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A manhã seguinte começou agitada.

Hoseok acordou cedo, aproveitando a calmaria antes do café-da-manhã para se exercitar um pouco na academia.

Saiu do quarto com cautela, deixando o hyung ainda profundamente adormecido, como uma bolinha felpuda, encolhido no meio dos edredons. A recordação da imagem vista a pouco o fizera sorrir brevemente, mas o sorriso não durou, quando lembrança surgiram para atormentar sua mente.

No elevador, teclou pelo 14º andar, onde localizava-se a academia privativa. Ao chegar, fora recebido pelo ar climatizado e o espaço totalmente vazio. Agradeceu mentalmente por isso. Precisava de tempo para pensar um pouco. Em um fato em específico.

Acomodado na esteira, num ritmo de caminhada agradável, relembrou o sonho que o despertara de chofre no meio da madrugada.


"Eu estava sozinho, no meio de um espaço todo branco. Não haviam nada ou ninguém ao meu redor, apenas o silêncio. Meus pés fazem barulho contra o chão e tudo parece assustadoramente triste. Caminho rumo ao nada quando, der repente, ouço vozes. São os hyungs! Eles estão por perto... E os mais novos também! Ah, sim, estão todos aqui.
Caminho até eles, digo seus nomes, mas nenhum deles me ouve. Me aproximo. Perto suficiente para que agora sim, escutem. Chamo de novo. Nada.
Estranho. Rodeio o grupo e os vejo sorridentes e felizes, conversando, mas eles parecem não me ver, não me escutam...
Aprumando os olhos, faço uma breve conta... 1, 2, 3, 4, 5, 6.... 7. Sete no total. Não sete comigo, mais sete no total.
Há um outro garoto... E ele parece familiar... Olhando bem, eu vejo... Ele... Parece uma versão mais solta de mim mesmo. Os olhos são maiores e o cabelo parece mais brilhante; o corpo é mais desenvolvido e ele também. Conversa alto e ri de tudo, tocando bastante nos meninos, mas principalmente em Yoongi-hyung. E o hyung parece não se incomodar... Porque o toca de volta e... Ah, não. Não pode ser.
Der repente, os outros caras somem e só estão Yoongi-hyung e o falso eu. Eles estão perto, perto demais. Se olham muito. Yoongi-hyung fala algo, baixo, um sorriso encantador colore os lábios pequenos, daquele jeito único que, estranhamente, faz meu peito entrar em combustão. O falso eu se aproxima mais dele e prendo a respiração quando Yoongi-hyung o toca no rosto com uma das mãos.... A outra para em sua cintura e minha respiração fica descontrolada.
Me aproximo, gritando pelo nome do hyung, mas ele não em ouve. Seus olhos estão presos no outro e a cada instante, se aproxima mais.

Percebo meu peito apertar quando noto o ar trancado em minha garganta; a cena discorrendo diante de mim faz meu mundo ruir...
O hyung encara o outro com o que parece ser paixão, desejo, demonstrações emocionais que minha consciência insiste em dizer que deveriam ser feitas à mim, e não ao impostor. Yoongi-hyung se aproxima mais, rompe a linha tênue do espaço pessoal e então... Eu assisto seus lábios pequenos e rosados serem pressionados conta os do outro.Minha garganta arde com um grito que nunca saiu, meus olhos queimam com lágrimas que gradativamente, me abandonam. O palato salgado me atinge e tento apagar aquela visão, mas não consigo. Meus pés não se movem, não posso correr, não há para onde fugir.
Assisto os dois se amassarem e se apertarem, os toques que antes eram calmos, se tornam urgentes e selvagens. As mãos grandes do hyung o tocam de forma segura, libidinosa, e minha alma parece sangrar, por compreender que aquele em seus braços não sou eu... Mas... Porque estou aqui?

Porque isso me afeta tanto? O que está havendo comigo?
Não consigo entender..."


Hoseok acordara aturdido, assustado, o peito clamando por oxigênio, as entranhas retorcidas em um penar desconhecido; o gosto amargo na língua completava um quadro complexo que simplesmente não permitia compreensão lógica.

H•O•P•EOnde histórias criam vida. Descubra agora