Sentada. Cabeça apoiada na mesa de forma a ficar ao máximo confortável. Fecho meus olhos desligando o que acontece ao redor.
Minutos se passam. Vozes diminuem. Passos desaceleram...Só escuto o silêncio do caos que é a minha mente trabalhando na produção do sonho, da história, do resumo da longa caminhada que enfrentei até chegar aqui: Cabelo espalhado. Revoltado. Largado ao longo minha cabeça cansada de lembrar da realidade que me atormenta.
Desperto-me ao escutar um movimento estranho ao meu redor. Com o coração acelerado, levanto o olhar me deparando com um painel largo e brilhante pendurado na alta parede que parece pequena, em meio a clara infinitude que me rodeia.
Ouço uma melodia emanar, como uma breve introdução para um assombroso espetáculo.Desenhos, palavras, formas abstratas... Não faz sentido.
Perdendo- me na complexidade apresentada naquele retângulo estranho, divago no quão insano é a realidade. Penso no quão irreal é ver e não ver. Sentir e não sentir. Ser e não ser.
Ouço um zumbido perturbador perfurando meu cérebro, fazendo-me dar um passo para trás. Lágrimas despontam nos meus olhos, tamanha era a dor que me atingia.
Caminho em direção ao quadro perfeito, em busca de um sentido, uma razão para esse barulho que me abala. Entendo aí que nada em si faz sentido, não há ninguém aqui, só eu e minha mente agitada.
E o vazio.
O infinito e solitário vazio.
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Desabafo
ChickLit"Eu fico. Nunca mais vou sair. Nem se a porta se abrir e a luz me atingir, não me retiro daqui." ~Refúgio Edição: @LittleIrineu Capa: @NTavares1313