Sem sonhos;

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"As pessoas não deixam de viver quando morrem, mas sim quando desistem de sonhar".

Caíram-se de mim os belos sonhos de amores infanto-juvenis. Àquele almejo doce de um diploma emoldurado na parede: esqueça-me. O que eu deveria prezar? O que eu deveria ter? Vestir? Fazer? Sentir?
Não me encontro entre o rebanho, acompanho-os para evitar a solidão. A grande aflitora de mentes sãs, quebradora de paradigmas, esclarecedora; boa companheira para os fortes de espírito...
Todavia, não para mim.
Sorrio, sorrio e obedeço. Sorrio aos que exercem algum poder, obedeço-os em silêncio. Minha imagem é perfeita, simpática e amigável.
Sorrio, sorrio e agradeço.
Sorrio, engulo e aceito.
Engulo palavras ridículas e aceito repressões. Internamente, estruturo maneiras, utilizo armas e enveneno. Lentamente, observo-os sufocar e sequer desconfiam de quem tenha sido a injeção. "Aquela? Jamais faria isso, é um anjo". Fico em silêncio e sorrio.
Onde estão meus sonhos? Ambições? Vontades?
Simplesmente inexistem. Não há algum desejo nobre e grandioso em meu peito, nada heróico ou admirável. Apenas o contraste entre as máscaras e máscaras que usei.
Quem sou? O que desejo?
Estou caminhando em cacos de vidro. O sangue que molha o chão leva consigo todos os meus resquícios de identidade. Afinal, é verdadeiro o que dizem: "(...) morre quando deixa de sonhar".

𝐻𝑜𝑚𝑒𝑜𝑝𝑎𝑡𝑖𝑐𝑜𝑠 - Compilado de textos autoraisOnde histórias criam vida. Descubra agora