Nós podíamos ter tido tudo

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Boa leitura amores ❤️

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As pessoas deveriam se conscientizar sobre certas coisas, uma delas é que acordar uns aos outros em pleno sábado às sete da manhã, não é coisa que um ser humano deveria submeter o outro. Meu soninho estava tão bom, poderia ter dormido por mais umas duas horas se uma revoada de beijos — que não assumirei de forma alguma que estavam muito bons e que foi um ótimo jeito de acordar — não tivesse sido distribuído por todo o meu rosto.
Poxa, nem lavei o rosto ainda, devo estar só a remela.
Deixei que os meus olhos mostrassem a minha frustração e preguiça, os abrindo tão preguiçosamente que até um bicho preguiça teria inveja de mim, e então, acho que precisei fechá-los de novo.
Eu sei poxa, vejo Katsuki todos os dias quando acordo, mas ele sempre levanta antes de mim, então não estou nem um pouco preparado para a beleza que esse homem é quando acorda.
— Bom dia dorminhoco.
Se eu dissesse palavrões, estaria xingando uma lista enorme agora, porque meu paizinho do céu, que voz gostosa é essa? Eu sei que a voz dele já é bem grave normalmente, mas porque ele não me avisou que ele é tão grossa assim quando acorda?
— Bom d-dia — Tentando parecer o mais calmo possível, eu o respondi.
Mas a verdade é que estou surtando em pleno sábado, às sete e quinze da manhã, com um deus grego de voz rouca por cima de mim me enchendo de beijinhos gostosos, e pasmem, ainda estou deitado na cama de casal junto a ele já que dormimos agarradinhos na noite passada.
E acho que nem vou pensar no incômodo entre as minhas pernas, apenas rezar a Amaterasu que ele não perceba!
— Nem vou perguntar se dormiu bem, afinal, foi comigo que tu dormiu né, bebê?!
— Tá pra nascer um ser humano mais metido do que você, em Kat.
Sorri abobalhado quando ele me pegou em seus braços, me colando ainda mais ao seu corpo quente e confortável, enfiando o seu rosto em meu pescoço, me fazendo arrepiar inteiro.
— Sabe que eu tenho razão, docinho.
— Hum, eu estaria mentindo se dissesse que não Kacchan, afinal, você é bem gostosinho de abraçar, parece um bichinho de pelúcia bem fofinho.
— Não fode, seu anão.
Ah, esse garoto sabe jogar baixo, e me castigar com suas cócegas mortais, é uma das suas maiores armas!
— P-pare K-katsuki, eu n-não aguen-to…
— Pede desculpas, seu brócolis mal cozido!
Céus, ele vai me matar assim, estou quase fazendo xixi na roupa de tanto rir, literalmente.
— D-desculpas! E-eu, só est-ava brincando K-kacchan
Os dedos hábeis se afastaram de mim e então pude finalmente respirar em paz, e tentando me acalmar enquanto buscava pelo ar ausente em meus pulmões, a minha mente se deixava levar pelo clima gostoso em que estávamos, tentando ao máximo se convencer de que aquilo era real, que poderia ser duradouro e que em um futuro bem próximo, essa cena poderia se repetir todos os dias, eu estou me esforçando para acreditar que posso começar um relacionamento com Katsuki, pois eu nunca desejei tanto estar com alguém, como estou desejando estar com ele agora.
— Levanta e vai se arrumar logo, teremos um passeio.
— Passeio?! Onde?
— Surpresa, Deku, e nem adianta tentar me fazer falar, sabe como é né?! Surprise is surprise.
— Você é tão mau comigo, Kacchan.
Usei propositalmente um tom voz bem manhoso, o provocando descaradamente.
Mas sabem como é, nunca se deve provocar um leão com vara curta.
— Continua me provocando assim, e eu vou te mostrar como eu posso ser mau Izuku — aprendi na pele pessoal, e sinceramente? Quero mais.
Depois do meu leve gay panic, corri para o banheiro, tratando de tomar um banho quentinho — bem menos demorado do que eu realmente gostaria — e de me produzir para sair com o Bakugou.
Não posso negar a minha ansiedade assustadora em saber aonde iremos, mas esse suspense também estava alimentando algo diferente em mim, mais relacionado a aventura ou uma diversão mais arriscada. Minha mente — nessa altura do campeonato — já está desligada para minhas obrigações da faculdade, ou de qualquer outra pessoa, mas quando os lábios macios e deliciosos colaram aos meus, percebi que não tinha capacidade nem de raciocinar um simples comando ao meu corpo, e foi aí que senti meu ar faltar.
Minha boca foi tomada com gula, mas o beijo ainda era calmo e ritmado, os dedos longos pressionavam a carne da minha cintura, deixando uma marca que mesmo sem ver eu sei que vai estar lá.
— Bom dia — Os lábios dele ainda roçaram sob os meus enquanto meus ouvidos recebiam a voz grossa e sensual, me saudando de uma forma que eu não reclamaria se ocorresse todos os dias.
— Bom dia Kacchan — Sorri bobo pela repetição do cumprimento, adorando ser mimado por ele.
E em um fino sussurro eu lhe respondi, deixando que minhas pálpebras se abrissem para fitar o olhar intenso que ele possui.
— Vamos logo, não quero que cheguemos atrasados.
— Mas, Kacchan, nem tomei café ainda.
Inflei minhas bochechas irritado, meu estômago já roncava em antecipação para comer novamente aquele maravilhoso pão de mel que era servido somente aos fins de semana, e só de lembrar-me deles, já me sentia salivar.
— Não se preocupe com isso, Deku.
— Como não?! Eu estou com fome Katsuki!
— Vou te levar em um lugar que tem os melhores bolos da cidade — Um sorriso presunçoso pintou em seus lábios ao perceber que já havia ganhando aquela mine discussão — Certeza que vai preferir comer aqui?
Ainda assim, ele não se permitiu perder a chance de provocar.
Não faço a menor ideia do que ele tem em mente, ou para onde pretende me carregar, mas quando doces são envolvidos na conversa, automaticamente me vejo sem argumentos para contestar. Ainda é surreal tudo isso, pois a um mês e pouco atrás, Katsuki e eu quase nem nos falávamos — mesmo que eu já me sentisse atraído por ele — e agora, estamos aqui, saindo para um encontro logo pela manhã.

Colegas de quartoOnde histórias criam vida. Descubra agora