A caminho de Volterra

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Volterra


POV Carlisle

Alguém bateu a porta do quarto. Não é possível! Esses inúteis não entendem quando digo que não quero ser incomodado?
– Não falei que não queria ser incomodado? - gritei.
– Desculpe Majestade. É que acaba de chegar um mensageiro de Genovia e disseste que queria ser informado imediatamente caso chegasse alguma noticia. - O criado me respondeu com uma voz amedrontada. 
– Mande-o sumir daqui. - Irina pediu, beijando meu abdômen e descendo. Eu a parei e afastei, que pretensiosa achar que eu deixaria a política de lado por ela. Levantei e fui ate a porta.
– Então o que tens para mim de Genovia?
– Essa mensagem, Majestade. - ela respondeu me entregando a carta.
– Fiques por aqui caso precise mandar uma resposta. - fechei a porta e comecei a ler a mensagem, era de Eleazar.
Majestade,
Alegro-me em informa-lhe que os assuntos que me incumbiste de tratar estão muito bem. Aro concorda plenamente com o acordo de paz e tanto ele como a princesa Esme aceitaram o pedido de casamento. No entanto, a princesa tem algumas exigências para vós e para o primo. No que diz respeito a Aro, ele concordou com tudo o que ela exigiu então tudo o que falta para que fechemos o acordo é vossa concordância com as coisas que a princesa solicita.
Sua Alteza deseja que as duas damas de companhia e o primo, o príncipe Edward sigam com ela para Volterra. E que o príncipe Edward receba cargo na corte e se estabeleça como um membro da família real. Por ultimo ela pede que o duque Demetri seja nomeado embaixador de Genovia em Volterra. Aro já concordou com tal nomeação, mas vossa aprovação é necessária para efetivá-lo no carro.
Se me permite um breve comentário considero essas exigências razoáveis e pouco problemáticas.
Vosso humilde sudito,
Conde Eleazar Denali.
Ele tinha razão, as exigências não eram nada que me impedisse de seguir em frente no meu plano. Comecei a escrever minha resposta o autorizando a fechar a negociação em meu nome.
– De quem é a carta? - Irina me perguntou.
– De vosso amado irmão.
– Então, vais mesmo casar com a princesinha revolucionaria? - ela perguntou ironicamente.
– Cuidado com o que falas, minha senhora. Logo a "princesinha revolucionaria" será vossa rainha. E sabes que serás condenada a forca se falares qualquer coisa contra a rainha.
– Não deixarias me decapitarem. - ela falou confiante. Eu ri terminando minha carta e entregando ao mensageiro para que ele a levasse imediatamente. Voltei a cama e a derrubei de costas, ficando em cima dela. Comecei a beijar seu pescoço.
– Eu não moveria um dedo para vos salvar. - eu falei enquanto descia meus beijos por seu colo. - É bom que tenhas isso em mente e controles vossa boca se não quiseres acabar sem cabeça. - ela se calou por um momento mas depois recomeçou:
– E se ela for feia como o diabo? E se precisares por o travesseiro no rosto dela para cumprir vossos deveres de marido? - ela me perguntou rindo da ideia. Notei que ela tinha esperanças de que esse fosse o caso. Irina era vaidosa demais para aceitar a ideia de outra mulher mais bonita e poderosa que ela.
– Não acho que isso irá acontecer. A rainha Didyme era, segundo dizem, a mulher mais bonita de toda a Europa e dizem que a filha não tem do que se envergonhar perante a beleza da mãe. Eu mesmo já vi, certa vez, uma pintura dela quando ela tinha doze anos. Lembro de ter pensado que era a criatura mas bonita que já vi, não consigo imaginar que tipo de desastre poderia acontecer para acabar com tal beleza. - na verdade eu estava um pouco ansioso pela chagada dela, para ver se ela ainda era tão bonita quanto na pintura. - Mas se ela tiver se tornado feia a tal ponto... a suportarei ate que me de um herdeiro depois a trancarei em um convento para o resto da vida. - vi que ela ainda queria falar mais, pus a mão em sua boca para impedi-la. - Não vos trouxe aqui porque goste de vos ouvir falar. - falei beijando e empurrando-a de volta aos travesseiros.

