Pego pela Policia
A policia então colocou esses 3 companheiros nossos sob tortura, para que eles revelassem nomes e
lugares onde poderiam nos encontrar. Dois deles não falaram nada, mas um deles não agüentou a tortura e
acabou abrindo a boca. Mais tarde ele foi morto pelos próprios presos, que não toleram "caguetes" dentro do
presidio, para eles quem entrega os comparsas é covarde e não merece viver.
Então a policia sabendo do nosso esconderijo cercou geral. O nosso sentinela ainda nos avisou sobre o
cerco, mas já era tarde. Eu e o Alemão ainda tentamos fugir, mas foi em vão. Corremos por um beco bem
comprido e escuro, mas batemos de frente com mais de 20 policiais armados e apontando pra nós. A gente só
teve tempo de soltar as armas que tínhamos nas mãos e deitar no chão, pois se tentássemos reagir com certeza
seriamos mortos.
Chegando na prisão, nos colocaram numa pequena sala e começaram a fazer perguntas, e nós dizia-mos
que não sabia-mos de nada, então um policial muito forte chamado Lopes nos deu uma folha e caneta e falou:
- Vocês tem 5 minutos pra escrever aqui os nomes de todos os componentes do tráfico que trabalham
pra vocês. Se dentro de 5 minutos eu não tiver com essa lista em mãos "o bicho vai pegar pro lado de vocês!"
Passaram-se os 5 minutos e a folha continuava limpinha, então o Lopes se aproximou de nós e viu que a
folha ainda estava em branco.
- Então quer dizer que vocês querem fazer as coisas do modo mais difícil né? Por mim tudo bem, eu
acho até melhor.
E num movimento brusco o Lopes deu um soco no rosto do Alemão que caiu pra trás com cadeira e tudo,
daí uns 6 policiais que também estavam na sala, começaram a chutar e bater com o porrete no Alemão. Eles
batiam em todas as partes do corpo do cara. O Alemão levou tanta porretada na cabeça que não resistiu e
acabou morrendo. Eu ainda não sabia que ele estava morto, eu só soube quando ouvi um dos policiais
cochichando com outro:
- É cara, acho que exageramos, era só pra dar uma surra e nós acabamos matando esse
miserável.
E o outro falou:
- Mas a culpa não foi nossa, foi o Lopes que mandou bater até ele parar de respirar. Ele disse que um
bandido a mais ou a menos no mundo não fará falta.
O corpo do alemão que era bem branco, estava totalmente coberto de sangue e cheio de hematomas,
então o Lopes falou para os outros policiais:
- Tirem esse lixo daqui que já tá fedendo!
Então alguns policias saíram arrastando o corpo do Alemão, deixando um rastro de sangue para trás. Daí o
Lopes veio para o meu lado e sorrindo falou:
- Como é , quer ter o mesmo destino do seu amigo? Ou vai fazer o que estou pedindo?
E eu fiquei naquele dilema, se eu não fizesse o que ele pedia, ele me mataria como fez com o Alemão, mas
se eu fizesse o que ele pedia, então quem me mataria seriam os presidiários por eu ter entregado meus
parceiros. E agora, o que fazer. Então alguém cochichou no meu ouvido:
- Pede um tempo pra ele.
Eu olhei rápido pra trás e só vi dois policiais mal encarados. Fiquei quieto, pois com certeza não poderia
ter sido eles. Então ouvi de novo:
- Pede um tempo pra ele que eu vou te libertar.
Novamente olhei pra trás, e um dos policiais falou:
- Por que tá olhando pra mim? Tá querendo começar a apanhar agora mesmo?
E eu disse que não, e até pedi desculpa. Depois falei com o Lopes e fiz o que a voz me mandou fazer.
- Eu preciso de um tempo, pois se eu entregar tudo eu morro hoje mesmo dentro da prisão. Mas
amanhã eu faço o que você quer. É só o tempo de eu me ajeitar lá dentro.
E o Lopes respondeu:
- Tá certo, eu não sei nem por que eu vou te dar esse tempo, hoje eu tô muito bonzinho não sei por que!
Muito bem, você tem até amanhã de manhã pra me dar o nome de todos os seus amigos de crime. E
agora vai, antes que eu mude de idéia.
Os policiais me levaram aos empurrões para a cela, e por coincidência fiquei junto com um dos nossos
companheiros que fora preso dois dias antes, que se chamava Aranha . Ele estava bastante machucado por não
ter entregado o bando. E foi logo falando:
- E ai Leudo, cadê o Alemão? Soube que vocês foram presos juntos. Cadê o cara?
- Infelizmente ele não resistiu as pancadas que levou e acabou morrendo.
E ele pegando na abertura da minha camisa me empurrou na parede e disse:
- E tu. Por que não apanhou? Tu entregou nossos companheiros não foi ? Fala logo, fala logo.
E eu empurrando ele gritei:
- Fica calmo porra, eu não entreguei nem vou entregar ninguém. Mas eu pedi um tempo aos "homens"
pra eu poder bolar algum plano pra sair daqui hoje mesmo.
E o Aranha mais calmo falou:
- Tá certo mano, eu acredito em você. Olha cara, tem alguns presos planejando uma fuga para hoje a
tarde, e eu tô dentro, se você quiser vir também, essa pode ser sua última chance.
- É claro que eu vou, afinal não tenho mais nada a perder mesmo.
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A OVERDOSE DA SALVAÇÃO
DiversosEste livro, conta a jornada de um jovem que não queria assumir compromisso com DEUS