Capítulo Três.

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A luz do sol tentava atravessar as cortinas, mas aquele ainda era o brilho fraco do início da manhã, e a claridade fez com que o quarto ficasse vermelho-escuro. Fechei os olhos outra vez, tentando aconchegar a cabeça no travesseiro macio e almofadado. Me encolhi ainda mais embaixo do edredom grosso. Era bem quente e confortável. E tudo cheirava a... alguma coisa doce. Seja lá o que fosse, era um cheiro delicioso.

Tinha certeza de que já havia sentido aquele cheiro antes, em alguém...

Eu me levantei com um movimento súbito, assustada. Meu quarto não tinha aquele cheiro. Minha cama não era tão confortável. E o meu quarto não tinha cortinas vermelhas. Então... onde diabos eu estava?

Olhei ao redor. Havia algo de familiar em tudo... Mas eu definitivamente nunca havia estado ali antes. Levantei as cobertas e vi que estava usando uma camiseta preta. Ela tinha o mesmo cheiro dos travesseiros. Eu ainda estava com todas as minhas roupas íntimas, entretanto. Um bom sinal.

Levantei-me da cama com cuidado. Que diabos havia acontecido na noite passada? Tentei espremer a memória, mas não conseguia lembrar de nada. Lembrava-me vagamente de ter dançado na mesa de sinuca. Será que eu realmente havia bebido tanto assim?

Estava com um gosto na boca tão horrível quanto a dor de cabeça que sentia. Provavelmente devo ter vomitado. Lembrava de alguém segurando meus cabelos. Deve ter sido Glimmer; ela certamente cuidaria de mim. Mas onde eu estava?

Fui na ponta dos pés até a porta do quarto e coloquei a cabeça pelo vão da porta. Praticamente chorei de alívio ao ver que estava na casa das meninas. Provavelmente havia apagado no quarto de Catra. Mesmo depois de tantos anos, eu nunca havia entrado no quarto dela.

Um momento...

Por que eu estava no quarto de Catra? Por que não em um dos quartos de hóspedes? Ou no quarto de Glimmer?

Voltei para a cama, com a cabeça latejando com tanta força que achei que não ia conseguir passar muito tempo em pé, e olhei para o despertador. Eram somente oito e meia da manhã. Esperando poder curar a ressaca com mais algumas horas de sono, voltei para baixo das cobertas, inalando o cheiro de Catra.

Bem quando eu estava prestes a mergulhar na inconsciência outra vez, a porta se abriu lentamente, fazendo as dobradiças rangerem.

Meus olhos se abriram imediatamente, e meu olhar cruzou com o de Catra. Ela estava sob o vão da porta, uma toalha em volta do pescoço, e de roupas íntimas. Apenas de roupas íntimas. Seu rosto e suas pernas ainda estavam úmidas, e seus cabelos castanhos pingavam.

Minhas sobrancelhas se ergueram. Não consegui evitar de enrubescer com o modo pelo qual ela conseguiu fazer o meu coração disparar, simplesmente olhando para mim.

— Desculpa — disse, com a voz baixa. — Não queria acordar você.

— Está tudo bem — eu disse, com a voz um pouco rouca. Limpei a garganta, mas até mesmo aquele barulho fazia a minha cabeça doer. — Acabei de acordar.

— Certo. E essa ressaca, como está?

Respondi com uma careta que fez Catra rir.

— Você não faz ideia. Eu não sabia que tinha bebido tanto.

— Você tomou um porre de vodca, disso eu sei — disse ela, sentando-se na beirada da cama. Meu coração se descontrolou. Será que ela não podia ter pegado uma roupa antes de vir falar comigo?

— Como assim, você sabe disso? Quando foi que me viu?

— Quando você estava a ponto de arrancar a roupa na mesa de sinuca diante de alguns dos meninos para ir nadar pelada. — Disse ela, casualmente, olhando-me de lado com aqueles olhos bicolores brilhantes.

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⏰ Última atualização: Oct 24 ⏰

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