No fim, nosso destino sempre esteve entrelaçado

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Boa leitura meus amores ❤️

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O tempo é relativo, Albert Einstein citou uma vez, e nossa, mal sabia ele o quão certo estava.

O silêncio que prevalecia na sala era angustiante, mas não parecia que um de nós estava disposto a quebrá-lo. Saber que o Katsuki não sabia o que eu sentia por ele durante o tempo em que estivéssemos juntos é um pouco doloroso, me faz sentir como se de alguma forma eu não tivesse dado o suficiente de mim no nosso curto relacionamento — o que a pouco tempo atrás me traria alívio, mas agora só aumenta minha angústia.

Eu sempre soube que havia alguma coisa mal resolvida entre nós dois, que eu deveria ter lhe dado o benefício da dúvida ou ao menos ter voltado para uma conversa mais madura. Eu era quase um adulto, afinal, não deveria ter agido feito um adolescente. Mas a dor faz coisas inimagináveis com as pessoas, e no meu caso experimentar desse novo sentimento, só me fez procurar não senti-lo novamente.

Katsuki abriu e fechou a boca algumas vezes, como se escolhesse bem as palavras que usaria. Eu não sabia se queria ouvir o que ele tinha a me dizer. E se Bakugou dissesse que também me amou? Bem, eu já sabia que entre nós existia algo bem maior do que apenas um "gostar", mas ouvi-lo dizer é diferente.

— Você não precisa dizer nada Katsuki, eu apenas precisava pedir desculpas, m-mesmo que agora isso não sirva para nada.

Ele me olhou da forma intensa de sempre, seu olhar parecendo ver além da pele e carne que esconde os meus ossos, desvendando cada mistério escondido dentro de mim. Desviei o olhar com medo de cair novamente em seus encantos, sentindo então meu corpo tremer quando a sua voz soou pelo ambiente outra vez.

— Eu não consigo ter essa conversa agora, Izuku.

Eu o entendia. A verdade é que ambos não estávamos prontos para ter todas as cartas jogadas sobre a mesa de uma só vez.

Decidido a dá-lo espaço — e principalmente me dar espaço — eu me levantei, olhando só mais uma vez em sua direção antes de seguir em direção a porta, saindo do seu apartamento sem nem ser impedido de tal. Eu desci as escadas tentando não ficar muito focado nos meus pensamentos, tentando esquecer a forma irregular com que o meu coração batia toda vez que eu me lembrava da sua expressão, sai do prédio tentando não pensar se ele sentiu em algum momento o mesmo que eu, na mesma intensidade, do mesmo jeito doloroso que eu senti. Estava tão focado em não focar nele, que quando vi já estava atravessando as portas do hospital, pois somente ali eu conseguia não pensar o suficiente para não tê-lo tomando os meus pensamentos da forma que só ele é capaz.

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— Doutor Midoriya? Você tem mais duas pacientes na sala de espera para uma consulta, mas já passou um pouco do seu horário, quer que eu as peça para voltar amanhã?

Momo estava mais receosa comigo do que costumava ser, me cobrando mais e mais o cumprimento de horários e de uma rotina mais favorável ao meu corpo, para que assim eu pudesse ter energia suficiente para cuidar da minha saúde mental e emocional. Gosto da forma protetora com a qual às vezes ela se identifica, principalmente porque não sou o tipo de pessoa que pensa muito no próprio bem estar — o que é meio contraditório já que sou médico.

— Ah, não Momo-san, vou atendê-las e então irei encerrar o meu horário.

— Midoriya, já faz meia hora que passou do seu horário.

— Não seja assim Momo-san, serão consultas rápidas.

Ela me olhou como se avaliasse as minhas palavras. Tentei ao máximo lhe passar um sorriso calmo e despreocupado, implorando profundamente para que ela não percebesse o real motivo por detrás da minha relutância em voltar para casa, torcendo para que ela não visse que o meu único empecilho em encerrar o meu turno, era o fato de não querer ficar sozinho com os meus problemas, meus pensamentos e minhas próprias dores, todos frutos de um enorme erro que era todo e completamente meu.

Colegas de quartoOnde histórias criam vida. Descubra agora