foi ao encontro da editora do livro e com todos que a aguardavam, começando assim a rotina de maquiagem, fotos, entrevistas, como se fosse apenas um dia comum a tantos que já havia vivido. O engraçado é que nunca imaginou que o seu livro fosse render tanto, afinal nem ela acreditava nele, pois ao olhar  bem de perto as entrelinhas poderia ver o quanto se sentia anulada na maioria do tempo em sua própria vida.

Como todo bom livro, o seu inicio é cheio de roamance bonito, com flores, vinhos, vida, amor e sexo, mas ao entrar em sua metade fica monótomo, cansativo e desesperador, pois o maior medo é o que o final do livro vai lhe trazer, como se todo livro já tivesse descrito.Sentada em sua cadeira, imaginado que essa mesma aflição já havia sido sentida pelo grande Paulo Coelho. Ficou inerte por uns momentos olhando as pessoas caminharem em direção da sua mesa, logo ela que não acreditava que uma alma fosse comprar esse livro, e que o mesmo nem teria sido publicado se não fosse em uma noite de muita bebedeira e sofrimento que encaminhou mais de 50 e-mails para as editoras olharem  e tentarem entender se aquela história em algum momento faria sentido.

Quando a fila começõu a andar, cada mulher que passava na sua mesa, chorava e dizia que se inspirava em sua história e que acreditava no amor de Julia e Ruan, pois para elas os dois foram feitos um para o outro.Havia alguns homens na fila, mas nenhum que realmente comprou o livro para si, comprou para a mãe, irmã, ou namorada e só aproveitou o autógrafos para dizer que era um a mais. Ao levantar a cabeça uma presença quase que no final da fila chamou a atenção, ficou tão perplexa que se sentiu meio perdida como se não acreditasse ao que estava vendo.Mesmo assim, permaneceu estática  as situações e ao momento que estava passando. A produtora do livro já havia prometido que seria feita uma pausa as 14 horas para meia hora de um breve descanso, e ela sabia que ao olha-lo essa meia hora talvez não o permitisse ficar ali, não a permitisse saber porque ele estava na fila, porque ele veio, o que quer aqui, o que eu vou falar, eram tantas coisas que passavam em sua mente que ficou mais confusa do que já era.

Quando a pausa foi determinada precisava ir ao banheiro para se aliviar um pouco e respirar, pois tinha certeza que não saberia imaginar como se portar em sua frente  nem o que dizer depois de tanto tempo…Após a pausa e sem saber direito no que fazer, voltou ao posto inicial, olha que nem tinha muita gente, pois sei que não sou nenhum Niclos Sparks, mas o livro permanecia sendo uma alegria atrás da outra, com tantas estórias entrelaçadas de pessoas que jamais teria conhecido se não tivesse o escrito.

A cada pessoa que iria embora o frio na espinha chamava sua atenção.Foi quando a vez dele chegou e já não sabia o que dizer, o que pensar, então apenas levantei a cabeça e falei: Oi, tem algum nome em especial que deseja dedicar? Ele disse não, apenas o meu nome, fiquei uns 5 minutos parada sem saber o que escrever, apenas olhando incredula para a capa do livro, pensando oh meu Deus e agora, como se fossem versos soltos no ar, escrevi “Com carinho, para Ruan , pois foi você que me ensinou a possibilidades e os sentidos da palavra Amor”. De sua querida Ana…

Ele apenas, olhou deu aquela sorriso, como diria minha amiga aquele “maldito sorriso”, e saiu como se nada tivesse acontecido e bem a vida tem que continuar.O dia terminou as 17 horas, um dia cansativo, longo e muito produtivo, foi mais do que a realização de um sonho, foi mais do que um simples escritor olhando para o seu primeiro bebê, foi apenas um dia que se deve ter orgulho por ter finalizado e por chegado ao final e dizer Puts sobrevivi. Terminando de arrumar minhas coisas, queria ir para casa, tomar um bom vinho e ouvir uma música e pensar como foi hoje, cada detalhe que passou, cada detalhe que sentiu em ter essa  experiência,  a mesma de ter e poder fazer algo bem diferente do que algum dia imaginou.

Andado até a estação do Tietê pensando em como me sentia abençoada por toda essa reviravolta que em sua vida, olhando para o lado foi quando o vi e não acreditei… Como pode, ele não tinha ido embora e agora o que ele quer. Foi ai que se aproximou, eu disse “Oi, achei que já tivesse ido”, ele sorriu dinovo (aff pra que fazer isso), chegou mais perto, perguntou como eu estava, como estava a vida…( o que ele tem a ver com isso).E minha cabeça a mil apenas olhando a boca se movimentar e não entender porque estava ali falando comigo. Quando ele parou de perguntar apenas respondi bem simples: está tudo bem, na santa paz, pode ficar tranquilo.Ele olhou novamente se aproximando e querendo saber porque eu escrevi o livro, por qual motivo eu deixei todos lerem a nossa história se eu nem ao menos eu a quis continuar, por qual razão permitiu tudo isso.

Apenas lhe respondendo escrevi para imortalizar, pois ela é muito bonita e não deve ser esquecida.Assombrada por todas as lembranças da separação, pelos momentos de dor, fiquei confusa e o pergunte: por que agora, por que dessa vez, por que?Eu sei que nunca esqueci, nem uma vŕgula do que vive com você, então não faz sentido você apenas querer saber como estou. Bem chega, agora vou embora fique bem e se cuide, afinal são coisas como essas que nos fazem escrever livros.

Subindo as escadas,  ele corre atrás de mim me pegou nos braços, entrelaçou a mão em minha cintura, colou o rosto no meu e apenas perguntou “E Se”…..

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