❝ 𝗛𝗮́ 𝗺𝗼𝗺𝗲𝗻𝘁𝗼𝘀 𝗲𝗺 𝗾𝘂𝗲 𝗮 𝘃𝗶𝗱𝗮 𝗲́
𝘁𝗮̃𝗼 𝘀𝗼𝗺𝗯𝗿𝗶𝗮 𝗾𝘂𝗮𝗻𝘁𝗼 𝗮 𝗺𝗼𝗿𝘁𝗲. ❞
Não era segredo o fato de que seu pai sempre fora um homem violento; porém, isso vinha piorando muito ultimamente – mais especificamente, na última semana. O medo e a tensão que pairavam no ar aumentavam a cada dia que se passava.O consumo de bebida alcoólica de maneira exagerada era o principal motivo para o nível de crueldade das agressões que sua mãe sofria estar aumentando drasticamente. Por algum motivo relacionado à frustração com algo do trabalho de seu pai, quem "pagava" era a indefesa Lillie.
Você e seu pequeno irmão Kenji se encontravam embaixo da coberta, ambos tremendo de medo enquanto ouviam os gritos de dor que vinham do andar de baixo.
A sala de estar era o palco para a sessão de tortura da noite. Em um momento de total insanidade, Madara estapeou o rosto da própria esposa e a jogou de bruços no chão, para em seguida chicotear suas costas com seu cinto de couro.
Ela gritava tão alto que o som ecoava pelas paredes da casa; pelo fato de morarem em um lugar retirado e próximo a uma floresta, o qual apenas poderia ser acessado de carro, não havia ninguém a quem recorrer para pedir ajuda.
A dor que Lillie sentia era enorme, mas o que mais doía era pensar na possibilidade de que o mesmo poderia acontecer com seus filhos, ou até pior. Por esse motivo ela suportava as agressões por tanto tempo.
Kenji começou a chorar compulsivamente e tudo o que você conseguiu fazer foi abraçá-lo contra seu peito.
— Shhh, tenta se acalmar. – você sussurrava para o pequeno, temendo que o choro fosse ouvido pelo homem.
"Tick-Tack!"
O barulho no vidro chamou sua atenção.
Um corvo bicava a janela do quarto várias e várias vezes. O pássaro negro chamou sua atenção em meio àquele caos, e naquele momento você desejou ser livre como os corvos.
Quase que instantaneamente surgiu uma ideia em sua cabeça: vocês deveriam fugir. Poucos instantes depois, já estava convencida de que isso era o certo a se fazer.
Quando os barulhos cessaram e a casa estava em pleno e total silêncio, Kenji adormeceu. Mas mesmo com a "calmaria", você não conseguia fechar os olhos para descansar.
Não havia explicação para isso que estava sentindo. Ia muito além do medo, era pânico, em sua pura forma. E havia também esse pressentimento terrível de que alguém iria morrer.
Passou a noite sem dormir, planejamento como realizaria sua fuga. Primeiro de tudo, falaria com sua mãe. Queria tirá-la das garras daquele tirano, ela não merecia passar por aquilo.
Quando amanheceu, você esperou seu pai sair para o trabalho e logo em seguida foi correndo ao encontro de Lillie.
— Mamãe! – você chegou no quarto dela, indo diretamente abraçá-la.
Ela retribuiu o abraço, sentindo o corpo doer onde você apertava. A mulher não conseguiu evitar que as lágrimas rolassem pelos seus olhos – dos quais, um deles estava inchado e arroxeado.
Você se afastou e a olhou nos olhos, notando os ferimentos no rosto da mulher. Além do olho roxo havia também um corte na bochecha. Esse era o sinal de que as coisas estavam indo longe demais; o desgraçado nunca antes ousara marcar o rosto de sua mãe.
O ódio que você sentiu tomar conta de seu corpo era apenas inexplicável.
— Mamãe... nós precisamos fugir. – você disse de maneira firme.
Ela secava os olhos com as costas da mão, fungando baixinho. Sem dúvidas, a dor emocional era bem maior que a física. Estar há tanto tempo nesse relacionamento, sofrendo esse tipo de agressão, a quebrou.
Mesmo para você que era apenas uma criança de 12 anos, era nitidamente perceptível o cansaço no olhar dela.
— Nós não podemos, meu amor. – ela disse com uma tranquilidade tão forçada que assustou a si própria.
— E que outra escolha nós temos? Ficar aqui e assistir você morrer de tanto apanhar, mãe?
Essas palavras duras vindas de você cortaram o coração de Lillie. O que a machucou não foram as palavras em si, mas o fato de você ser nova demais para passar por uma situação dessas e ter que desenvolver tamanha maturidade tão cedo.
— Céus, eu não quero ser uma mãe desnaturada. – ela falava mais para si mesma. — E embora eu saiba que não é o certo a se fazer, tenho que dizer isso: fuja, [Nome]. – falou com as mãos apoiadas nos seus ombros. — Pegue o seu irmão e vá para o mais longe que conseguir. Mas eu preciso ficar.
Você estava boquiaberta. Não imaginava ouvir algo assim e também não se sentia capaz de compreender o porquê de ela não vir junto.
— Por que você vai ficar? – indagou rapidamente.
— Por vocês, pra proteger vocês. – seus olhos se encheram d'água. — Eu sei que é difícil entender agora, mas acredite em mim. Comigo aqui ele não tem motivos pra ir atrás de vocês. Vou enrolar ele o máximo que puder e assim suas chances serão aumentadas.
Levando algumas poucas roupas, água e pão, os irmãos dão um último abraço de despedida em sua fragilizada mãe e deixam tudo, sem olhar para trás.
✶⊶⊷⊶⊷❍⊶⊷⊶⊷✶
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𝐏𝐒𝐈𝐂𝐎𝐒𝐄, 𝖬𝖺𝖽𝖺𝗋𝖺 𝖴𝖼𝗁𝗂𝗁𝖺
Fanfic━━━ 𝐏𝐒𝐈𝐂𝐎𝐒𝐄 ❝ 𝖮𝗇𝖽𝖾 [𝖭𝗈𝗆𝖾] 𝖾𝗌𝗍𝖺́ 𝗇𝖺 𝖺𝗎𝗅𝖺 𝖽𝗈 𝗌𝖾𝗎 𝖼𝗎𝗋𝗌𝗈 𝖽𝖾 𝖯𝗌𝗂𝖼𝗈𝗅𝗈𝗀𝗂𝖺 𝗊𝗎𝖺𝗇𝖽𝗈 𝖼𝗈𝗆𝖾𝖼̧𝖺 𝖺 𝗋𝖾𝗅𝖾𝗆𝖻𝗋𝖺𝗋 𝗈 𝗆𝖺𝗂𝗈𝗋 𝗍𝗋𝖺𝗎𝗆𝖺 𝖽𝖾 𝗌𝗎𝖺 𝗏𝗂𝖽𝖺, 𝖼𝖺𝗎𝗌𝖺𝖽𝗈 𝗉𝗈𝗋 𝗌𝖾𝗎 𝗽𝗮𝗶...