chapter 01 ˚˙༓࿇༓˙˚˙

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A medida que Hinata guiava o elegante japonês, os dois iam se conhecendo melhor e, entre conversas acerca de como a monarquia era estressante e observações sob as pequenas passagens secretas do castelo, iam ficando mais confortáveis com a presença um do outro.
Chegado ao corredor que levava até o quarto onde Kageyama se acomodaria, Hinata se posiciona novamente a frente do garoto e o conduz em direção ao cômodo. Hinata fez sinal e o guarda que se posicionava ao lado da porta moveu-se e a abriu, depois voltou ao seu posto, Kageyama pensou em como ele se parecia com um boneco e quase não piscava. O mais baixo deu outro sinal, desta vez para que Kageyama entrasse.
- O que acha? Vai precisar dormir aqui durante algum tempo então espero que goste.
Kageyama passou os olhos pelo ambiente, era muito diferente do seu quarto em seu castelo. As paredes eram claras e as cortinas eram um cetim de tom vermelho vivo, havia um belo candelabro dourado pendurado no centro do quarto, o teto era alto. Nas paredes, Kageyama admirou os pequenos adereços pintados como ouro, haviam desenhos angelicais por toda a extensão do teto, tudo brilhava e passava um ar harmonioso. Tobio sentia como se houvesse entrado no Éden.
Ao não obter respostas, Shoyo assumiu que o garoto não tivesse odiado a decoração, julgando pelo sorriso singelo que Kageyama exibia em seus finos e rosados lábios. Por alguns segundos Hinata pegou-se pensando um pouco demais nisso, moveu seu olhar até os olhos do garoto, olhos azuis que passavam ao mesmo tempo um ar de superioridade e de tranquilidade, mas que por alguma razão pareciam ter um ponto a mais, uma profundidade que Shoyo não soube explicar. Por que diabos estava pensando naquilo afinal? Não importa, é só um rosto idiota, você está rodeado destes, pensou o garoto.

