Cap 8

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   Sinto fios segurarem minhas pernas e braços. Com toda certeza, eram de Pupp.
- Pupp.
- Onde pensa que vai garotinha?
- Vou atrás da minha amiga
- Nem pensar. Você vai para casa
- Não, eu não vou. Você não manda em mim.
   Os fios começam a se enroscar cada vez mais em minhas articulações. Começo a fazer o caminho contrário para onde Amelia foi, estava indo em direção a saída da escola. Já sabia de onde todo aquele controle estava vindo, e isso me irrita demais.
- Me solta garoto!
- Não, eu não vou deixar você se colocar em perigo
- Argh eu vou quebrar aquela boneca!
- Não vai adiantar de nada.
- Eu te odeio!
- Mas eu não.
   Tento me soltar daqueles fios. Era impossível. Depois de muito me debater ele me solta, rindo da minha fragilidade e fraqueza. Eu odeio esse garoto, assim que me liberto de seu controle pego as mochilas e vou em direção a saída. Vou para a casa pegar equipamentos melhores e depois vou atrás de Amelia. Pupp vendo que eu estava indo embora, desaparece. Mas eu tinha uma clara noção de que ele estava me observando.
   Entro no carro. Dean faz suas habituais perguntas: como eu estava, como foi o dia, por que estava saindo mais cedo e etc. Ao chegar em casa corro escadas acima para meu quarto, sem dar oi a ninguém. Jogo as mochilas na cama e esvazio a minha. Deixo a da Amelia guardada como um amuleto. Após esvaziar minha mochila, começo a procurar coisas que me ajudariam pelo meu quarto. Encontro meu estilete, um isqueiro, uma garrafa de água térmica que estava no meu frigobar, uma bússola que ganhei do meu professor de geografia, meu protetor solar, repelente, algumas cordas e um kit de primeiro socorros que guardo em meu armário, coloco tudo em minha mochila. Esse foi o primeiro passo. O segundo passo é conseguir comida.
   Corro até a dispensa e pego várias comidas enlatadas. Mary costuma dizer que servirão em caso de emergência e realmente servirão. Pego várias latas e levo para meu quarto. Coloco todas em minha bolsa. O segundo passo estava ok. Pego meu celular e vários carregadores portáteis. Guardo tudo e me troco. Coloco a roupa que usei no acampamento de verão do ano passado. Estava meio pequena mas servia. Vejo a boneca em cima da minha cama e decido que vou leva-la comigo também. Quando estava saindo do quarto ouço uma voz bem irritante.
- Onde vai princesa?
- O que deu em você para me chamar de princesa?
- Ah acho que já temos intimidade pra isso, não?
- Com certeza não.
- Você não respondeu minha pergunta.
- Te interessa onde eu vou?
- Imagino que sim
   O ignoro, coloco a mochila nas costas e saio andando, não preciso dar satisfação a um fantasma. Sinto algo ao redor de minhas pernas e essa foi a gota d'água, estava irritada demais. Num movimento brusco vejo Pupp voar contra a parede o fazendo perder a concentração dos fios
- Para de me controlar seu...seu...
    Vejo Pupp caído do canto do quarto, ele estava de olhos fechados. Havia desmaiado? Me aproximo dele. Eu fiz aquilo? Claro que não. Ele deve ter se descontrolado ou algo assim. Balanço-o em busca de algum sinal de vida, ou melhor de pós-vida. Será que ele morreu de novo? De repente ele abre os olhos, bom ele estava vivo. Mas seus olhos estavam... vermelhos?
- Sua garotinha insolente... quem você pensa que é para me jogar contra a parede?
   Ok. Ele estava me dando medo. Pego minha mochila e saio correndo. Deixo um bilhete para a Mary dizendo que iria acampar e que não era para ir atrás de mim. Corro para a floresta longe da vista de qualquer fantasma maluco que estivesse atrás de mim. Para ser sincera foi a primeira vez que tive medo dele. Me escondo atrás de uma moita e o vejo passar, seus olhos estavam amarelos novamente, mas eu ainda estava assustada.
- Liesel? Onde você está? Me desculpe pequena, apareça
   Não me movo. Nem respiro direito para não fazer barulho. Sinto algo em meu braço e me assusto, ao recuar acabo pisando em um galho seco. No final de tudo era apenas uma folha. Mas pupp ouviu o som do galho e num piscar de olhos, estava atrás de mim.
- Finalmente te achei
- O que você quer
- Me desculpa, não queria te assustar
   Ele tenta se aproximar mas eu recuo, porém ele é mais rápido e segura meu braço me puxando para perto e me envolvendo em um abraço.
- Ei me larga!
- Me desculpa Liesel
- Tá tanto faz, mas eu não te dei intimidade para ficar me abraçando assim
- Foi mal
   Ele me larga e se afasta. Começo a andar mais para o meio da floresta já esperando os fios em minhas pernas. Mas não os sinto. Pego minha bússola e a analiso. Acabei de me lembrar que não peguei barraca. Terei que improvisar. Depois de algumas horas andando, a noite finalmente cai. Estava cansada. Recolho alguns galhos e faço uma pequena fogueira utilizando o isqueiro para acender. Pupp não me deixou sozinha em nenhum momento.
- Por que não tentou me impedir de prosseguir?
- Já estavamos aqui afinal
- Posso fazer uma pergunta Pupp?
- Pode.
- Por que você me abraçou?
- Sei lá. Achei que humanos demonstrassem afeto quando estavam arrependidos
- Na verdade depende muito da pessoa.
- Hm, você não vai comer nada?
- Não preciso guardar mantimentos. Amanhã a noite eu como
- Certo...
- Boa noite pupp
- Boa noite pequena.
   Pupp fica me olhando até eu dormir. Adormeço rapidamente mas acordo ao ouvir um baque estridente ao meu lado. Abro um pouco um dos olhos e vejo Pupp em pé na frente de alguém que estava caído no chão, acho que o baque foi um soco. Finjo que estou dormindo e ouço pupp dizendo para aquela outra pessoa nunca mais chegar perto de mim, ela some do nada. No segundo seguinte pupp está ao meu lado me chamando para tentar me acordar. Finjo estar dormindo pesado e depois de um tempo "acordo" ele estava com minha mochila nas costas e tinha apagado a fogueira.
- Vamos Liesel
- Para onde?
- Você está correndo perigo aqui no meio da floresta. Já que não vamos voltar para sua casa. Vamos para a minha
- Você tem uma casa?
- Claro que tenho, vamos logo.

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⏰ Última atualização: Mar 02, 2022 ⏰

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A Filha do Jack Risonho (REESCREVENDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora