Uma emergência familiar faz com que Morena precise deixar sua vida simples na cidade de Buenos Aires para se arriscar num trabalho novo, em Paris. Entre tantos desafios que vêm com uma mudança como essa, a companhia de um atleta faz tudo mudar.
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Camp des Lodges 10h35
A moça tentou não transparecer o desconforto e continuou no local, esperando pela comissão médica que, em alguns minutos, começou a se reunir ali.
– Morena – Uma voz desconhecida a chamou, e ela viu que era um dos membros dessa comissão – Bien?
Ela assentiu, mesmo sentindo que não era em espanhol que ele estava conversando com ela; apesar de "bien" ser uma palavra comum aos dois idiomas.
Uma enxurrada de palavras em francês veio na sequência, e ela não entendia absolutamente nada, apenas negava com a cabeça; os olhos arregalados.
Como iria aprender alguma coisa com aquelas pessoas, já que não entendia uma palavra sequer do que eles falavam?
– Tu ne parles français?
Deduziu que estava sendo questionada se falava o idioma e mais uma vez negou veementemente.
– Speak english?
O homem perguntou, buscando outra alternativa.
Morena negou.
Ele respirou fundo, pensando consigo: "certo, isso aqui vai ser difícil." Decidiu usar mímicas para dizer à moça o que fazer e pegou um dos sprays de álcool próximo às macas.
Sinalizou um "três" com a mão, apontando para o spray e em seguida para as macas, lhe entregando o vidro borrifador.
Morena então deduziu que deveria desinfetar três daquelas macas para o trabalho do dia. Enquanto ela fazia isso, os outros membros da comissão preparavam outros materiais até que chegassem os atletas.
– Bonjour!
Dois jogadores chegaram, cumprimentando o fisioterapeuta principal, que fez sinal para que eles se deitassem nas macas que More acabara de limpar.
– Bonjour.
Um deles repetiu, dessa vez a ela, que estava de costas no momento em que eles chegaram.
– Pardon. Je ne parle français.
Morena respondeu, imediatamente, usando a frase mais útil em francês que havia aprendido até então.
Se virou de frente, finalmente vendo o rosto do jogador que falava consigo.
O rosto não lhe era estranho, mas ela não sabia de onde o conhecia.
– Ah, é você! – O rapaz exclamou, em espanhol – A sobrinha do Poche, não é? Somos conterrâneos, não se preocupe.
– Isso – Ela respondeu, alívio – Prazer. Desculpa o susto, eu estou meio apavorada por não saber me comunicar direito aqui.
– Sem problemas. Já passamos por isso! – Ele disse, com um sorriso simpático e o par de olhos azuis mais azuis que Morena já tinha visto em toda a vida. – Eu sou o Leo. Leandro Paredes. E ele é o Ángel Di Maria.
