Estava em pé ao lado de Satoru, que relembrava o garoto amarrado em uma cadeira o que havia acontecido, conseguia ver que o rapaz de cabelos rosados não estava entendendo o flashback de meu irmão, no qual se divertiu contando, então, de forma clara e rápida, resumiu a sentença do rapaz.
- Como assim? Então não vai me matar agora? - Questionou o rapaz, ainda sem entender.
- Vamos explicar desde o começo. - Avisou o mais velho e me prontifiquei de tirar do bolso, um dos dedos da antiga maldição.
- Esse é igual ao objeto amaldiçoado que você ingeriu, existem vinte no total e nós já temos seis deles.
- Vinte? Ah, das mãos e dos pés.
- Não. - Corrigiu Satoru. - Sukuna tem quatro braços.
Joguei a maldição para o alto e, assim que chegou perto de minhas mãos, lancei uma explosão invisível, que fez com que a pele apodrecida se chocasse com a parede, quebrando-a, logo me voltei para a parede que recebeu o impacto, pegando novamente o dedo.
- Como pode ver, são indestrutíveis. A maldição é muito poderosa, ela fica mais poderosa a cada dia e os feiticeiros jujutsu não conseguem criar um selo. - Comentei.
- E é aí que você entra! - Complementou Satoru. - Quando você morre, a maldição dentro de você vai junto.
- Mas os nossos anciões são uns covardes e querem que a gente te mate agora, mas isso seria um completo desperdício.
- Desperdício?
- Exato, nada garante que não vá nascer outro receptáculo na história que seja capaz de conter o Sukuna. - Expliquei. - Então, fizemos uma proposta, se iremos matar-te de qualquer jeito, por quê não matamos depois de absorver completamente o poder do Sukuna?
- E, advinha, a chefia aceitou. Então você tem duas únicas opções: você pode morrer agora...
- Ou, encontrar todas as partes do Sukuna, e morrer depois de absolvê-las. - Complemento entregando o objeto amaldiçoado para o mais velho.
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Acompanhamos Itadori até o crematório, sentamos em um banco com o mais novo, minha mão estava entrelaçada no bolso da jaqueta escura de Satoru, minha cabeça se encostou em seu ombro enquanto esperávamos até o fim da cremação;
- Quem é o falecido? - Questionou o homem ao meu lado.
- Meu avô, mas ele era como meu pai. - Respondeu o rapaz.
- Entendi. Sinto muito ter acontecido logo agora. Mas e aí? Já tomou sua decisão?
- Satoru! - Repreendo o maior em forma de sussurro.
Não era hora nem o momento para fazer esse tipo de pergunta, a pressão no garoto já deva ser grande, principalmente com tudo o que aconteceu na última noite.
- Não, está tudo bem, senhora Gojo.
Eu não sou tão velha. Pensei ao ouvir Satoru segurar a risada.
- Não precisa me chamar de senhora, apenas S/N está bom.
- Certo, S/N... Essas coisas, essas fatalidades causadas por maldições, esse tipo de coisa costuma ser comum?
- Esse caso foi bem excepcional, mas em termos de estrago, acontece o tempo todo. - Começou Satoru. - Quando alguém encontra uma maldição e tem uma morte normal, a noite é boa. Encontrar um cadáver retalhado, ainda é um dos melhores cenários.
- Se você pretende caçar o Sukuna, vai ver cenas de revirar o estômago. E nós não podemos garantir que você não acabe morto também. - Complementei.
- Bom, cada um com seus problemas. - Disse o mais velho, não resisti em deixar um beliscão em sua pele.
O rapaz apenas se calou até o momento no qual foi chamado para buscar as cinzas, entramos ao lado do garoto, não falamos nada, não comentamos, apenas víamos ele pegar as cinzas.
- Se todas as partes do Sukuna sumirem, o número de pessoas que sofrem com as maldições, diminuiria um pouco? - Questionou.
Ele não perguntou por curiosidade, ele perguntou porque ele realmente queria ajudar os outros.
- É claro que sim. - Respondeu Satoru, ele não conseguiu evitar o sorriso com a pergunta.
- S/N, você ainda tem o dedo?
- Sabe que depois disso, não haverá volta. - Avisei, mas o olhar decidido do garoto era persistente.
- Eu sei.
Procurei no bolso da minha casaca em busca do objeto amaldiçoado, logo entregando para o rapaz.
- Olhando agora, de novo, isso é bem nojento. - O mais novo fez uma cara de desgosto ao ver o objeto em suas mãos.
Eu e Satoru nos afastamos, já esperando pelo pior. O rosado levou o dedos a boca, reprimindo de forma falha a careta. Momentaneamente, tatuagens negras irromperam a pele do garoto, o rapaz levou as mãos até a garganta e se curvou para a frente. Satoru estava pronto para fazer o que fosse preciso, mas ele não iria precisar. Isso estava claro.
O rapaz andou até nós e logo apoiou a cabeça na parede escura, rindo, levantou o rosto com a língua para fora, demonstrando nojo pelo dedo que tivera de comer. Satoru sorria satisfeito com o resultado, rapidamente corri até o bebedouro e peguei um copo de água para o rapaz, no qual bebeu depressa para aliviar o gosto que permanecia na boca.
- O que foi? - Questionou o rapaz olhando para o mais velho.
- Nada. Será que eu posso considerar que você se decidiu? - Questionou o maior, se aproximando de mim e apoiando os braços em meus ombros.
- De jeito nenhum. Ainda não entendi por quê devo ser executado. - Dizia o rapaz se virando de costas para nós. - Mas isso, não pode continuar assim. Fala sério, que saco de último pedido. Eu vou engolir o Sukuna inteiro, o resto eu já não sei e, além disso, eu já sei como vou morrer.
- Aí sim, senti firmeza, moleque! - Satoru tinha um sorriso de orelha a orelha no rosto, estava contente com a resposta. - Acho que vai ser um inferno divertido.
- Arrume suas coisas até o fim do dia. - Avisei.
- Para onde vamos? - Questionou.
Satoru apertou o botão, no qual abriu a porta, revelando Megumi repleto de curativos no qual eu havia colocado.
- Tóquio. - Respondeu.
- Fushiguro! Está maneiro!
- Com essa cara que eu estou?!
- Desculpa, Megumi, exagerei nos curativos.
- Não se preocupe, professora S/N. E você, Itadori, vai para a escola. A mesma escola de feiticeiros jujutsu que eu.
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- Ganhei de novo! - Disse a platinada dando o xeque mate no jogo de tabuleiro.
Bufei irritado me jogando para trás na grama verde da primavera.
- Você sempre ganha. - Ouvi o farfalhar do tecido enquanto ela se sentava ao meu lado, deixando o maldito jogo de lado.
- Você que não sabe perder. - Zombou a mulher. - Sejamos sinceros, é porque eu sou melhor que você.
Segurei a mesma pela cintura e a puxei para o meu colo, fazendo-a soltar um grito e se deitar no meu peito junto de risadas.
- Sempre será melhor que eu.
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My queen
FanfictionHá muitos anos, mais do que se podem contar, um casal, uma princesa e outro, um simples plebeu, ela teve de enfrentar a morte junto de seu filho, pois foi considerada uma traidora de seu povo, já ele, após testemunhar a morte de sua amada, se tornou...