Genovia


POV Eleazar

A resposta de Sua Majestade chegou rápido e felizmente ele não se opunha as exigências. Me apressei em dar as noticias a Aro, conhecia meu rei o suficiente para saber o quanto ele estava ansioso para que isso se realizasse.
Solicitei uma audiência com Aro e o duque Demetri, que havia nos acompanhado a capital para representar a princesa nas negociações.
– Acabo de receber um mensageiro de Volterra, Sua Majestade concorda com todas as exigências. Acredito que agora podemos acabar as negociações e assinar os acordos. - eu falei.
– Primeiro devemos esperar que minha prima venha para a capital para assinarnosso acordo de paz. - Aro falou.
– Na verdade, ela já esta aqui em um lugar seguro. Só tenho que mandar chamá-la. - o duque nos informou. Fiquei surpreso, não sabia que ela havia nos acompanhado.
– Então o faça imediatamente. - Aro não escondia a ansiedade em ver-se livre da prima. - Como faremos para que o rei Carlisle assine os acordos. Mandaremos por mensageiros?
– Não Majestade, o cardeal Mazarino aqui presente tem autoridade para assinar o acordo de casamento em nome de Sua Majestade. Quanto ao acordo de paz, o levaremos conosco e o rei o assinara no dia do casamento.
– E quando este se realizará?
– Tão logo a princesa possa partir para Volterra.
– Majestade - um dos conselheiros de Aro se manifestou - seria bom que antes da partida da princesa fizesses uma nova cerimônia de coroação, desta vez com a presença da princesa e do príncipe Edward, para que o povo veja que não a mais disputas pelo trono.
– Excelente ideia! - Aro falou animado - e eu poderia assinar o tratado de paz com Volterra no mesmo dia... Mande preparar a cerimônia para semana que vem. - era verdade o que diziam sobre Aro, ele adorava um espetáculo publico.
A princesa apareceu mais rápido do que eu esperava, ela devia estar por perto. A jovem que apareceu no salão de reuniões de Aro estava tão diferente daquela jovem mal vestida e cansada que vira no acampamento, que quase não acreditei ser a mesma pessoa.
Ela estava ricamente vestida, com um penteado que lhe valorizava o rosto e os belos cachos, as olheiras haviam sumido, a pele de porcelana muito clara e delicada. Ali estava a beleza de que eu havia ouvido falar. Uma mulher por quem qualquer homem seria condenado a forca com alegria apenas para ter uma noite de amor com ela. Lamentei que ela fosse ser de Carlisle, que alem de um grande amigo é um rei impiedoso. Não podia imaginar a reação dele quando a visse, tinha certeza que ele não estava esperando por isso.
– Ah minha amada prima! - Aro exclamou exagerado como sempre. - Quanto tempo! E como estas bela!
– Obrigada, querido primo. - ela respondeu com ironia. Ela era difícil, altiva e não se dava por vencida se continuasse assim ela teria muitos problemas com Carlisle, ele não admitia esse tipo de atitude. - Qual a razão de chamar-me aqui? - ela perguntou olhando para mim.
– Vossas exigências foram aceitas, Alteza. Podemos prosseguir e fechar o acordo de casamento. - eu lhe comuniquei.
– Faremos isso agora mesmo, mas primeiro devemos assinar o nosso tratado de paz. - Aro falou para ela.
– Prefiro que assines o acordo de casamento primeiro. - ela falou teimosa.
– Como posso assumir um compromisso em vosso nome se não estamos conciliados? O documento não seria valido. Primeiro assinaremos nossa paz e em seguida fecharemos o acordo de casamento. - Aro falou. A princesa ficou insatisfeita, não parecia disposta a confiar em Aro. - Vamos, seja razoável. - ela olhou para o duque Demetri que assentiu, como se respondendo a uma pergunta dela.
– Tudo bem, assinamos nosso tratado primeiro. - ela finalmente concordou. Aro mandou que trouxessem o documento que já estava pronto, foi feita uma leitura do texto e ambos assinaram.
– Ah que felicidade! Podemos voltar a ser a família unida e feliz que sempre fomos! - Aro começou. - Agora senhor conde, senhor cardeal podemos assinar nosso acordo.
O acordo de casamento também foi lido e Aro e o cardeal o assinaram. O duque Demetri, como tutor da princesa, também assinou.
– Agora só nos resta acertar a data para tão feliz evento. - Aro falou. - Minha querida prima, um mês seria suficiente para que prepares vosso enxoval?
– Acredito que sim. - ela respondeu.
– Então em um mês partiras para casar-vos com o rei Carlisle. - a princesa não respondeu, apenas assentiu. - E já que não a mais desavenças entre nos, não a razão para permaneceres fora do palácio, deves ocupar vossos antigos aposentos o mais rápido possível.

