Colegas de quarto

Lar novo lar

Boa leitura amores ❤️

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Normalmente, sonhos de infância não costumam se tornar realidade. São uma fantasia, criada pela mente infantil de quem ainda não conhece nada da vida; não sabe das dificuldades que o mundo pode proporcionar, e não imaginam que um simples desejo pode ser tão difícil de se realizar.

Felizmente, toda regra possui a sua exceção, e nesse momento, olhando para o quarto amplo, percebi que havia criado minha própria exceção à regra, e agora meu sonho de fazer faculdade de medicina, enfim, estava se tornando realidade, mesmo que aos meus 21 anos de idade, pensasse que não conseguiria mais alcançar aquele sonho de criança.

O quarto possuía laje baixa ao centro, com uma escada branca subindo para uma parte mais elevada do cômodo; uma janela ocupando uma parede inteira, aberta para uma pequena sacada, e com direito a banheiro privativo. A faculdade em que fui admitido, é a mais disputada atualmente, com vários prêmios decorando o corredor principal do enorme prédio, uma lista de ex-alunos renomados em variados ramos e carreiras, além de uma fila de espera enorme para admissão a cada novo ano, chegava a ser surreal estar ali.

No entanto, um fato é que eu nunca desisti. Mamãe - vulgo Inko Midoriya - sempre acreditou no potencial que havia em mim e, é claro, eu não poderia desapontar a pessoa que sempre esteve ao meu lado; cuidou de cada passo meu, e garantiu que a minha educação fosse a melhor possível. Então, me sinto orgulhoso ao dizer que estou oficialmente me mudando para os dormitórios da Tokyo State University, depois de ter passado na prova de admissão com a terceira melhor nota do teste. Minhas coisas já estavam organizadas, mas sobrava tanto espaço no quarto, por um instante, me senti solitário, em vista de que o meu dormitório era um dos poucos a ser ocupado por apenas um estudante. De certa forma, seria muito bom em relação à privacidade para os estudos, porém, péssimo para alguém tão comunicativo como eu.

Respirei aliviado por já ter organizado todo o espaço que usaria, tomando somente o lado mais alto do lugar. Agora, só me restava sair um pouco e conhecer o campus, esse que se tornaria meu lar pelos próximos anos cursando medicina, aproveitaria também para saber mais ou menos onde ficavam as minhas salas de aula, assim, evito o transtorno de me perder na próxima semana, chegando atrasado para a minha primeira aula.

O lugar não me era tão desconhecido, uma vez que já havia estado na universidade em algumas visitas com a minha mãe, na época em que estávamos pesquisando quais faculdades eu tentaria me inscrever. Foi amor à primeira vista. O Campus é simplesmente enorme, dividido em três grandes aglomerados, sendo: dois para aulas e um para os dormitórios. As divisões das áreas de estudos eram feitas de acordo com os cursos; dentro dos aglomerados, os prédios eram divididos em setores: "A" e "B" . Pessoas que queriam estudar medicina - como eu - ficavam no aglomerado 2, prédio B, onde cursos de enfermagem, bombeiros, direito, dentre outros, também eram alocados.

No entanto, meu amor mesmo era a biblioteca da universidade, ela é simplesmente incrível, possuindo cópias e mais cópias dos melhores livros de todo o mundo; é a maior biblioteca do país, e foi um dos pontos que pesaram muito na minha decisão. O lugar é mágico, dois andares tomados de prateleiras do teto ao chão, cheias de livros e mais livros. Havia mesas espalhadas em seu centro, e alguns computadores rodeavam esse espaço. O prédio em si, visto por fora, era parecido com a cúpula do Vaticano, tendo o mesmo formato, todavia, parecia ser muito maior por dentro do que era verdadeiramente por fora. Como havia dito, simplesmente mágico.

Eu já tinha aceitado a ideia de que teria que me esforçar para encontrar novos amigos, por isso, mal posso descrever a minha felicidade - e alívio - quando pisei fora do meu quarto, e vi meu melhor amigo, Denki Kaminari, do outro lado do corredor. Dá para imaginar? Estávamos sem conversar há algum tempo, desde que ele viajou de férias para a Flórida. O pedacinho de céu resolveu do dia para a noite que queria se isolar completamente para aproveitar "sem intromissões" - como ele mesmo havia dito - suas férias dos sonhos. Se eu me senti ofendido com isso? É claro! Meu coração de maria-mole sofreu com a sua ausência, mas nada que muito dengo dele não pudesse desfazer.