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Já tinha saudades deste quarto.
Aliás, já tinha saudades de tudo isto, desta casa, desta cidade. Tinha saudades de Portugal.
Cheguei ontem à noite a casa dos meus pais, e como devem calcular ainda não tive tempo de fazer quase nada!
Desde que cheguei, já consegui estar com os meus amigos, e de todos os problemas que tenho para resolver, ainda só consegui resolver um!

FLASHBACK ON

Acordei e olhei em volta. Não era um sonho, estava mesmo em Portugal.
Depois de tomar banho e de me vestir, fui tomar o pequeno-almoço e depois peguei no computador. Estava sozinha em casa. Entrei no twitter. Tinha uma mensagem do George.

'Vai dando notícias, por favor. Tenho saudades tuas, amo-te'

Queria responder-lhe mas não sabia o que lhe dizer, por isso decidi mandar-lhe mensagem apenas quando tivesse alguma coisa para lhe dizer.
Realmente há imenso tempo que não ia ao Twitter! Reparei que os rapazes dos Union J me seguiram e os rapazes dos One Direction também.
Vi o resto das notificações e depois desliguei o computador.
Peguei no telemóvel para mandar uma mensagem.

'Precisamos de falar'

Poucos minutos depois recebi uma chamada. Atendi.

__: Já chegaste a Portugal?

EU: Cheguei ontem à noite.

__: Queres falar sobre quê?

EU: Sobre nós.

__: Logo à tarde vou estar no campo sintético com o pessoal. Aparece por lá.

EU: Vai o pessoal todo?

__: Sim

EU: Okay, até logo - e desliguei.

...

Cheguei depressa ao sítio combinado. A minha cidade era muito pequena comparada com Londres. Sabia bem um pouco de sossego.
Quando lá cheguei, todos me vieram abraçar. Não consegui aguentar e acabei por chorar de saudades. Senti a falta dos meus amigos tantas vezes neste último ano.
Depois de falar com todos eles e de ter matado todas as saudades, chegou um rapaz de bicicleta.
Quando o vi chegar, nem sabia que reação ter. O rapaz aproximou-se de mim, e sem dizer nada, abraçou-me.
O resto do pessoal voltou para dentro do campo de futebol para continuarem o jogo que tinham interrompido, e nós ficámos sozinhos.

__: Tive tantas saudades tuas!

EU: É bom voltar a ver-te João - tentei sorrir, mas não consegui.

JOÃO: Como é que tens estado?

EU: As coisas em Londres estão a correr bem, consegui vir mais cedo a Portugal, estou aqui com todos vocês, é obvio que estou bem - tentei disfarçar, mas a ele eu nunca consegui mentir.

Ele fez um pequeno sorriso, e sei que ele percebeu que eu estava irritada por não conseguir disfarçar melhor os meus sentimentos.

JOÃO: Disseste que querias falar comigo...

EU: Como anda a Adriana?

Reparei que ele hesitou em responder, mas acabou por dizer:

JOÃO: Anda bem.

EU: As cenas entre vocês estão bem?

JOÃO: Nós já não estamos juntos...

Ouvir aquilo não me surpreendeu, e ele sabia disso.

JOÃO: Tinhas razão, isto não deu em nada.

Não sabia o que lhe responder, por isso optei pelo silêncio.

JOÃO: Filipa, eu sei que fui um estúpido por te ter trocado por ela. Eu devia de saber o tipo de rapariga que ela é, e acabei por desiludir a rapariga mais importante da minha vida. Por favor, dá-me outra oportunidade para te provar que te amo!

