Capítulo 6 - Gata escaldada tem medo de água fria

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A gata estava matando aula de estratégia mais uma vez. A maioria das aulas não faziam mais sentido para ela. Catra nunca era valorizada ou parabenizada por seus esforços, então, parecia não fazer diferença ela estudar ou não. Sentia que sua presença e nada era a mesma coisa.

Chateada e emburrada, entrou no galpão de armaduras para tirar um cochilo, quando viu uma turma de cadetes mais velhos sentados no chão em uma roda mais a frente. Eles pareciam estar compartilhando algo muito interessante entre si. Curiosa como sempre, Catra se aproximou sem ser notada a fim de ver o que acontecia.

Eles estavam comendo algo e não era nenhuma das barras da zona do medo. Era uma variedade de coisas diferentes das quais felina nunca vira antes. Eles pareciam tão satisfeitos com a refeição que logo despertou a gula dela. O que Catra não daria para comer algo diferente daquelas barras horríveis. A gata se lembrava vagamente de uma ou outra comida de sua infância antes de se juntar à Horda, mas era um memória muito falha.

     Ela subiu em uma coluna e apoiou-se em uma viga de ferro, pairando bem acima deles. Nesse momento ela viu que comida não era a única coisa que eles tinham ali. Aos poucos Catra percebeu uma variedade de objetos diferentes espalhadas ali pelo chão.

Como é que eles tinha conseguido pegar tudo aquilo? Tinha que saber. Nunca havia visto nada daquelas coisas na zona do medo antes. Quis se aproximar deles, mas ficou receosa. Com certeza eles estavam fazendo aquilo escondido, então não seria prudente perturbá-los. Mexeu as orelhas e apurou a audição, atenta às conversas.

— Conseguiram pegar mais coisas dessa vez! — Uma ruiva alta de uniforme comentou para o rapaz ao lado dela.

— Sim, por sorte o nosso capitão nos deixou a sós depois da invasão e pudemos pegar tudo o que queríamos sem ninguém ver.

— É muito melhor ficar com essas coisas do que simplesmente tacar fogo em tudo. — A mesma ruiva respondeu, pegando uma comida estranha e levando à boca. — Não seria custo eles trazerem alguma novidade para gente. Tem tanta coisa que eles não ensinam aqui.

— É verdade. Eu também sou inconformado com isso.

Catra já suspeitava que a Horda não contava tudo a eles. As coisas ali eram tão impessoais e rigorosas. Eles não ligavam para seus sentimentos, a única coisa que queriam era um exército disciplinados e soldados bem treinados e cegamente obedientes. Era a única coisa que importava.

Ouvir os mais velhos falarem aquelas coisas lhe despertou coragem e timidamente ela saiu do esconderijo pulando para perto deles. Os cadetes tiveram um sobressalto com sua aparição e antes mesmo que a gata pudesse falar alguma coisa, sentiu seus braços serem esmagados atrás das costas.

— O que pensa que está fazendo, sua intrometida? — O mesmo moreno que conversava com a ruiva, falou, se aproximando dela todo mal-encarado. Ele deveria ser a pessoa que comandava aquele contrabando.

— Eu não quero causar problemas, eu prometo! — Defendeu-se enquanto tentava se soltar. Na dúvida era sempre melhor se fazer de sonsa, pois não queria brigar com eles. — Eu só queria saber como faço para conseguir alguma dessas comidas.

Todos que estavam ali, começaram a sorrir sarcasticamente dela e a encararam como se tudo o que ela havia falado fosse piada.

— Dá o fora daqui, gatinha enxerida! — O líder moreno falou. — E se você pensar em contar isso para alguém a gente arranca a sua pele, entendeu?!

A pessoa que a segurava por trás, jogou-a no chão com força e Catra caiu de joelhos se segurando com as mãos, enquanto todos eles continuavam rindo. Naquele momento a sua paciência acabou e a gata fez o que melhor sabia fazer. Riu e zombou deles de volta. A sua risada rouca e sarcástica fez todos ali ficarem sérios de repente.

Promise - Catradora One shotsOnde histórias criam vida. Descubra agora