Até que os dias não estavam passando tão miseravelmente devagar quanto Hinata pensou que passariam assim que recebeu a notícia de que alguns membros da corte japonesa iriam se instalar no gracioso castelo de Oslo por um tempo, o que não era algo de um todo ruim já que Hinata, a princípio, nem ao menos queria receber aquela visita.
Kageyama pensou ter conseguido se aproximar ao menos um pouco de Hinata desde a última conversa, no largo hall do castelo, por isso quando o mais baixo simplesmente ignorou-o em todos os dias seguintes Kageyama ficou genuinamente confuso. Acontece que o mais velho pensou em como aquela conversa idiota poderia prejudicá-lo mais tarde, o que tinha na cabeça ao sair contando sua vida a um garoto que pouco conhecia? Por isso Hinata tentou cortar aquela baboseira pela raiz afastando-se rapidamente do moreno, ser nem sequer dar explicações. Talvez dessa maneira o moreno se esquecesse da conversa ou fingisse também nunca ter dito nada, então tudo voltaria ao normal sem que nenhum dos dois saísse prejudicado. Esse era o plano de Hinata, mas, para ser honesto, ja era tarde demais para que ele pudesse ser efetuado. Ao contar algo íntimo como a morte de sua irmã mais velha e sua relação estranha com os pais para Hinata, Kageyama sentiu-se acolhido, como se tivesse feito pela primeira vez um amigo, o que não deixava de ser verdade. Tobio nunca foi bom em fazer amizades, fosse na escola ou na igreja ou em qualquer outro lugar, Kageyama nunca conseguia fazer-se parte de um grupo, parecia que nunca conseguia se encaixar entre os outros. Talvez pelo seu jeito tímido e acatado, além do título como principe, as outras crianças o vissem como um rico nariz empinado, então ninguém nunca chegava nele para dar um bom dia ou perguntar se ele estava bem e, por alguma razão, de acordo que as crianças iam crescendo e formando grupos, se você não estava dentro de nenhum, não havia mais como entrar, não havia mais jeito de se enturmar. Foi assim basicamente sua vida toda e apesar de ter conhecido alguém interessante aqui ou ali, nunca nada durou e Tobio nunca realmente criava laços com alguém.
Apesar de já estar parcialmente acostumado, o choque foi o mesmo. Kageyama não conseguia entender o motivo de o ruivo mal o olhar nos olhos de um dia para o outro, as coisas estavam indo tão bem, Kageyama pensou que eles estavam começando a se entender e de repente: Nada. Voltaram a estaca zero. Mas dessa vez ele não queria que as coisas acabassem do mesmo jeito de sempre, então, durante um almoço casual com a família real norueguesa, pediu licença e se levantou enquanto mandava um pequeno sinal para Hinata, que por sua parte pareceu não entender muito bem o que ele queria mas que queria algo. E então Kageyama se dirigiu até a pequena sala de danças que Hinata havia o apresentado um tempo atrás, ele lembra-se de ser o primeiro lugar para onde o mais baixo o levou aquele dia e de ter ficado encantado com todos os detalhes e enfeites na sala. Esperou ali por um tempo até que um certo ruivo chega no local esbaforido como se tivesse tido trabalho para encontrar o outro, Kageyama se virou em direção a ele dando um sorriso discreto.
- O que é? Você quer algo comigo? - Perguntou Hinata visivelmente curioso e ansioso por uma resposta enquanto ainda recuperava seu fôlego de correr de um lado para o outro no castelo tentando encontrar o moreno.
- Então de repente você está interessado em mim de novo? Sabe você me deixou bem confuso quando estava, em um dia, se aproximando de mim e, no outro, sem explicação alguma mal queria olhar em meu rosto. Me fez sentir como um tolo.
Hinata arqueou a sombrancelha, incrédulo.
