Banho de mar na chuva? (+18)

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Pov Guilherme

Ele dirigia depressa, estava quase que fora de si. Precisava vê-la e tirar à prova os sentimentos confusos que estavam o perturbando e já havia perdido muito tempo, coisa que não tinha, devido a sentença de um ano. Não sabia exatamente que sentimentos eram esses, mas aquela garota parecia ter algum tipo de ímã que o atraia de uma forma incontrolável, o deixando completamente perdido, pois sempre tinha tido controle de tudo em sua vida. Talvez por isso, havia tentado ao máximo ficar longe dela. Era roubada sentir tudo aquilo que sentia.

Segurava firme no volante com as mãos suadas, buscando focar em como iria falar com Flávia o que sentia, se nem ao menos ele sabia. Nunca tinha experimentado nada parecido, mas sabia que ela lhe transmitia uma paz que silenciava todos os seus medos e, ao mesmo tempo e pelos mesmos motivos, tirava todo o sossego de uma vida monótona, da qual ele se acostumou a viver. Só ela conseguia isso.

Parou bruscamente em frente à calçada da casa de Flávia e imediatamente encontrou os olhos surpresos da garota, que estava ali parada, mexendo em sua bolsa. Linda, incrivelmente linda, como só ela poderia. Ela era única em diversos aspectos, ele pontuou em sua mente.

— Guilherme? — Indagou parecendo não acreditar que ele estivesse mesmo ali.

Guilherme não tinha muitas certezas até aquele momento, mas ao olhar nos olhos daquela mulher, obteve uma clara em sua mente: ela poderia fazer qualquer coisa com ele. Estava completamente rendido e isso não tinha volta.

Foi saindo do carro e o seu coração parecia ter corrido uma maratona, tamanho era o descompasso. Riu internamente de seu descontrole perante a moça e, sendo cardiologista, se inquietou, pois não se lembrava de um momento em que havia sentido tanto seus batimentos como agora.

Não sabia muito bem o que dizer, então lembrou do que Flávia havia falado sobre ter sido fruto do destino o encontro dos dois, o que ele concordava, mas até aquele momento tinha medo de assumir.

— Flávia, oi... Eu precisava te ver... — Disparou enquanto suspirava, fechando a porta do carro. Logo recostou-se em um poste próximo ao veículo, encarando fixamente aqueles olhos que tiravam seu juízo — E-eu fiquei pensando no que você falou sobre nosso encontro com a morte. Não sei, talvez a gente não tenha entrado naquele avião por acaso.

Flávia estava encostada em seu carro e parecia receosa, ou talvez na defensiva. O nervosismo no estômago de Guilherme não o deixou ter uma conclusão clara. Ele estava perdido, mas não poderia mais guardar o que vinha sentindo, por mais que fosse difícil expressar.

— É, você tem uma conexão com o Neném, né? A Rose. A Paula também tem uma... — Flávia disse evasiva e Guilherme concluiu que era receio e defensiva combinados.

— Eu tô falando de você, de nós dois. — Cortou Flávia, aproximando seu corpo do dela, colocando uma de suas mãos no carro, ao lado do corpo de Flávia, enquanto a encarava profundamente.

Ele não conseguia mais ficar longe dela, tinha convicção disso. Sentia as barreiras entre os dois, as quais ele mesmo construiu, pesando sobre si naquele momento e se condenou por permitir que as coisas fossem do jeito que eram por pura burrice sua. Percebeu também o peso dos olhos daquela mulher sobre os dele. Ele a tinha machucado demais, muito além do que era suportável em qualquer relação e, no entanto, ela ainda estava ali. Sentia-se um completo idiota e só queria tomá-la nos braços e nunca mais soltar.

— Nós dois? — Rebateu aparentando estar um tanto perplexa.

— Eu... às vezes eu penso em você, muitas vezes. — Foi o que conseguiu formular. Desejava dizer algo a mais, mas não conseguiu pensar em nada. Aquela mulher estava bagunçando os seus pensamentos, como sempre fez, desde daquele dia do avião.

The spark - Oneshots FlaguiOnde histórias criam vida. Descubra agora