Já passava das nove da noite e ainda haviam monarcas, duques, viscondes, condes, entre outras pessoas importantes e ricas conversando e bebendo sob a grama recém podada do charmoso jardim real norueguês. O garoto já havia desistido de se entrosar com o principe do Japão a tempos, agora estava sentado em meio a corte real, em silêncio, enquanto todos papeavam e faziam comentários histéricos e eróticos em meio a uma conversa sobre guerra, o famoso efeito da bebida afetara os neurônios até dos governantes mais temidos, o que fazia Hinata dar risinhos aqui ou ali, mas nunca conseguia se meter na conversa e para piorar, seu melhor amigo, Yamaguchi, havia o deixado lá plantado e fugiu para flertar com um soldado de um país vizinho. Hinata quis vomitar ao ver a cena. Mas, de alguma forma, ele não odiava tanto assim situações como essa, na verdade ele até gostava de se sentir a parte do ambiente e admirar, de fora, todo o movimento em sua volta. Hinata passava o olhar pelo local, pelos homens que se sentavam nas pequenas rochas próximas ao laguinho de cisnes, as crianças correndo atrás de um cachorro que devia ser o dobro de seu tamanho, as damas que sorriam de lado quando um cavalheiro interessante as cortejava, as feições alegres se desfazendo quando algum convidado desastrado derrubada a bebida sobre um vestido caro, os vestidos estufados e os paletós pulando junto aos seus donos que dançavam de forma desajeitada. Eram detalhes que, para tantos, tão fúteis e que para o garoto eram justamente o que o fazia se sentir apaixonado pela vida, mesmo que por míseros segundos.
A linha de pensamento de Hinata foi pertubada por um toque sigelo em seu ombro, ao virar-se: Um Kageyama visivelmente perdido e por fora do ambiente em volta. O mais alto encurvou-se e se aproximou de Hinata, ficando perto o suficiente para que apenas ele pudesse o escutar.
- Hinata, digo, sua alteza real... Será que podemos sair daqui? Não consigo me acostumar com tantas pessoas assim - Kageyama deu uma breve pausa enquanto fitou o chão, pensando em quais palavras poderia usar a seguir - Eu... Acho que prefiro seu tour pelo castelo?
Hinata pode sentir seu coração acelerar por um momento, como se uma descarga de adrenalina acabara de percorrer seu corpo, ele não entendeu o porquê. Em um pulo, levantou da cadeira e pegou Kageyama pelo pulso e o puxou castelo adentro e quando notou os dois estavam perdidos dentre os corredores estreitos. Hinata virou a direita e então algumas esquerdas, direita de novo, estava tão desnorteado que, pela primeira vez na vida, não sabia aonde exatamente estava indo. Por alguma razão Kageyama havia tirado o mais velho do sério, não era irritação a palavra, era como um incômodo, o que Kageyama havia de tão especial para que Hinata se sentisse tão alvoroçado em sua presença? Por que seu peito parecia pesar e seu estômago se revertia em reação a uma simples proximidade? Kageyama nem havia feito nada demais e o ruivo se sentia zonzo como se tivesse sido mordido por quinze cobras. É claro que o álcool só aumentava toda a situação, Hinata já estava caótico o suficiente e as dezenas de cálices de vinho viradas foram apenas a cereja do bolo. Finalmente chegaram a algum lugar e Hinata pode se dar conta de ao menos um terço do que estava acontecendo, percebeu que havia conduzido o garoto dos lindos olhos azuis até a ala leste do castelo, onde eram predominantes salas usadas para reuniões e outras que a família real raramente frequentava, Shoyo puxou o outro mais uma vez, indo até uma das salinhas.
Ao entrar, Shoyo fechou a porta finalmente largou o pulso do outro, que parecia entorpecido, o pobrezinho estava sem entender nada. Os dois se dirigiram em silêncio até um sofázinho encapado com um tecido verde musgo cheio de flores vermelhas e rosas, os acabamentos eram de uma madeira escura. Aquela sala era, provavelmente, uma das únicas decoradas em tons mais pesados, as paredes eram pintadas com uma tinta verde acinzentada escura e haviam só algumas luminárias pequenas, com as lâmpadas já gastas, a sala toda era escura, não era exatamente agradável como o resto do castelo. E o fato de os dois estarem sentados lado a lado em silêncio só deixava tudo mais desconfortável ainda, Kageyama e Hinata acabavam trocando olhares sem querer vez ou outra, mas ninguém dizia nada. Kageyama estava confuso, ele tinha varias perguntas desde que o ruivo simplesmente o agarrou e correu com ele castelo acima, e agora, não dizia nada, enquanto a mente de Hinata estava totalmente vazia, ele mal conseguia processar o que acabara de fazer, precisava colocar seus pensamentos em ordem.
"Eu estava sentado admirando a festa, ele me chamou, ele chegou perto demais e cochichou no pé da minha orelha, então eu dei uma de doido e puxei ele pelo pulso até uma salinha escura e apertada, do outro lado do castelo." Hinata fazia uma pequena lista mental, agora ele tinha certeza de que o japonês devia estar o achando maluco.
- Desculpa? É... - Hinata estava com dificuldades para formar até a frase mais idiota que já falou - Desculpa, vossa alteza, eu te puxei até aqui como um louco! Oh alteza, me perdoe! - Não havia o que fazer, a bebida já controlara o garoto por completo. Ele se jogou dramaticamente sobre o colo do mais novo que o fitava com os olhos arregalados e as bochechas vermelhas. - Você sabia, futuro rei jamaicano, ou seja lá o que você é, que eu te acho o maior filhinho de papai e esnobe de todos? E que eu queria ter fugido dessa festa toda só pra não precisar dar de cara com você, mas agora você vai ficar aqui durante semanas! Que vida mais injusta, meu Deus você deve me detestar?! - Dizia ele olhando para cima como se esperasse algum tipo de resposta divina.
- Eu... Sinto muito? Eu acho...
- Não sente porcaria nenhuma! - O ruivo cortou ele - Você nem deve ir com a minha cara, antes de tudo. - Hinata fez um bico enorme como se alguém houvesse o ofendido terrivelmente.
- Olha, majestade, sinto lhe informar mas você está muito errado sobre a visão que tem de mim. - Kageyama entrou no jogo, estava achando tudo aquilo muito engraçado - Na verdade, eu te achei encantador assim que te vi, mas agora já não tenho tanta certeza se posso dizer isso.
- Do que você tá falando? Eu sou encantador, corta essa.
- Você agiu feito maluco minutos atrás, me assustei quando um príncipe e herdeiro do trono de um dos reinos aliados mais importantes do Japão simplesmente me puxou até uma salinha abandonada, longe de todo mundo, se você não tivesse me chamado de esnobe eu até desconfiaria das suas intenções comigo. - Kageyama disse dando alguns risinhos, Hinata estava boquiaberto.
Eles ficaram naquela posição enquanto trocavam provocações por horas, os dois estavam se divertindo tanto juntos que Hinata voltou a pensar que talvez ele devesse dar uma chance para o moreno, quem sabe eles se tornassem colegas, Shoyo precisava mesmo de aliados. De qualquer forma, os dois foram recuperando aos poucos a sobriedade e o sono ia caindo sobre os ombros dos dois herdeiros, que acabaram adormecendo ali mesmo, com Kageyama sentado desjeitosamente e Hinata deitado com sua cabeça apoiada no colo do mais novo.

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Agradecimentos finais!

Muito obrigado por ler até aqui, querido (a) leitor, espero de coração que esteja gostando. Não se esqueçam de comentar e votar! Até o próximo capítulo. ♡

Golden - Kagehina 🍰﹒*˚﹒Onde histórias criam vida. Descubra agora