- Escuta, nós não estávamos ficando próximos, muito menos éramos amigos. Trocamos algumas palavras hora ou outra porque eu precisava ser um anfitrião educado ao final das contas. Mas nada além. Por que está irritado? - Assim que Hinata terminou sua frase se deu conta de que talvez tivesse ido um pouco além, teve certeza ao ver a expressão de desapontamento do garoto em sua frente. Mas, apesar de tudo, Hinata não tinha nada a perder então simplesmente deixou a sala e nela um garoto deslocado. Aquilo tirou de Kageyama todas as dúvidas restantes e deixou bem claro de que amizade provavelmente não era seu forte e que o máximo que ele podia fazer agora era fingir que nada nunca aconteceu e passar o resto dos dias no castelo de forma neutra.Hinata estava ocupado demais com seus deveres reais para saber que a família japonesa já estava se preparando para deixar a fortaleza real, tanto que quando uma serviçal ainda mais baixa que ele entrou no pequeno quartinho de estudos no alto oeste do castelo para avisá-lo de que precisava se vestir as pressas para o último jantar com a corte parceira, Hinata deu um pulo tão forte na cadeira que toda a mesinha chacoalhou-se e seus livros cairam como porcaria, espatifando-se todos no chão e deixando a salinha um real caos, que Hinata não teve tempo de organizar naquele dia. Saiu correndo escadaria abaixo e, se ele pudesse, voaria castelo adentro até chegar ao seu quarto o quão antes possível. Faltavam três minutos no máximo para às sete e meia, quando o jantar começaria, e Hinata ainda estava apenas entrando no banho. Nunca vestiu-se tão de pressa e penteou seu cabelo como doido, não que tivesse adiantado de algo pois por conta da correria até a ala de jantar ao ar livre seus cachos ruivos já estavam todos bagunçados novamente.
Diminuiu a velocidade dos passos quando saiu pelas enormes portas de vidro que davam a enorme ala arejada, caminhou até a mesa onde os outros já se acomodavam e começavam o banquete e sentou na única cadeira vazia que restava, fingindo classe como se não estivesse atrasado a dez minutos. Todo o jantar ocorreu até que bem, Hinata e Kageyama permaneceram calados durante todo o tempo enquanto seus pais ficavam cada vez mais animados com a bebida. Kageyama acidentalmente olhou para Hinata ao mesmo tempo que o ruivo o fitou, pela milésima vez na noite, as trocas de olhares ficavam cada vez mais descaradas, os jovens não sabiam se estavam tomados por um sentimento de confusão ou, no fundo e talvez por conta da bebida, uma luxúria inexplicável. Hinata estava em dúvida se tinha vontade de arrebentar a carinha perfeita do moreno ou se tinha vontade de entregar-se ao outro e se jogar em seus braços, mesmo sem motivo nenhum para a segunda hipótese, mesmo que mal se conhecessem. O vinho deixava mesmo a cabeça do mais baixo bagunçada, era toda vez assim, e ele sabia que o dia em que conseguisse controlar o álcool todos os deuses iriam voltar a terra e ajoelhar-se sob seus pés. Não tão dramaticamente é claro, mas Shoyo pensava assim quando bebia muito, todos seus sentimentos misturavam-se e ele agia como se não houvesse amanhã. Foi por conta desse efeito que Shoyo levantou da mesa e acenou para que o mais novo o seguisse castelo adentro. Sua visão estava turva e confusa mas Hinata sabia que havia guiado Kageyama até a porcaria da salinha minúscula no alto do castelo que havia usado para estudar mais cedo e sabia que, lá dentro entre os livros e papéis espalhados por todo o canto, os dois deiraram-se lado a lado no chão gelado de madeira escura, e que bem ali, naquele lugar e momento confuso que pareciam passar como um clarão, o tempo parecia ser parado no segundo em que ele puxou Kageyama para perto de si e roubou-lhe um beijo, rápido e confuso, mas ainda assim bom. Os dois conversavam conversas que bêbado enquanto davam as mãos e, até mesmo, de vez em quando passeavam com os dedos pelo corpo alheio, sem maldade ou intenção alguma. Sentiam-se como crianças novamente e por fim, adormeceram ali mesmo, no chão que quando um se mexia rangia como nos contos de horror.
Hinata acordou no dia seguinte com uma fresta de luz batendo em seu rosto, ele ainda estava no quartinho, no chão e na mesma posição em que adormecera na noite passada, mas Kageyama já não estava mais lá.˚ °ᵕᵕᵕᵕ୨୧ᵕᵕᵕᵕ° ˚
Agradecimentos finais.Olá querido leitor, espero que esteja gostando. Eu adoraria se você compartilhasse, comentasse e votasse! Te vejo no próximo capítulo. Tome água e se cuide, tchau tchau. ♡
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Golden - Kagehina 🍰﹒*˚﹒
FanfictionHinata sempre imaginou o quanto os plebeus deviam o invejar por ter nascido como o herdeiro do trono, era compreensível que pensassem assim, porém Shoyo estava tão cansado de tudo no ambiente real. Era tudo tão entediante, sua vida havia se tornado...