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Avisos

Sablier Rouge virou livro!

Se quiser acompanhar essa história na íntegra, está disponível no perfil Lexiardi

Beijinhos ❤️
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O som da água jorrando pela torneira reverberava por todo o banheiro, criando um ruído contínuo e constante. Junto dele, a respiração pesada e ofegante da mulher soava um pouco mais baixo, servindo de plano de fundo para o som que não cessava.

Mais uma vez, colocou ambas as mãos na água corrente, juntando o máximo possível do líquido com a concha formada e então jogou contra o rosto, sentindo o gelado a fazer acordar e se conectar um pouco mais com o mundo real. Encarou o próprio reflexo no espelho e apoiou ambas as mãos na cuba da pia. A maquiagem já tinha ido ralo abaixo, restando apenas algumas manchas de rímel aqui e ali.

"Não posso fracassar. Eu não posso fracassar" era o que repetia constantemente dentro da própria cabeça enquanto recuperava o fôlego. Fechou a torneira finalmente e puxou os papéis do dispositivo, secando o próprio rosto e limpando os cantos que ainda estavam sujos de maquiagem. Ninguém precisava saber que estava se sentindo fraca e vulnerável.

Secou as mãos e ajeitou o blazer azul escuro mais uma vez, deixando o contraste com a blusa social branca bem evidente. Recolocou os anéis nos dedos e soltou o cabelo castanho, fino e liso, ajeitando com os dedos de forma que ficaram um pouco mais apresentáveis. Pegou a bolsa e apenas retocou um pouco de maquiagem para não ficar tão evidente a mudança brusca na aparência.

— Você consegue! — motivou-se uma última vez antes de ajeitar a postura e abrir a porta do banheiro.

O som alto das conversas paralelas, dos telefones tocando e dos sapatos com salto batendo contra o piso a acertaram de vez nos ouvidos, puxando-a de uma vez para a realidade e a lembrando de como o interior de uma delegacia poderia ser barulhento às vezes. Um adolescente esmagou um copo plástico com as mãos, um preso na cela temporária não parava de reclamar, batendo as algemas contra o ferro das grades, uma garota tentava acalentar um bebê que não parava de chorar...

Ela não estava acostumada com delegacias mais populares, então era um incômodo dos grandes.

Apertou os olhos e girou os calcanhares, decidida a subir de elevador apenas para poder poupar-se do trabalho de subir seis lances de escada. Assim que as portas metálicas se abriram, entrou sem demora e apertou o botão para que se fechassem o mais rápido possível, entretanto, um policial estendeu a mão e impediu que aquilo ocorresse, o que a fez revirar os olhos discretamente.

— Senhorita Miyamura — ele falou com uma reverência e a mulher forçou um sorriso educado.

— Bom dia, senhor — respondeu de imediato.

— Esqueceu de colocar seu distintivo, senhorita. Pode acabar tendo problemas lá em cima.

— Ah, tem razão, muito obrigada! — praguejou silenciosamente na cabeça e pegou o distintivo na bolsa. Com preguiça de atá-lo à roupa, passou o cordão pelo pescoço e o exibiu orgulhosamente no peito.

A impaciência fazia o elevador parecer lento demais, entretanto, finalmente alcançou o andar desejado e respirou aliviada ao escutar o silêncio e a calmaria do local.

Passou o cartão de identificação nas portas protegidas e escutou o som do apito somado à luz verde da tranca que liberou a entrada. Sempre que caminhava por aqueles corredores se sentia vigiada, não que não estivesse sendo, já que havia uma câmera de segurança a cada dez passos.

Sablier Rouge, MikeyOnde histórias criam vida. Descubra agora