A conquista

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Depois da surpresa com a invasão do seu espaço, Ana ainda vermelha de vergonha e fingindo a calmaria que não tem, procurando a plenitude do senhor para enfim dizer:
- Mas afinal, o que é que você quer?
- Primeiro quero me apresentar, meu nome é Ruan e o seu qual é? Ah já sei, não fale, é Ana, ouvi o cara te chamando, afinal dificilmente eu esqueceria qualquer coisa a seu respeito.

Ana ruborizada e já sem entender o que estava acontecendo, com a mão suando, as pernas trêmulas, um frio na barriga. Pensando por alguns segundos, chegou a conclusão que tinha que sair dessa situação, mas não sabia ao certo como.

Desde pequena sempre  acreditou em contos de fadas, sonhando com um amor de príncipe encantado, foi muito fiel a essas idéias, até ser traída, ignorada e abusada.
Sabe aquelas pessoas que chegam de alguma forma ao fundo do poço, chega em um estágio de solidão incapaz de acreditar que a vida vale a pena. Mas, assim com apenas 13 anos Ana olhou-se no espelho e prometeu a si mesma, que jamais sofreria novamente, que jamais se entregaria de corpo e alma a alguém, que jamais deixaria um homem ter controle sobre ela ou sobre suas decisões.

Voltando dessas lembranças que atingiram sua cabeça, Ana olhou nos olhos de Ruan, sinceramente não sabia o que ele tinha de tão especial, mas não conseguia apenas fingir que ele não estava ali, que ele não mexia com ela, mas rapidinho a realidade fria lhe trouxe a tona, quando Ruan pegou em sua mão e ela viu a aliança enorme entre seus dedos.
Como a rapidez de um flash, Ana soltou de suas mãos e perguntou:
- Você é casado?
Ruan meio sem jeito, apenas olhou para Ana e respondeu:
-Sim.

Ana não conseguia entender, não conseguia acreditar, por qual motivo alguém que é casado faz isso com sua esposa, fica atrás de outra mulher como se fosse apenas um objeto de conquista.

Ana não gostava e não aceitava se sentir assim, usada, olhou bem séria pra Ruan e perguntou novamente:
- O que você quer comigo, o que você quer de mim? Aliás, sabia que sou casada, que amo meu esposo e que não quero nada de confusão... Afinal, por qual motivo um homem casado fica atrás de uma outra mulher.

Ruan simplesmente riu, olhando pra ela e dando o bendito do sorriso, piorando um pouco mais, por que ele ainda mordia os lábios, segurava novamente em suas mãos e balançava a cabeça.

Quando acabou com essa ceninha seduzente olhou e falou para Ana:
- Tem algo em você que me faz tremer.
Afinal já sentiu que conhecia alguém, mesmo sem ter visto essa pessoa na vida, que seu coração bate tão forte que chega seca a sua garganta. Alguma vez Ana, você acreditou em amor a primeira vista, que ao tocar, olhar, sentir o cheiro dessa pessoa, faz todos os seus sentimentos transbordar.
Fala pra mim Ana, se quando você me vê não é assim que se sente, lembrando da adolescência, do primeiro amor, do momento em que o príncipe resgata a princesa, no momento em que você sente que pela primeira vez o feliz para sempre foi feito pra você.

"É assim que me sinto, é tudo isso que me causa. Desde o primeiro dia que te vi no ônibus não tirei você da cabeça, a sua blusa roxa, caída no ombro, sua maquiagem leve e com delineador, com seu salto branco e calça jeans que faziam você se destacar em meio a tantas mulheres no mesmo lugar.

"Ana você é tão linda, que faz com que qualquer homem a deseje, e eu não vou negar, sim eu desejo você, mas não é por sexo, não é por desejo, é por lhe ter aqui perto de mim, é por lhe ter aqui, tão minha que chego a imaginar o seu cheiro, seu toque. Ana estou aqui te olhando, vendo esse olho azul como piscina, e a única coisa que passa na minha cabeça é como pode alguém ser tão linda e não conseguir ver que abala com todos os meus sentidos de alguém."

Ana perplexa com tanta informação em tão pouco tempo, ficou um pouco inerte aquela situação e pensou muito se deveria falar, ou simplesmente fugir, descer no próximo ponto e fingir que aquilo não estava acontecendo. Que aquilo não poderia ser real, como pode um cara chegar do nada falar um monte de meias palavras tiradas de um filme cafona e abalar tanto suas estruturas, mexer tanto com suas emoções, se sentia uma víbora, afinal ela era casada e o Cristian podia não falar eu te amo com frequência, mas ele a amava e convivia com ela, dentro do seu senso de honestidade sabia que tudo aquilo era errado, que tudo aquilo não poderia estar acontecendo, e mesmo que tentasse agora ser uma boa menina, já tinha feito algo errado e não  deveria de forma alguma permitir que algo ultrapassasse esse limite.

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