Cap 1

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•Liesel•
   Mais uma segunda-feira. Odeio as segundas-feiras, ainda sou uma estudante então este dia representa o fim do meu breve período de pausas escolares, se não fosse a minha mãe me obrigando a levantar todos os dias e ir para a aula, eu sinceramente nem iria. Minha mãe é bem distante de mim e nunca conheci meu pai, de maneira alguma posso negar que isso fez certa diferença em minha vida. Nunca me considerei muito bonita e posso dizer que minha saúde mental é de certa forma, estável. As garotas do colégio gostam de zombar de minha aparência, esse é definitivamente um dos motivos de eu me recusar a simplesmente dar as caras por lá, o outro é por que em momento algum consegui ver que haverão coisas boas em meu futuro, mesmo assim me esforço para ter, pelo menos um pouco, do orgulho de minha mãe.
- filha já está acordada? - ouço minha mãe gritar da cozinha
- sim, mãe
- certo, se arrume e desça para tomar o café.
   Eu amo minha mãe e apesar de não sermos tão próximas, nunca contrário o que ela diz. Visto meu uniforme um dos únicos hábitos da minha rotina monótona e desço as escadas em direção a cozinha, meu uniforme é até bem fofo, diferente do da maioria das outras instituições de ensino, na verdade até gosto de como fico bem nele. Os tons de azul e branco que a peça possui se unem muito bem, a camiseta branca tem apenas a insígnia do colégio e a saia, algumas rendas em sua base, temos que usar obrigatoriamente uma meia calça branca e luvas rendadas azuis, Além de uma boina num tom de azul diferente com seu próprio nome escrito. Para identificação dos alunos, imagino. A paleta de cores do uniforme se contrasta comigo, meu cabelo ruivo e sardas se destacam e minha pele clara da um grande foco em meus olhos verdes. Não me incomodo com o fato de ser ruiva, o que me incomoda é o meu corpo ser estranhamente esguio e magro, claro, tenho algumas pequenas curvas mas, a puberdade realmente não foi generosa comigo. Ao chegar na cozinha me dirijo para a cadeira em frente a bancada que dividia a área do fogão da área de jantar. Na bancada já me esperavam um pão com ovos, Bacon e um copo de suco de laranja.
- oi mãe, bom dia
- olá filha, eu decidi preparar seu lanche hoje,afinal será nosso único momento juntas por um tempo. assim que retornar pode dizer para a Mary arrumar a casa? Estarei em uma reunião de trabalho e voltarei apenas daqui a duas semanas, já estou de saída
- claro...
- Fui ao mercado ontem e fiz compras, se quiser algo de diferente para comer peça a Mary, mas por favor mantenha-se em sua dieta. Deixei um cartão de crédito em cima da estante, na sala, caso precise comprar algo basta pega-lo tem um bom limite nele. Use com moderação certo?
- claro mãe... obrigado, porém já estou de saída, boa sorte em sua reunião
- obrigado meu bem, tome cuidado
- tomarei sim... até daqui duas semanas.
   Como disse, minha mãe é muito ocupada, é difícil ela ter tempo para gastar comigo e eu não tenho amigos, com exceção a minha gata Kiki e o garoto estranho que mora no fim da rua. Não tenho muito contato com ele, então fico a maior parte do tempo sozinha, com minha gata, ela é toda preta e seus olhos são de um lindo tom de azul, eles se parecem com grandes e redondas safiras. Pego minha mochila, minha lancheira e saio fechando a porta da sala. Meu motorista já esta a minha espera, entao entro em minha limousine e me acomodo nos bancos traseiros, após um longo período de tempo estamos na escola. Habitualmente e sem muita cerimônia entro com descaso em minha sala e me dirijo ao meu lugar, felizmente consigo ser discreta. A professora entra na sala após alguns minutos acompanhada de uma garota loira, ela é bem bonita, possui um corpo chamativo e sua pele é perfeita, seus olhos são grandes e azuis. Abaixo minha cabeça e espero a professora falar.
- bom dia alunos, teremos uma nova colega em nossa turma
- aff... -acabo resmungando alto demais, não era minha intenção.
- o que foi Liesel?
   Levanto meu olhar, olhando direto para a Sra. Mayers
- Nada professora. Apenas que agora terei mais alguém para aturar.
