t r o i s

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Ada abriu os olhos vagarosamente ao sentir a luz da manhã tocar a face. Espreguiçou-se como um gato, esticando os músculos do corpo e soltando um grunhido baixo até sentir o braço chocar-se levemente contra algo.

— Uh? — expressou, levantando a cabeça e vendo Kazutora deitado ao lado. Ele dormia tranquilamente, de barriga para cima e com uma mão no peito. O cabelo estava solto e espalhado pelo travesseiro enquanto respirava suavemente.

O peito dele subia e descia de forma rítmica e gentil, como se toda a paz do mundo repousasse sobre o corpo de Kazutora.

O paletó estava jogado na poltrona do canto e a camisa de botão estava entreaberta, exibindo o pescoço tatuado e o pomo de adão saliente. Ada observou em silêncio. Ele poderia ser um criminoso, mas sem dúvida alguma era bonito, muito bonito!

"Quanta imprudência" pensou baixinho enquanto o observava, adormecido e vulnerável. "Se deitar tranquilamente ao lado de uma mulher desconhecida. Eu poderia matá-lo sem pensar duas vezes se quisesse."

Levou a mão até o rosto dele, com o intuito de fazer carinho na bochecha, mas foi surpreendida quando ele rapidamente agarrou-a no punho com força, a impedindo de tocá-lo. Kazutora deu um meio sorriso ainda com os olhos fechados e Ada percebeu que, talvez, ele não fosse tão imprudente assim.

— Bom dia, querida — ele sussurrou e Miyamura sorriu.

— Bom dia — respondeu logo em seguida e ele abriu os olhos.

Ambos se entreolharam e perceberam a mesma coisa. Apesar de terem adormecido, nenhum dos dois tinha baixado a guarda em momento algum.

[...]

Ada entrou no quarto de hotel depois de Kazutora deixá-la no local. Tirou o vestido com pressa e correu para o banheiro, o corpo implorando por um banho relaxante. Estava mergulhada na água da banheira quando escutou batidas apressadas na porta.

— Ada, é você? — a voz de Naoto soou do outro lado e a mulher respirou fundo.

— Sim, tá tudo bem?

— Você sumiu a noite toda. Fiquei preocupado — ele comentou e Ada não pôde evitar soltar um sorriso. Ele era tão cuidadoso com ela que chegava a ser fofo.

— Vou só sair do banho e já conversamos. Pode me esperar aí no quarto mesmo.

Naoto concordou e ela saiu da banheira. Ele se sentou na borda da cama e escutou o som da água indo ralo abaixo enquanto observava o vestido jogado no chão. Não podia parar de pensar em como Ada estava linda na noite anterior. Ele dobrou a roupa e a colocou organizada sobre a cama.

Miyamura saiu logo em seguida do banheiro, enrolada no roupão branco e com o cabelo molhado. Naoto deu uma olhada envergonhada como se tivesse visto algo indecente, embora a mulher estivesse completamente coberta.

— Descobri coisas interessantes — Ada disse, sentando-se na poltrona enquanto ele se ajeitava na cama.

— Já fez o relatório?

— Vou fazer depois, por enquanto eu vou te contar — pegou o telefone e pediu para que levassem o café da manhã. A polícia estava bancando todos os gastos naquele local, então Miyamura iria aproveitar ao máximo.

— Conseguiu entrar em contato com alguém da Toman?

— Sim, mas foi melhor que isso. Entrei em contato com Kazutora Hanemiya — Naoto arregalou os olhos surpresos e deixou escapar uma risadinha empolgada. — Também pude ver o Keisuke Baji.

Começou a contar em detalhes tudo o que havia acontecido, desde o momento em que avistou Kazutora sozinho no bar até o momento em que adormeceu e acordou ao lado dele. Tachibana escutava com calma, prestando atenção em cada detalhe.

Sablier Rouge, MikeyOnde histórias criam vida. Descubra agora