POV Esme

Todos os meus preparativos para a partida estavam prontos, meus novos vestidos, jóias e todo o enxoval digno de uma rainha. Aro havia me oferecido tudo, mas não havia nenhuma generosidade no gesto, ele simplesmente não queria que a realeza de Genovia parecesse mendigos aos olhos de Volterra.
Depois de assinados os acordos, Aro quis se exibir para o povo fazendo uma cerimônia de coroação comigo, Edward, o duque Demetri, o conde Eleazar e o cardeal Mazarino como convidados de honra. Doeu-me ver Aro com a coroa de meu pai, no trono dele, mas consolei a mim mesma me lembrando que havia desistido dessa luta.
Aro cumpriu direitinho com tudo o que tinha me prometido, ofereceu anistia e perdão absoluto a todos que me apoiaram e devolveu-lhes os cargos que ocupavam antes. Nomeou Demetri embaixador vitalício de Genovia em Volterra, ele partiria para assumir seu posto junto comigo. Tranquilizada a preocupação com meus partidários que ficariam, ainda me restavam Edward, Isabella e Alice que me acompanhariam para Volterra. Carlisle havia prometido que Edward receberia um cargo pelo qual ele demonstrasse interesse, mas eu não iria me confiar em uma simples promessa, não me acomodaria ate que ele assumisse tal cargo. Quanto a Alice e Isabella, devia tratar de conseguir-lhes bons casamentos, se bem que para Isabella talvez eu não tivesse que me dar ao trabalho de procurar pretendente. 
Assim que decidi casar-me com o rei Carlisle, soube que teria que levar os três comigo. Isabella não tinha mas pais vivos, ninguém para cuidar dela e Edward e Alice correriam risco de vida se ficassem, Aro não arriscaria ser contestado de novo. Nem por um herdeiro com mais direito que ele, nem por sua filha bastarda.
Graças a Deus Alice estava quase completamente recuperada, o medico a havia liberado para a viajem. Se me restasse alguma duvida sobre a lealdade e sentimento dela por mim, esta teria desaparecido depois do que Alice fez, arriscando a vida para me salvar. É claro que eu a amava quase como uma filha, mas eu realmente não imaginava que ela retribuísse esse sentimento. Alice estava comigo desde pequena, mas sempre foi reservada em suas demonstrações de afeto...

A viajem até Volterra foi longa e demorada, mas sem problemas. Poderíamos ter ido mais rápido se não tivéssemos que levar tudo o que levava, mas eu não poderia aparecer em Volterra sem tudo aquilo. Fui escoltada ate a fronteira por soldados de Genvia e quando chegamos a fronteira esses foram substituídos por soldados de Volterra, confesso que me senti mas segura quando estava entre esses do que entre meus conterrâneos. Depois da traição de Felix era difícil confiar nos soldados de Genovia.
Fizemos algumas paradas no caminho para que os animais pudessem descansar. Em uma dessas paradas conheci uma jovem, Carmen, que me contou algumas fofocas da corte sobre a amante do rei, a irmã do conde Eleazar. Essa noticia não era nenhuma novidade para mim, já conhecia a fama de conquistador de meu futuro marido, em Genovia havia historias de varias amantes e não apenas uma. Eu não me preocupava com isso, não deixaria nenhuma condessazinha ficar no meu caminho, me livraria dela assim que chegasse.
Gostei muito de Carmen e a convidei para ir para o palácio comigo, ser minha criada. A que havia trazido de Genovia fugira na fronteira junto com um soldado.
Viajamos mais rápido do que era esperado e chegamos aos arredores da capital dois dias antes do previsto, conde Eleazar convidou-me a ficar no palácio que ele possuía a algumas milhas da capital, eu só devia entrar na cidade no dia do casamento, dali a dois dias. Apreciei a parada assim teria tempo de descansar e estar adequadamente disposta para o casamento, coroação e banquete que aconteceriam.
No dia seguinte a nossa chegada o conde e o cardeal seguiram para a cidade, Eleazar voltou para buscar-me para o casamento assim que amanheceu. A medida que nos aproximávamos eu ficava mais e mais nervosa, estava prestes a conhecer o rei de quem tanto ouvira falar. Diziam-no um homem exigente, refinado, intransigente. As descrições que ouvira dele diziam que era um terrível tirano porem o conde e o cardeal falaram muito bem dele durante a viagem. Eu estava amedrontada, mas também ansiosa.
Chegamos à catedral e eu mal conseguia respirar, esperamos alguns minutos para entrar, primeiro Carlisle assinaria o tratado de paz depois nos casaríamos. As portas se abriram e comecei a caminhar acompanhada de Edward, que me conduziria ao altar. Meu coração parecia querer saltar pela boca enquanto eu olhava diretamente nos olhos azuis penetrantes do belo homem louro me esperando no altar. 

Orgulho e PreconceitoOnde histórias criam vida. Descubra agora