Eternidade

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"Dois amantes felizes não têm fim nem morte,
Nascem e morrem tanta vez enquanto vivem,
São eternos como é a natureza."

- Pablo Neruda

Naquela manhã, as flores do jardim pareciam terem sido desabrochadas. O clima parecia perfeito e o silêncio poderia ser uma dádiva, um completo presente para quem o amasse.

Para Lan Wangji, o silêncio feria. Wuxian apertou sua mão enquanto ambos observavam o caixão de Lan Xichen descer no solo.

Haviam poucas pessoas ali. Foi uma decisão unânime de fazer aquele momento apenas para as pessoas que foram realmente próximas de Lan Xichen.

Lan Qiren foi o primeiro a discursar sobre como o sobrinho era importante não só para si, mas toda a sociedade. Ele contou seus feitos, contou o tipo de personalidade que Xichen tinha e por fim, finalizou as singelas palavras com o que mais doía na família Lan: Xichen não merecia ter morrido tão jovem.

Mian não quis fazer qualquer discurso. Ela não conseguia aceitar aquela realidade. Quando tudo havia acontecido, Wuxian desconfiava que ela tinha empurrado todos os sentimentos para dentro do coração o máximo que podia, mas ainda tinha esperança do outro estar vivo.

Wei Wuxian não conseguia imaginar como era lidar com a perda de uma pessoa amada, e não bastasse isso, perdesse também a esperança. Mian tinha os olhos inchados, seu semblante era de despertar compaixão em qualquer pessoa.

Ela apenas se ajoelhou próxima do solo e sussurrou palavras que sinceramente Wuxian sentiu que não deveria ouvir. Era um momento muito pessoal. Ele só queria estar ali para segurar a amiga porque o pequeno corpo chorava tanto que Wuxian não sabia como isso era possível.

Por último, Wangji decidiu dizer apenas as palavras que tinha em seu coração.

"Espero ser a metade do Imperador que você teria se tornado. Espero ter a capacidade de amar na mesma intensidade, pois sei que é o que você desejaria para mim." Ele disse tentando conter as emoções que transbordavam dentro de si. "Se em alguma outra realidade formos irmãos novamente, espero aproveitar cada segundo de sua companhia. Obrigado..." E me desculpe, Wangji queria dizer, mas não conseguia. Pensou que o irmão não ficaria feliz ouvindo desculpas independente de onde estivesse.

No momento em que os coveiros cobriram a terra, Wangji se virou para Wuxian e o abraçou tão forte que Wuxian se perguntou como tudo teria sido se não estivesse ali, e com apenas o pensamento, ele apertou os olhos porque era algo doloroso só de tentar visualizar.

E apesar daquele momento trágico, Wuxian sentia fortemente que as coisas ficariam bem.

(...)

No início, as mudanças não ocorreram de imediato. Wangji, que ainda estava preso pelos acontecimentos recentes, tentava de todas as formas desvencilhar aquelas memórias de si, então tentou se afogar em trabalho nas primeiras semanas.

Apesar da culpa interminável em seu coração, havia algo para qual ele conseguia sorrir todas as manhãs: Wei Wuxian.

E não, apesar de agora estarem em bons termos, ainda não sabiam exatamente explicar como aquela relação funcionava. Wangji tinha tantas preocupações desde o ataque de Lanling Jin que era injusto para ele que Wuxian tivesse apenas metade de sua atenção.

Quando na realidade, ele queria dar tudo de si.

Então, como em um recomeço simples e devagar, Wangji pediu para que Wuxian fizesse suas próprias escolhas. Ele era livre e poderia ir para onde quisesse e estar... também.

Tudo começou por onde Wei Wuxian dormia. Embora Wangji tivesse lhe arrumado um quarto maior, Wuxian decidiu que continuaria no mesmo quarto de sempre. Ele ainda não estava tão seguro do que deveria fazer por dali em diante.

IMPERADOR | WANGXIANOnde histórias criam vida. Descubra agora