- ah Liesel, não pense assim, seja receptiva
- oh claro, boas vindas querida Nova aluna -digo enquanto minha voz assumia um tom de sarcasmo
   A sala toda fica em silêncio, porém após alguns segundos é possível ouvir vários murmurinhos sobre como gosto de me vitimizar, ouço um garoto dizer que meu comportamento é completamente ridículo, o ignoro e abro minha bolsa a procura de meus fones de ouvido, os encontro ao lado de um pequeno pacote de balas; deve ser obra da Mary, farei uma nota mental para agradece-lá quando chegar.
- Se apresente querida, e depois sente-se atrás de Liesel... ela... não costuma ter esse comportamento hostil, não se preocupe
- bom... me chama Amélia, tenho 16 anos... venho de nova York e espero me dar bem aqui
   Esqueci que o lugar atrás de mim estava vazio, mas que sorte não é mesmo? Todos da sala começam a cerca-la chamando-a para suas respectivas panelinhas, eu continuo com minha cabeça baixa, torcendo para que ela não se dê ao trabalho de se quer falar comigo. Felizmente até o momento ela não dá sinais de que fará isso.
- olá, Liesel não é?
   E lá se vai meu curto período de felicidade
- Sim... o que você quer? Considero meu tempo e estudos muito preciosos se quer saber
- poderia ser mais simpática não acha? Só quero saber que aula é essa.
- matemática.
- ei... pq vc é assim?
- te interessa? Acabei de te conhecer, vou te passar meu histórico de vida.
- ei vocês duas por favor conversem mais tarde
   Coloco meus fones e começo a mastigar uma das balas do pacotinho. Volto a prestar atenção na aula e após longos 30 minutos finalmente ouço o tilintar do sino para o intervalo, me levanto e resolvo sair o mais rápido possível da sala para que aquela garota não resolva me incomodar novamente.
- ei espera, Liesel!
- Ugh... você é muito irritante sabia? Já disse que não quero conversar com você
- é que... a professora disse que você não é sempre assim... sei que as pessoas te magoaram mas... eu realmente gostaria de ser sua amiga
- infelizmente, ninguém tem tudo o que quer
- Você poderia parar de ser tão grossa? É por isso que todos falam mal de você, talvez eles tenham razão
   Aumento meus passos para que ela decida me ignorar e continue seu caminho mas sinto uma mão segurar meu braço  será que isso nunca iria acabar?
- ei desculpa... eu fui muito rude... eu... realmente gostaria de ser sua amiga... você me parece ser a única pessoa honesta e verdadeira por aqui...
- olha... não é nada contra vc, mas várias pessoas já vieram dizendo isso e sendo bem sincera, não acabou bem.
- por favor... me dê uma chance... como posso provar que não lhe farei ma-
- ora ora... A novata e a estranha... vc não deveria falar com ela boneca, vc é muito bonita para andar perto de alguém como ela
- olha aqui seu verme insolen-
- a Liesel é muito bonita sabe? A beleza dela é única diferente de você, que tem uma beleza um tanto... exótica, se que é posso chamar isso de beleza, eca. De qualquer forma, eu ando com quem eu quiser seu ratinho de esgoto
- Sua idiota... você não deveria ter falado assim comigo, sabe quem eu sou?
- não, e não me importo. E então liesel? Liesel?!
   Aproveitei que ela havia se distraído com o garoto e resolvi sair de lá de fininho, aquele assunto já estava me estressando um pouco, apesar de que ela havia me defendido... eu deveria dar-lhe uma chance?
- Ei, Liesel! Volte aqui!
     Amelia infelizmente consegue me alcançar, sinceramente eu estou realmente começando a ficar chateada com isso então, para que isso acabe de uma vez, resolvo lhe dar o que quer.
- tudo bem, sejamos amigas então.
    Sinto os braços dela ao meu redor, ela estava me dando um abraço? Talvez não seja tão ruim ter alguem com quem contar, talvez, depois de hoje não seremos só eu e a kiki...
- olha... sem contato físico tá legal?
- ah, claro! Me desculpe
- tanto faz, ame.
- Ame? Isso foi um apelido? Ah... obrigado... Li
   Ouço o sino soar, um indicativo de que o intervalo chegou ao fim, uma pena afinal eu não consegui nem comer meu lanche. Ame e eu seguimos em direção a sala de aula e quase como um instinto coloco outra bala na boca e dou play em minha música que havia parado em algum momento. Comer balas estava realmente me ajudando a aturar o dia de aula
- ei Li
- hm?
- vi que está comendo balas... pode me dar uma também?
- ah claro...
   Pego aquela última bala para ela, 

A Filha do Jack Risonho (REESCREVENDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora