Nunca saia sozinho

Capítulo 4: Alguém sabe

Fiquei encarando a janela por alguns segundos. Me aproximei e olhei aquelas manchas de mãos e vi que era lama com algo vermelho que julguei na hora ser sangue. Um arrepio subiu nas minhas costas. Olhei para a rua e vi algumas crianças brincando de futebol na calçada.
Peguei um pano e limpei a janela antes que minha mãe veja. Assim que limpei, lembrei do que tinha acontecido ontem a noite. Sobre a perseguição. Fiquei pensando nisso o dia todo. Quando chegou a tarde, corri para o computador. Então comecei a pesquisar alguma notícia sobre a minha cidade.
No começo não achei nada demais. Apenas algumas notícias sobre roubos que aconteceram, e sobre algumas outras coisas chatas. Então dei de cara uma notícia que pelo título me chamou atenção.
Cachorro ataca criança de apenas 4 anos. O animal já foi sacrificado a pedidos de moradores da cidade. O garoto infelizmente não sobreviveu as mordidas do cachorro.
Cliquei. Comecei a ler ela com um pouco de atenção. Não sabia de nenhum ataque, pelo menos, não que eu me lembre. Olho o título da notícia, e vejo que ela é de 2019. Eu ainda tinha 9 anos. Eu com certeza ia lembrar ou ia ficar sabendo de algo. Continuei a ler a notícia, mas não achei nada de interessante. Comecei a pesquisar sobre o toque de recolher e o por quer disso existir. Mas não achei nada. Pelo visto o toque de recolher existe desde sempre.
Sai do computador frustrado. Matheus logo ligou para meu celular.
- Ei. - Disse Mathues no outro lado da linha. - Vamos quebrar a regra de novo?
- Nem pensar.
- Por quê?
- Pelo amor de Deus, Matheus.
Ele começa a me chamar de medroso. Então desligo o celular. Fico um tempo pensando sobre a notícia do cachorro e decidi fazer algo. Peguei meu celular e mandei mensagem para Alice.
" Ei, você pode me ajudar em uma coisa? "
" Preciso que você me ajude sobre isso aqui. "

Mandei o link da notícia. Será que isso tem a ver com alguma coisa que eu passei na noite passada? Ou era só blefe? Alice era ótima com pesquisas, logo ela sabia de alguma coisa.
Alguém bateu na porta nesse momento. Me assustei, mas logo recuperei o fôlego e fui atender a porta. Peguei na maçaneta, então a pessoa do outro lado chutou a porta. Me assustei novamente e pulei para trás. Me afastei da porta.
- Quem é?
Eu gritei. Mas ninguém respondeu.
- Se não responder, eu chamo a polícia.
Pego meu celular do bolso e começo a discar os números. E logo vejo uma sombra de baixo da porta se mover. Estava indo para a janela. Corri e fechei. Uma forte pancada logo em seguida na janela. Corri para outra janela e fechei ela. Corri por toda a casa e fechei todas as janelas. O barulho parou.
Mas logo comecei a ouvir passos de alguém no quintal. Que merda, justo agora. Agora que eu estou sozinho em casa. Minha mãe estava na casa da amiga dela, meu pai devia estar em um bar. Estava nessa merda sozinho. Os passos lá fora pararam. Me acalmei, peguei meu celular pra ligar para a polícia. Alguns toques, o barulho dos passos voltaram. Mas dessa vez no teto.
AS JANELAS DO SEGUNDO ANDAR. Eu não as fechei. Subi as escadas e fecho a janela do meu quarto e do quarto dos meus pais. No desespero, corri para o banheiro e me tranquei lá dentro. Me encolhi em um canto. A ligação que eu fiz pra polícia deu errado. Tentei de novo. Mas a ligação caiu de novo sem ao menos tocar. Tentei de novo. No 3° toque me atenderam.
- Olá.
- Olá, tem alguém tentando entrar na minha casa.
- Garoto, você precisa ficar calmo. Onde você está nesse momento.
- Estou trancado dentro do banheiro.
- Já estou mandando uma viatura para aí. Fique na linha comigo.
- Ok.
Uma notificação cai no meu celular.
Era uma mensagem, me enviaram uma foto. Olhei quem era: desconhecido.
Vejo a foto: Era uma foto minha mexendo no computador.
Engulo a seco. Então uma mensagem de texto cai.

Eu sei o que você fez

Continua....