Wow, agora fiquei mesmo sem saber o que dizer!
Eu conheço o João há quase 11 anos, e conhecemo-nos um ao outro melhor que ninguém! Sempre fomos melhores amigos, mas eu sempre tive uma paixão por ele. Ele foi a primeira pessoa de quem eu gostei mesmo a sério, mas sempre pus a amizade acima de tudo. E apesar de ele ter sido a pessoa de quem eu mais gostei, também foi a pessoa que mais me magoou.
Antes de eu ir para Londres, ele mudou imenso. Praticamente começou a não querer saber da minha existência. Só se lembrava de mim quando precisava de alguma coisa. E eu mesmo assim tentava por tudo vê-lo sorrir, até mesmo quando ele estava mal por causa da Adriana (a rapariga de quem ele gostava, e que só lhe dava importância quando lhe apetecia), mas ele nunca dava valor à minha amizade.
Acho que quando ele soube que eu ia morar para Londres, sentiu-se culpado e percebeu o quão importante eu era para ele.
No dia em que me fui embora para Londres, ele pediu-me desculpa por todas as vezes que me magoou, e deu-me um fio com um coração onde estava escrito J&F.
Eu percebi que ele estava mesmo arrependido, porque ele nunca pede desculpa. Se o fez, foi porque tinha consciência do que fez e estava mesmo arrependido.
Cerca de um mês depois de ter chegado a Londres, vi no Facebook fotos dele com a Adriana, e percebi pelos comentários nas fotos que eles namoravam. Nessa altura não sabia o que sentia por ele. Já não era amor, mas também não era ódio. Chegámos a falar algumas vezes sobre o namoro dele, mas essas conversas acabavam sempre em discussões. Eu sabia bem que tipo de rapariga era a Adriana, mas ele estava apaixonado por ela e não via o óbvio. O facto de eles terem acabado não me admirava. Eu sempre soube que mais tarde ou mais cedo eles iriam acabar.

EU: João, eu não te vou dar outra oportunidade. Não dessa maneira. Eu quero imenso que continuemos a ser amigos. Aliás, tu continuas a ser dos meus melhores amigos, mas é só isso.

Ele desviou o olhar do meu e perguntou:

JOÃO: Tu já não gostas de mim pois não?

EU: Não... Eu adoro-te, vou sempre gostar muito de ti, mas eu segui em frente.

Ele deixou cair uma lágrima, e isso deixou-me atrapalhada, porque por muito amigos que fossemos, eu nunca o tinha visto chorar. Sem querer, também eu deixei cair uma lágrima.

JOÃO: Eu percebo. E fui um estúpido ao pensar que tu irias continuar a gostar de mim.

Abracei-o. Custava-me imenso vê-lo assim, até porque eu sei perfeitamente o que ele está a passar.

EU: Vamos continuar a ser sempre amigos. Serás sempre o meu melhor amigo.

JOÃO: E tu continuarás a ser sempre a pessoa mais importante para mim, como sempre foste, apesar de nunca o ter demonstrado.

FLASHBACK OFF

O resto da tarde passei com ele e com os meus amigos. Foi tão bom voltar a estar com eles, voltar a viver aqueles momentos com eles...
Custou-me imenso ter aquela conversa com o João, mas neste momento é menos um problema por resolver. E fiquei mais aliviada por saber que tudo iria voltar a ser como dantes.
Estava a ver todas as fotos que tinha tirado com os meus amigos esta tarde quando ouvi a porta de casa a abrir.

MÃE: Filipa?

EU: Estou no quarto!

Os meus pais entraram no meu quarto e o meu pai perguntou-me, sentando-se na minha cama:

PAI: Então sempre foste sair com os teus amigos?

EU: Sim, matei as saudades todas!

MÃE: Falaste com o João?

EU: Yah, resolvemos tudo.

MÃE: Ainda bem!

PAI: A Mica também foi?

EU: Não. Ela hoje quis ficar com a família. Disse que queria matar saudades dos irmãos e dos sobrinhos.

MÃE: Está bem.

EU: Pois, mas eu agora queria falar convosco.

PAI: Eu já tinha reparado que tu, desde que chegaste, andas a tentar falar connosco...

MÃE: Tenho andado preocupada contigo filha... O que é que se passa?

EU: É uma longa história, e eu espero que me tentem perceber e que me apoiem...

não há amores impossíveis (parte 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora