E.3

219 23 22
                                    

Capítulo 3 - UMA CHAMA É O SUFICIENTE PARA DAR INÍCIO A UM INCÊNDIO.

New Hills, ESTADOS UNIDOS.

10 de fevereiro de 2020

O seu pai não estava pensando em comprá-la com uma Lamborghini preta, certo?

O apitar do carro na garagem demonstrava que sim, indicado por Diana que segurava a chave na direção do veículo, enquanto as portas eram erguidas lentamente para possibilitar a entrada no banco de motorista. Mesmo não sendo um dos melhores gestos de desculpa, o aceitou ainda assim.

Após um mês memorando de ligações não atendidas, devido a raiva que ficou de seus parentes em tê-la feito se mudar de cidade, James (seu pai) passou a ser um pouco mais bonzinho como forma de reconquistá-la.

Era nítido como as aulas estavam de volta apenas pelo aumento do movimento de carros na rua. Uma vez o qual os caminhos que agora Diana teria de seguir passavam em bairros nobres, era comum encontrar mais e mais automóveis luxuosos saindo de suas garagens praianas.

Certa vez, julgou viver a vida de um modo mais empolgante; mas, de repente, nem as colinas e suas curvas estonteantes, que deixariam qualquer pessoa desacostumada a elas completamente nervosas em cruzá-las, a fazia sentir um frio na barriga.

É como se o esverdeado da vegetação rica e os balanços do mar fossem incapazes de chamar sua atenção. Porém, estava em um novo colégio, vivendo uma nova vida.

A arquitetura greco-romana refinada indicava que tipos de pessoas frequentavam o local. O jardim da entrada estava perfeitamente arrumado com seus diversos arranjos florais.

— Eai Max, já pensando em matar o primeiro dia de aula? — Um garoto de cabelos longos até a altura dos ombros perguntou, abaixando a janela da BMW para implicar com a menina que subia os degraus para o interior.

— Esse ano eu vou ser uma aluna exemplar. – Parou para respondê-lo, ajeitando a bolsa rosada com a alça perolada, vestida como uma típica patricinha.

— Que nem em todos os outros? – Riu, antes de acelerar para não perder sua vaga, ignorando o gesto obsceno que foi feito em sua direção.

Todo mundo parecia um pouco mais simpático do que estava acostumada. Talvez, as coisas realmente pudessem ser diferentes ali.

É óbvio que já esperava os olhares direcionados para si a partir do momento que saísse do carro, só não foi capaz de negar que não esperava dos outros ao redor, a tentativa de se aproximarem ser tão direta.

— Você é aquela garota no Ano Novo, não é? Cara, os fotógrafos e jornalistas te pegaram de jeito lá, hein? Deveria ter xingado eles, mostrado o dedo do meio, uma vibe mais Kardashians e tal. – Max falou, virando-se em sua direção e esquecendo-se completamente de ir para a sala de aula.

Não é como se Diana quisesse ignorá-la, é só que sinceramente não sabia o que dizer.

— Sim... é... não sei. – A voz baixa entregava sua insegurança no novo ambiente.

— Meu nome é Max, mas não precisa dizer o seu, acho que todo mundo aqui já sabe. Deixa eu te apresentar a escola, pode ser?

E também, não é como se tivesse tido a opção de negá-la.

Adolescentes se beijavam sem ao menos tomar cuidado em acabarem acertando as costas nos armários avermelhados, enquanto outros mais introvertidos andavam olhando para baixo, evitando contato visual. Nada o qual a novata já não estivesse acostumada.

O grupo de futebol americano rodeou aquela que a acompanhava, todos eles com as mãos no bolso da jaqueta de time e sorrisos esbranquiçados atraentes e perigosos demais para Diana se deixar ser atentada. O ar condicionado favorecia o uso de roupas quentes, o que era uma vantagem tendo em consideração o clima subtropical da região.

— Você foi mais rápida que todo mundo junto. – O suposto capitão brincou com a mais alta, antes de se posicionar ao lado de Diana. – Meu nome é Sam, eu levei esses garotos para mais de dez torneios internacionais.

Ele indicou os outros que o rodeavam, os quais a cumprimentavam em seguida. Rezou silenciosamente para que seu sorriso tivesse sido o bastante para não a acharem metida, chata ou algo do tipo.

— Não é do tipo que fala muito, né?

— Não é bem isso. — Esclareceu o seu lado.

— Deixa comigo, eu sempre tenho o que dizer. – Max retirou um espelho do bolso para verificar o volume dos cabelos crespos e escuros, tentando deixá-lo ainda mais armado, sorrindo para Diana, que a observava. – Por exemplo, Sam é um galinha, não caia na dele.

— Qual é! Não precisava estragar minha imagem. – Resmungou, esbarrando no braço daquela que o dedurou.

— Ela ia acabar descobrindo mais cedo ou mais tarde. Outra coisa, Lívia, aquela loirinha ali dançando no meio do corredor para chamar pessoas novas para o clube de líderes de torcidas, é a capitã. Talvez ela seja um pouco antipática e tal, nada que vá te matar.

— Eu espero? – A mais baixa deixou claro estar incerta sobre o quão antipática ela seria, acabando por julgá-la pela aparência.

Lívia erguia os pompons azulados o mais alto que podia, sorrindo de forma confiante, interagindo com todos que estavam por perto. Quando seu olhar encontrou com o de Diana, ninguém tentou atenuar a arrogância que ela demonstrou.

— É, parece que alguém já te marcou. – Sam comentou, rindo. Os cachos abertos que pendiam de sua cabeça eram tão brilhantes que pareciam refletir as luzes do teto.

— Não se preocupe, qualquer coisa me chama, eu a coloco no lugar dela. – Max esbravejou.

— Bom, tô indo, o técnico quer ver se nós não afrouxamos nas férias. Te vejo no meu treino, Diana?

— Acho que sim?

— Óbvio que não, Diana terá coisas mais importantes para fazer do que olhar garotos suados gritando enquanto quase morrem fazendo flexões. – A companhia de Diana avisou. – Vamos, temos que pegar um bom lugar na sala.

O conjunto de saia e cropped nos tons branco e rosa da Chanel encaixaram perfeitamente com a estética de Max, mas pouco condizia a sua personalidade. De longe, não aparentava ser tão gentil e divertida. À medida que circulavam pelo ambiente, ela explicava um pouco das pessoas e do funcionamento da escola em si.

Particularmente, Diana pensou que ter aulas em auditórios era muito melhor do que salas organizadas em fileiras e carteiras pequenas demais. Quando adentraram o destino final, Diana não podia retirar os olhos da direção do garoto loiro sentado na carteira mais próxima do quadro.

— É, eu diria que você tem bom gosto, porém, sinto te desapontar. Dylan não é do tipo que podemos conquistar, apenas observar de longe e fantasiar beijá-lo. Ah, não estou dizendo que ele não goste de meninas, em pleno século 21, quem não gosta? Claro, não querendo ser homofóbica e invalidar homens homossexuais.

— O quê? Espera, você entendeu errado! Não é bem isso, é só que eu achei ele bonito, não pensei em ter nada além disso, não é grande coisa. – Suas bochechas coraram.

BAD GIRLS like GOOD BOYSOnde histórias criam vida. Descubra agora