থ►CAPÍTULO 2◄থ

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𝚅𝚒𝚒𝚕𝚎𝚊

23 anos depois.

─ Ok, uma pausa ─ segurei na barra mais perto, ofegante.

─ Já cansou? Vossa Alteza já fora mais em forma ─ Respirei fundo, encarando o grande homem negro a minha frente que me olhava com desdém.

─ Não sou uma máquina, e não se dirija a mim assim ─ passei as costas da mão direita em minha testa ─  ele riu, tirando as faixas de suas mãos.

─ Está certo, vou deixar vossa margarida descansar ─ Ironizou se movendo as escadas que davam a superfície.

─ Kayro ─ Chamei seu nome antes que passasse pela pequena abertura ─ ele se virou em minha direção ─ Como as coisas estão lá em cima... Com o Kyle?

Sua expressão se tornou interessante diante da minha pergunta, como se não esperasse por ela.

─ Ele está bem ─ se limitou a dizer, com algo que poderia ser um sorriso em seu rosto.

Apenas assenti, levando o olhar para minhas mãos onde comecei a retirar as faixas.

─ Que bom que perguntou de seu irmão, Josh.

Minhas mãos pararam de se mexer. Lentamente meus olhos foram a escada, mas Kayro já havia partido.

۩۞۩


Acordei sobressaltado, ofegando em respirações pesadas. Um pesadelo. Um de muitos.

Olhei ao redor alarmado, meus olhos contemplaram nada, nada além de uma vasta escuridão que me engolia dia após dia. Aqui sempre foi tão escuro.
Com muito esforço acendi uma vela ao lado de minha cama, trazendo uma iluminação amarelada ao ambiente. Me sentei abraçado aos joelhos,
encarando as paredes de mármore do meu lar nada aconchegante.

Queria não sentir nada. Queria que meu coração tivesse mudado, se transformado em mármore imortal, como essas paredes. Em vez do pedaço de escuridão e medo que é. Chega a ser patético ter medo do escuro, mas tive duas opções: Me aninhar a ele, ou teme-lo.

A primeira opção sempre pareceu mais assustadora.

Não consegui voltar a dormir, fiquei na mesma posição até o amanhecer, que só o reconheci pelo relógio que marcava 5:00 horas na parede. Como eu disse, aqui sempre foi tão escuro.
As 7:00 Kayro desce de fininho como um rato, trazendo nosso café consigo. Já disse que não precisa, mas ele faz questão de me acompanhar em todas as refeições.

─ São um bando de incompetentes! Deixaram os ladrões roubarem a carga enquanto dormiam como princesas!

Só era uma das várias vezes que ele reclamava de seus soldados.

Kayro é chefe de guerra.

Brinquei com os ovos mexidos em meu prato, encarando-os sem a mínima vontade de comer.

─ O que você acha? ─ quis saber.

─ Eu deveria achar alguma coisa? ─ peguei um pouco do ovo com o gafo, mas a pequena porção voltou a caí no prato.

─ Claro, você é o meu único amigo! O que acha que devo fazer? Qual punição acha que merecem? ─ mordeu um grande pedaço de pão, me olhando.

─ O que eu acho que você deveria fazer? ─ Levei a xícara de café a boca, bebendo o líquido amargo.

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