[la danse d'adieu]

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la danse d'adieu
- a dança do adeus -

Nos dois dias que se seguiram, Felix evitou o Hwang, não lhe olhava, não lhe direcionava a palavra, sentia-se envergonhado, havia se mostrado tão frágil na noite em que levara o sermão do pai, e desabara como uma criança nos braços de Hyunjin, ao menos tinha postura quando suplicou para que lhe levasse ao jardim,onde poderia estar longe de todos.

Seu aniversário de casamento seria no dia seguinte, e o Lee nunca esteve tão fúnebre, após a comemoração todos iriam embora, as broncas seriam mais alta, o silêncio mais incômodo, Chan iria voltar para seu amado, e o amado de Felix voltaria para Paris.

— Bom dia – Disse baixo, ao se sentar à mesa naquela manhã, com olheiras mais visíveis, da noite novamente em claro

— Yongbok, hoje Hyunjin irá lhe acompanhar junto à Nishimura Riki, para retratar um quadro das atividades de nossa escola – O Lee mais velho disse animado, e Felix sentiu seu corpo pesar, com um certo olhar lhe queimando

— Certo, senhor – Respondeu simples, se forçando à alimentar-se o suficiente para não levantar assuntos sobre aquilo

Ni-Ki saiu na frente com Hyunjin, falando animado sobre sua rotina, compartilhando gostos e opiniões com Hyunjin, o pintor lhe respondia e ouvia de bom grado, vez ou outra olhando o Lee distante

— Ni-Ki, acompanhe o senhor Hwang para que ele conheça a estrutura e se inspire, e deixo-o na minha sala após isso, para eu instalá-lo em um local confortável – Felix disse ao adentrarem o edifício

— Ok, Felix – Ni-Ki respondeu sem dar muita atenção, e puxou o francês pelos corredores, falando animadamente

Lee observou a cena, sorrindo fraco, e com um suspiro cansado, seguiu para sua rotina de tarefas, se preparando para se desculpar com o Hwang depois de vergonhosamente evitá-lo.

— Pode entrar – Felix disse algumas horas depois ao ouvir batidas na porta, estava concentrado em alguns papéis, então não deu muita atenção

— Já estou pronto, Felix, pode me mostrar a sala? – Hyunjin perguntou, e pela primeira ele não estava sendo sedutor e sacana, ele estava visivelmente inseguro

— Claro – Felix respondeu, com um sorriso mínimo, e pegou as chaves na mesa, guiando o francês para uma sala vazia longe do barulho das aulas – Hyunjin...

— Hm? – Hyunjin perguntou, olhando em volta enquanto deixava suas coisas no canto do espaço grande

— Me desculpa, eu... Eu não soube reagir, eu me expus muito, a minha fraqueza, e me senti envergonhado de olhá-lo depois disso – Felix dizia, brincando com a chave entre os dedos, encostado na porta

Um longo silêncio se fez presente, até o barulho dos passos do Hwang se fazer presente, ele estava agora à frente de Felix

— Eu entendo – Disse suavemente, e Felix sentiu que poderia chorar quando o loiro acariciou seu rosto – Chéri, se permita viver... Você está tão preso... Deixe transbordar

— E como poderia? Não possuo tal poder – Felix disse em um riso amargurado

— Me mostre a sua liberdade – Hyunjin sussurrou, fazendo Felix lhe olhar confuso – Seja arte, Felix, se permita sentir

— Não estou entendendo – Felix rebateu nervoso

— Eu quero que você dance

— Hyunjin... – Felix disse receoso, enquanto o Hwang se afastava, começando a montar seu material para poder trabalhar

— Vamos, Felix, me deixe ver como você é quando está livre, sem correntes

O Lee respirou fundo, receoso, e se desencostou  da porta, retirando os sapatos, foi até o centro, encarando Hyunjin totalmente nervoso, e ao receber um sorriso do loiro, suspirou, fechando os olhos, e se permitindo pela primeira vez, transformar em movimentos, tudo que lhe sufocava, e céus.... Felix brilhava, era como um sol, hipnotizava, irradiava, os olhos agora abertos brilhavam mais que os olhos cor de mel do Hwang, Felix estava sendo livre.

Cansado, mas sentindo um alívio tão gigantesco, Felix só parou quando seu corpo não aguentava mais em pé, caindo aos tropeços ali à frente do Hwang, que aplaudia admirado

— Me diga, como se sente?

— Essa é....a melhor sensação do mundo, Hyunjin... Eu me sinto tão leve – Felix chorava, mas suas lágrimas não eram de tristeza

O peito subia e descia acelerado, o corpo suado, e um sorriso enorme, Felix era uma bagunça naquele instante, uma bagunça perfeita. Puxou o Hwang para si às pressas, tomando-lhe os lábios em desespero, ele queria que Hyunjin sentisse também, queria que Hyunjin entendesse que ele realmente não era um pecado, queria levar Hyunjin às nuvens como ele o fazia.

Então Felix amou Hyunjin ali, no meio daquela sala, amou de verdade, deixando ambos sentimentos transbordarem, e eles choraram enquanto seus corpos nus estavam unidos, choraram porque sabiam que aquela dança era um adeus e logo se separariam, por isso, Felix aproveitou cada instante, cada mísero canto do corpo e da alma do Hwang por perto, beijou-lhe toda a pele, acariciou-lhe os cabelos, segredou-lhe o quão lindo éras, e percebeu, que definitivamente, não, Hyunjin não o faria ir para o inferno, como poderia sendo que este até então só havia lhe feito sentir como era tocar o paraíso?

Vestidos à contragosto, recuperados do momento fragilizado, Felix estava deitado na perna de Hyunjin, enquanto este fazia sua última obra, o irmão de Felix, dançando entre os alunos, com uma alegria intensa no olhar.

— Eu preciso voltar ao trabalho – Felix disse meio rouco, se sentando, fungou do choro recente, e encarou o Hwang

— Tudo bem, chéri – Respondeu o francês, com um sorriso fragilizado, tocou-lhe a face – Um último beijo?

— Um último beijo – Felix respondeu afetado, e segurou o rosto do pintor, selando lentamente os lábios de ambos

Afastaram-se subitamente ao ouvir a voz de Ni-Ki gradualmente perder o tom, e arregalaram os olhos ao encontrar o jovem parado à porta lhes encarando imóvel

— Nishimura Riki... – Feliz chamou receoso, levantando-se desespero

Paris calls me - HyunLixOnde histórias criam vida. Descubra agora