Capítulo 3 - As dores do crescimento

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     Adora acordou sentindo uma quentura aconchegante tocando seus pés. Sorriu espontaneamente ao ver Catra ali, dormindo toda enrolada do outro lado da cama. Já havia virado um ritual as duas dormirem juntas todas as noites. Ela não tinha mais medo do escuro. Com o tempo a escuridão não a assustava mais, mas já havia se acostumado a presença de sua amiga todas as noites.

Sempre sorria ao vê-la ali, mas nem se dava conta disso, só sentia um calorzinho no seu peito por ter a gata ali, lhe fazia bem.

     As duas estavam já entrando na fase da adolescência. Uma fase dolorosa diga-se de passagem. Adora sentou-se e ficou a contemplar a amiga dormindo. Era o maior momento de paz em seu dia, apenas vê-la tão tranquila e serena, diferente do furacão que ela costumava ser.

     A loira ficou ali, tentando prever como seria o dia. O sinal ainda não havia tocado e todos os outros ainda dormiam em suas camas. O pensamento de Adora era acelerado. Estava ansiosa para se levantar e ir trocar de roupa para mais um dia de treinamento.

     Hoje teriam combate corpo a corpo. Não fazia muito tempo que haviam começado aquela modalidade, mas era uma das coisas preferidas de Adora porque eles aprendiam a usar sabiamente toda a força física. Só que mais que isso, também se devia pelo fato de sua parceira ser Catra.

     Surpreendentemente, ela e a gata eram de longe as melhores soldados da sua equipe. As duas facilmente davam uma surra nos colegas, então, ficou decidido que elas seriam dupla fixa uma da outra nos treinos.

     A loira até gostava de praticar com os outros, mas lutar com a gata era diferente, não parecia nem luta muitas vezes, parecia... algo que Adora não tinha nomes para descrever... era diferente! Era emocionante, divertido e muito intenso.

     Elas chegaram juntas ao treino, como sempre, e começaram a se aquecer e fazer alongamento enquanto as outras duplas já combatiam entre si. Em determinado momento, enquanto esticava as pernas se alongando, viu que a amiga enrolava a mão em bandagens, se preparando para a luta e ficou admirando-a por um longo tempo, sem nem ao menos se dar conta do que fazia.

     Catra levantou os olhos do nada e pegou-a lhe encarando. Por algum motivo, Adora se sentiu envergonhada por isso, enquanto seu coração batia mais rápido do que o normal. Sentiu suas bochechas arderem quando a felina lhe lançou um sorriso convencido, juntamente de um olhar zombeteiro.

     - Pronta para levar uma surra? - Catra instigou-a em tom provocativo. Aquilo era como combustível para a sua vontade. Essas provocações eram justamente o diferencial entre elas e não pôde deixar de rir em resposta.

     - Você sabe que eu sempre venço.

     - Hoje não. - Catra terminou de enfaixar a mão esquerda e finalmente caminhou até ela. - Pronta?

     Todos já estavam acostumados com esse jeito das duas. Sempre competitivo e carregado de... tensão. É que Adora era extremamente aplicada e dedicada, enquanto Catra havia se tornado cada vez mais provocativa e desdenhosa.

     Finalmente as duas se colocaram em posição de combate e rodearam uma a outra por alguns segundos, analisando o próximo passo. Adora sabia que Catra nunca atacava primeiro, ela esperava sempre caprichando na defesa e contra-atacando com sua desenvoltura felina, se desviando dos golpes. Admitia que era difícil conseguir pegá-la... essa era a melhor parte.

     Sem mais perder tempo, Adora tentou desferir golpes o mais rápido que pôde, mas ela se desviou de todos facilmente. Não poderia seguir com essa tática, se não apenas se cansaria mais rápido.

     - Eu já disse que você é a pessoa mais lenta do mundo? - Catra disse com um sorrisinho enviesado.

     - E você a mais desatenta. - Nesse monento, Adora tentou fazer um movimento diferente do seu habitual e deu uma rasteira na gata, que se desequilibrou e caiu.

Promise - Catradora One shotsOnde histórias criam vida. Descubra agora