CAPÍTULO TRÊS: FINALLE

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    Marc continuava acariciando a mão de Nathaniel com seus dedos. O ruivo tentava esconder o instinto de suspirar levemente a cada carícia do mais alto, que sorria sem conseguir esconder o contentamento que a situação lhe proporcionava. Marc queria colocar a cabeça de Nathaniel em seu ombro e abraçar o garoto, e nem mesmo o filme que tanto esperara para assistir estava lhe dando tanto ânimo quanto ter o mais velho ali, pertinho.
    Já Nate, tímido por conta da situação tão nova, olhava para baixo e tentava por a cabeça no lugar. Seria rápido demais se ele aceitasse o que sentia? Nas contas que acompanhava no twitter ou nos fóruns que lia na internet, pessoas como ele, de vez em quando, passavam por uma fase confusa, onde sentiam vergonha da atração que sentiam por outros garotos. Seria isso que estava sentindo?
    Marc não merecia alguém que sentisse vergonha dele. Era bem resolvido, confiante em relação a sua sexualidade, mas apenas sobre isso. Sua baixa estima o impedia de ver todas as qualidades que tinha, inclusive sua beleza incomum (já que para Nate, o moreno parecia uma escultura feita por grandes artistas renascentistas) ou seu talento para escrever ou ainda jogar futebol. Sua criatividade... Seus conselhos incríveis e a força que emanava para seus amigos quando os apoiava. Nathaniel não percebeu, mas estava encarando o garoto, agora levemente corado, por alguns minutos. Marc percebera, mas preferia fingir que estava prestando atenção no filme para não constranger Nate.
    No entanto, não aguentou e perguntou:
    - O que houve? Tem pipoca no meu cabelo?
    Nate piscou algumas vezes, sorrindo abobalhado.
    - Não! Eu só... Hmm...
    Sentiu o maior segurar sua mão com firmeza. Marc sorria, olhando fixamente em seus olhos. Nate pareceu perdido por alguns segundos, naquela imensidão esverdeada. Não notou que seu rosto se aproximava do de Marc lentamente. Era como uma força gravitacional que o impedia de sair de perto do moreno. Marc passou o olhar dos olhos azuis de Nate para sua boca, levemente rosada.
    E se...
    Nate entendeu o que iria acontecer. E sabia que tinha uma escolha a fazer: ou se deixava levar e cedia ao ímpeto de colar sua boca na de Anciel, ou se afastava e ambos prometeriam que aquele momento nunca aconteceu.
    Sabia também que, independente do que escolhesse, haveriam consequências em sua relação - se ambos estavam prestes a se beijar, provavelmente essa necessidade ocorreria outras vezes, era inegável. Marc provavelmente se afastaria de Nate por pensar que não era suficiente, ou pior, pela falsa impressão que passava de ser hétero, ou seja, incapaz de retribuir os sentimentos do amigo.
E, caso se beijassem... Nate não conseguia pensar em um cenário no qual isso não fosse se repetir. Na verdade, nem sequer queria pensar nisso. Apenas via para si um futuro no qual Marc Anciel seria completa e sinceramente seu.
    Marc foi quem tomou a atitude. Também estava em dúvida, pensando exatamente o mesmo que o ruivo, impedido apenas pela insegurança.
    E se Nathaniel não gostasse? E se ele fizesse algo errado?
    Há quanto tempo não beijava alguém... E até onde isso seria um problema naquela noite?
    No entanto, a proximidade de Nate, o provável sabor de seus chocolates favoritos se misturando na boca deles, e todos os pensamentos que já teve enquanto observava cada uma das manias do menor venceram as vozes na sua cabeça que diziam que seria uma atitude imprudente.
    Marc colou seus lábios nos de Nath, fazendo o mais velho suspirar em contentamento.
    Nath colocou a mão em sua nuca, o puxando para si. Marc fez o mesmo. As mãos livres de uniram, entrelaçando os dedos e ficando desta forma enquanto eles aproveitavam o que parecia ser o melhor momento de suas vidas.
    Nath se afastou primeiro, dando vários selinhos no garoto antes de se separar por completo. Marc permaneceu com os olhos fechados, como se não conseguisse processar que o que havia acontecido era real. Ele sorriu, aquele sorriso tão adorado pelo ruivo, que apertou sua mão lentamente.
     - Está tudo bem? - Nate perguntou, mordendo os lábios.
     - Bem? Eu... - Marc limpou a garganta. - Eu estou ótimo.
    Sorrindo, aliviado, Marc viu os olhos de Nathaniel passarem a brilhar de um modo encantador. Céus, por que demoraram tanto para fazer aquilo?
    O filme continuou a passar. Os outros jovens da sala aplaudiam a cada cena de ação, se divertiam com os efeitos especiais e vibravam com a vitória dos heróis que tanto amavam.
    Enquanto isso, Marc e Nate estavam em um mundo só deles. Era tudo o que importava naquele momento.
    Saber que enfim, um era do outro.
    E que o outro seria, finalmente, seu.

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